Folha de S. Paulo


Com 300 milhões de usuários, Skype completa 10 anos

Se David Huang tivesse deixado sua Taiwan natal para se radicar na Suécia há uma geração, teria ficado isolado da família. Hoje, graças ao Skype, pode se comunicar com os familiares com tanta facilidade como se vivessem em Estocolmo e não a meio mundo de distância.

"O Skype tornou o trabalho mais fácil e, mais importante que isso, me permitiu falar com a minha família quando dá vontade", diz o empresário de 35 anos.

O serviço de telefonia pela internet Skype, que celebrou seu décimo aniversário na quinta-feira (29), aproximou o mundo de uma forma muito significativa, com um alcance que muito poucos teriam previsto em 2003.

Um total de 300 milhões de usuários fazem 2 bilhões de minutos de videochamadas on-line diárias. Como demonstração mais clara de seu sucesso, a marca virou verbo na língua em inglesa ("to skype": ligar pelo Skype), uma rara distinção que compartilha com outro gigante, o Google.

Em outro sinal de seu sucesso, o Skype deu lugar a competidores com uma série de tecnologias similares, como o FaceTime da Apple.

Jonathan Nackstrand - 27.ago.13/AFP
Mulher se comunica com a família a distância usando Skype em Estocolmo; software completou 10 anos
Mulher se comunica com a família a distância usando Skype em Estocolmo; software completou 10 anos

Mas por mais revolucionária que possa parecer a tecnologia do Skype, ela não começou do zero, na verdade foi construída com base em tecnologias de comunicação já existentes.

"Já tínhamos chamadas internacionais baratas pela internet", disse Martin Geddes, consultor líder de telecomunicações com sede na Grã-Bretanha.

"A importância do Skype foi e é a experiência 'Wow!', de alta definição de voz, e a sensação de 'estar lá' com seus parentes e amigos distantes de uma forma que não era possível antes", adicionou.

O Skype começou a dar os primeiros passos no final de agosto de 2003 através de dois empreendedores escandinavos, o sueco Niklas Zennstroem e o dinamarquês Janus Friis, que expandiram as tecnologias de redes P2P existentes.

O Skype, que permite aos usuários na internet fazer ligações de alta qualidade de qualquer parte do mundo gratuitamente, decolou rapidamente, aproximando o mundo em uma época em que a globalização e as viagens intercontinentais separaram as famílias mais do que em qualquer outro momento da história.

"Fico comovido com a forma como as pessoas usam o Skype, de um soldado em serviço que vê seu bebê pela primeira vez às instâncias mais simples, extraordinariamente comuns", disse Elisa Steele, diretora de marketing do Skype.

Entre estes exemplos cotidianos, Steele destacou que "mãe e filha podem se ver e falar como se estivessem sentadas juntas na mesa da cozinha. Nosso maior feito consiste nestes momentos".

Mas o Skype não só ajuda pessoas que já se conhecem a manter contato, mas também permite conhecer gente nova.

Um exemplo aconteceu no começo deste ano, quando estudantes com idades entre 11 e 15 anos da Academia Woodham da Grã-Bretanha e da escola de ensino médio Merton de Wisconsin (norte dos EUA) organizaram um concurso de dança dos dois lados do Atlântico.

"Tinham visto filmes estrangeiros, mas realmente falar com estas crianças nos Estados Unidos foi absolutamente genial. Foi incrível", contou Jon Tait, professor de Woodham.

GANHOS MILIONÁRIOS

O Skype não é só para os seres humanos. No zoológico de Cameron Park em Waco, Texas, se os orangotangos Mei e Mukah executavam certas tarefas, recebiam como prêmio comunicar-se pelo Skype com orangotangos de outros zoológicos.

No entanto, muitos se perguntam se é possível ganhar dinheiro com um negócio que oferece ligações gratuitas. A fabricante de softwares americana Microsoft acredita que sim e por isso pagou US$ 8,5 bilhões pelo Skype em 2011.

Nos 12 meses encerrados em 30 de junho, a Divisão de Entretenimento da Microsoft, que inclui o Skype, reportou ganhos de US$ 848 milhões, um aumento de US$ 380 milhões com relação ao ano anterior.

Em uma única década, o Skype passou de ser nada a estar em todo lugar. Em uma época de rápidas transformações, poderia deixar de existir também em uma década? É difícil imaginar, segundo observadores.

"Não vai desaparecer. Isto vai ser usado e será instalado cada vez em mais dispositivos, videofones, dispositivos para a cozinha e tablets em armários de cozinha", disse Michael Gough, autor do livro "Skype Me".

"Posso imaginar, por exemplo, um cenário doméstico onde exista um tablet na cozinha, um Xbox conectado na sala de estar e a gente possa, literalmente, acompanhar uma videochamada por toda a casa. Realmente posso imaginar algo assim", afirmou.


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