Folha de S. Paulo


A favor do Google Glass: Avanço tecnológico é inevitável

Uma das formas mais comuns de se imaginar uma nova tecnologia é por meio de obras ficcionais. O filme "Minory Report - A Nova Lei", de 2002, cabe perfeitamente nesse caso.

O protagonista habita um mundo no qual uma tecnologia permite prever crimes antes que eles sejam cometidos.

Em 2054, o ano do filme, cidadãos são expostos a publicidade personalizada a partir de uma rápida leitura de retina, e telas digitais são manipuladas por gestos com as mãos e braços. O que era algo esperado para 52 anos depois do lançamento do filme (ou 41 anos a partir de hoje) está mais próximo do que imaginamos.

Em 2013, estamos expostos a um constante evoluir tecnológico que, embora seja rápido demais (ou desnecessário) para alguns, inevitavelmente molda o percurso que a humanidade trilha, bem como suas referências culturais e temporais.

Embora "outdoors" (ainda) não sejam capazes de realizar leituras óticas e gerar a propaganda apropriada, já contamos com o Google Glass, que não é muito diferente da tecnologia que outras obras ficcionais previram.

Se smartphones têm substituído desktops, existe a possibilidade de as câmeras digitais e filmadoras de pequeno porte serem trocadas.

Afinal, com o Google Glass será possível gravar qualquer cena a qualquer momento (desde que seja possível acionar os óculos), tirar fotos, enviá-las logo em seguida para seu perfil no Facebook, pesquisar informações ou começar um bate-papo.

Em suma, os avanços tecnológicos são inevitáveis e dizem respeito diretamente à curiosidade e desejo de experimentação do ser humano. Inclusive, costuma-se dizer que algo apenas é considerado como tecnologia se surgiu após o nascimento de um determinado indivíduo.

Poucos são os que encaram água encanada ou um simples lápis como emblemas da tecnologia, mas o que era uma inovação há séculos, hoje é só um elemento do cotidiano.

Tendo isso em mente, é natural que possamos temer algumas questões. Por isso, sempre devemos atentar para os rumos que os avanços tecnológicos indicam, mas lembrando que direcionar ou filtrar o uso de uma determinada tecnologia é muito mais eficaz que proibi-la.

ARTHUR PROTASIO é coordenador do do CTS Game Studies (Centro de Tecnologia e Sociedade) da FGV-RJ


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