Folha de S. Paulo


Start-up brasileira desenvolve tecnologia de transferência de dados por som

A start-up brasileira Kinetics desenvolveu uma tecnologia de transferência de dados por meio de uma característica comum a todo dispositivo móvel, seja ele de baixo custo ou de topo de linha: capacidade de emitir e de capturar sons.

Chamada Nearbytes, a ferramenta aproveita uma brecha no uso aquém do esperado da tecnologia NFC (comunicação de campo próximo, na sigla em inglês), que permite a "conversa" entre aparelhos próximos. Considerado por alguns o futuro das transações móveis, o NFC está presente em poucos celulares e ainda não decolou.

Tudo começou quando a Kinetics pensou em criar um álbum de figurinhas digital. Marcelo Ramos, 45, diretor de operações da empresa, lembra que a equipe tentava decidir como seria realizada a troca dos "cromos".

As limitações envolviam as tecnologias atuais mais conhecidas. "Bluetooth? Um iPhone nunca iria parear com um Android", pensou Ramos. Pela internet? Não. Os usuários poderiam ficar sem conectividade. O NFC, claro, também foi descartado.

Mas e se desse por som? "Descobrimos que isso era viável, e que haveria muito mais aplicações do que um álbum de figurinhas", conta. "Aliás, ele não saiu até hoje."

Editoria de Arte/Folhapress

Funciona assim: por meio de um aplicativo que use o Nearbytes, o emissor codifica os dados que devem ser enviados e os reproduz como ondas sonoras de alta frequência pelo alto-falante.

Com o microfone, o receptor, por sua vez, interpreta o som do outro dispositivo --mesmo que haja uma turbina de avião ligada por perto, afirma Ramos-- e o converte de volta em dados.

A velocidade da transmissão gira em torno de 0,8 kbps, e os usuários podem ouvir o barulho da operação. A distância entre os dispositivos precisa ser de, no máximo, dez centímetros.

Para demonstrar o Nearbytes, a Kinetics criou o S-Contact, app de troca de cartões pessoais e profissionais, disponível para Android e iOS.

A tecnologia, no entanto, pode ir além, e servir para realizar transações financeiras pelo celular e, quem sabe, substituir o NFC.

Ramos diz acreditar fortemente nessa possibilidade. Segundo ele, primeiro porque o Nearbytes é mais "democrático": funciona com qualquer aparelho. Além disso, usa "informações descartáveis", que não podem ser reutilizadas depois de lidas, o que poderia evitar fraudes.

Divulgação
Marcelo Ramos, 45, diretor de operações da Kinetics, exibe exemplos de dispositivos em que o Nearbytes pode funcionar
Marcelo Ramos, 45, diretor de operações da Kinetics, exibe exemplos de dispositivos em que o Nearbytes pode funcionar

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