Folha de S. Paulo


FBI fecha site que movimentou US$ 1,2 bi com venda de drogas e indicia seu criador

O FBI fechou o Silk Road, site que vendia vários tipos de droga, e indiciou seu responsável, identificado como Ross William Ulbricht, 29, segundo o jornalista Brian Krebs, que publicou no Twitter nesta quarta-feira (2) o link para a acusação, movida no distrito sul de Nova York.

Segundo o FBI, o Silk Road movimentou US$ 1,2 bilhão entre fevereiro de 2011 e julho de 2013 com a comercialização de drogas como haxixe do Marrocos, cocaína da Holanda e cogumelos dos EUA, além de remédios controlados, equipamentos para hacking e espionagem, joias falsas e pacotes de conteúdo pornográfico.

Ulbricht, que mora em San Francisco, é acusado de conspiração para tráfico de narcóticos, invasão de computadores e lavagem de dinheiro.

O Silk Road ficava escondido na "deep web", a internet profunda, espaço da rede só acessível usando o Tor, um browser para navegação anônima.

Ao longo da investigação, que começou em novembro de 2011, policiais fizeram no site mais de cem compras de drogas, que foram enviadas para análise em Nova York.

Segundo o FBI, Ulbricht recebeu o equivalente a US$ 79,8 milhões na moeda virtual bitcoin em comissões de vendas feitas por meio do site.

Reprodução/Google+/Ross Ulbricht
Ross William Ulbricht, acusado pelo FBI de ser o responsável pelo site Silk Road
Ross William Ulbricht, acusado pelo FBI de ser o responsável pelo site Silk Road

A acusação relata ainda que Ulbricht contratou um matador de aluguel para assassinar um usuário chamado FriendlyChemist (químico amigável), que o havia chantageado por US$ 500 mil para não publicar a identidade de milhares de usuários do Silk Road.

Durante a negociação, o matador teria pedido US$ 150 mil ou US$ 300 mil, caso Ulbricht optasse por uma morte "limpa" ou "não limpa". Ele considerou o preço alto e respondeu ter contratado um assassino "há pouco tempo" por US$ 80 mil.

As partes teriam concordado com o valor final de US$ 150 mil. Segundo o acusação, Ulbricht pediu ao matador que enviasse a ele uma foto do usuário depois de morto, com números randômicos escritos em um papel.

"Recebi a foto e a deletei. Obrigado novamente pela sua ação rápida", escreveu o responsável do Silk Road ao assassino, de acordo com o documento.

O FBI, porém, não indiciou Ulbricht por assassinato por não ter encontrado evidências do crime.

Em seu perfil no LinkedIn, o responsável pelo Silk Road escreveu que estudou física na faculdade e que trabalhou por cinco anos como cientista pesquisador.

"Agora, meus objetivos mudaram. Quero usar a teoria econômica para abolir o uso de coação e agressão contra a humanidade... Estou criando uma simulação econômica para dar às pessoas uma experiência em primeira mão de como seria viver em um mundo sem o uso sistêmico da força."

Ulbricht usava o pseudônimo Dread Pirate Roberts, personagem do romance "A Princesa Prometida" (1973), de William Goldman. No livro, Roberts não é só um pirata, mas vários, que repassam a alcunha uns aos outros em uma sucessão criminosa.

Editoria de Arte/Folhapress

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