Folha de S. Paulo


Análise: Super-resolução impressiona, mas conteúdo ainda é escasso

Quando as TVs de alta definição chegaram ao mercado, fabricantes e emissoras de TV, como NHK, do Japão, e BBC, do Reino Unido, avançaram no desenvolvimento do próximo padrão para resolução de imagem.

O 4K, ou ultra-alta definição (Ultra HD), como a indústria chama as televisões com resolução quatro vezes superior ao atual padrão Full HD, já é realidade no mundo.

ESPECIAL SMART TVS

Aparelhos com tela Ultra HD estão à disposição de telespectadores com dinheiro no bolso e paixão por TVs. No Brasil, há dois modelos disponíveis. Um da LG e outro da Sony, ambos com tela de 84 polegadas. O primeiro sai por R$ 45 mil; o segundo custa R$ 100 mil.

Nos EUA, a Sony oferece outros modelos, de 50 e 65 polegadas. O mais em conta sai por US$ 5 mil (pouco mais de R$ 10 mil, sem os impostos).

MODELO DA LG

A Folha testou a TV 84LM9600, da LG, modelo de LCD com tela de 84 polegadas com ultra-alta resolução.

A tela do aparelho tem 3.840 pixels x 2.160 pixels, ou aproximadamente 8,2 milhões de pixels --quatro vezes mais que uma tela no padrão Full HD.

Com dois metros e meio de comprimento, o aparelho reproduz imagens em 3D, conecta-se à internet por wi-fi e tem acesso à plataforma de smart TV da empresa.

Como o conteúdo em Ultra HD ainda é raro, quase inexistente, o único material genuinamente capturado no formato a que tivemos acesso foram vídeos de demonstração, armazenados em um PC turbinado conectado à TV por um cabo HDMI.

A experiência é semelhante à de trocar a imagem de um televisor de tubo pela de um modelo de alta definição.

Nos vídeos em Ultra HD, não dá para notar os pixels na tela do televisor. A sensação é bem próxima à de visualizar a cena "ao vivo", como quem olha por uma janela.

Questões como brilho, contraste e cores se destacam muito além da atual geração de TVs Full HD. O uso de câmeras e lentes mais sofisticadas usadas no registro do material produzem cenas com profundidade de campo tão eficiente que é fácil dispensar os incômodos óculos 3D.

Para justificar a compra de uma TV Ultra HD em um momento em que não há conteúdo disponível, o aparelho da LG conta com o recurso upscaling, que adapta vídeos com resoluções inferiores para exibição com qualidade mais adequada.

O recurso tenta minimizar a perda de definição, mas a granulação das imagens é evidente. Principalmente se você tiver acabado de assistir a vídeos em Ultra HD.

A TV tem portas USB para reprodução de conteúdo multimídia. Na reprodução de vídeos em Full HD mais "pesados", dá para notar leves engasgos na fluidez dos filmes.

O detalhe indica que o aparelho não deve ser capaz de reproduzir vídeos em Ultra HD pela porta USB. Isso se você encontrar um vídeo em Ultra HD dando sopa por aí.

A qualidade de som do aparelho é excelente, o que torna desnecessária a adição de um home theater.

Agora falta que a indústria encontre ferramentas que permitam transmitir conteúdo em ultra-alta definição aos consumidores.

Cada minuto de um vídeo em Ultra HD pode consumir 40 Gbytes, mesmo com compressão digital.

A menos que você seja amigão de alguns diretores de cinema, investir em uma TV Ultra HD atualmente é mais ostentação do que de fato prazer.


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