Folha de S. Paulo


Fim do Google Reader põe a internet em rebuliço

Noite passada, encontrei um grupo de amigos para jantar em San Francisco depois do trabalho. Assim que sentei junto à mesa, duas das minhas companhias de jantar perguntaram em uníssono, com os olhos esbugalhados na cara: "você ouviu as notícias?"

"Sim", repliquei, enquanto me punha na cadeira e desenrolava meu guardanapo. "Escolheram o novo papa, da América Latina."

"Não, não isso", eles responderam. "O Google está encerrando o Google Reader em 1º de julho." O jantar tornou-se, então, uma torrente de informações acerca do caos que se seguiu no meio on-line como resultado disso.

Folhapress
Alerta que está sendo exibido pelo Google aos usuários do Reader, agregador de notícias usando o protocolo RSS que será finalizado em 1º de julho deste ano
Alerta exibido pelo Google aos usuários do Reader, agregador de notícias usando que será finalizado em 1º de julho

Meus amigos não estão apenas chateados com a decisão do Google de eliminar o Reader, o serviço da companhia para visualizar blogs por meio do feed RSS.

As pessoas se dirigiram ao Twitter para achincalhar no Google pela sua decisão e também perguntar às outras sobre leitores de feed RSS alternativos. Blogs entraram como participantes, notando que a companhia estava cometendo um erro.

Alguns sites que contavam com o Google Reader para seus próprios produtos, incluindo o FeedDemon, davam a impressão de estarem perto de se debulhar em lágrimas após a decisão. E o meme de Hitler, que usualmente circula on-line durante tempos obtusos, também apareceu em um vídeo sobre o fechamento.

Vídeo

Fãs injuriados do Google Reader colocaram juntos uma petição no site Change.org a fim de manter o leitor RSS no ar e, em poucas horas, ela já angariava 50 mil assinaturas.

"Ele ainda é uma parte essencial do meu uso de internet", escreveu Dan Lewis, um fã ávido do Google Reader, em uma petição. "E dos muitos, muitos outros que assinaram abaixo. Nossa confiança nos outros produtos do Google --Gmail, YouTube, e sim, até mesmo o Google+ -- exige que nós confiemos em você por respeito a como e por que nós usamos seus demais produtos."

Alguns defenderam a decisão. Dave Winer, uma das pessoas por trás da invenção do RSS, disse que já vai tarde em um post no blog do seu site. Mas Winer notou que ele foi uma exceção assim que notou, mais tarde, que o seu post atraiu "alguns comentários bem doentios" que o forçaram a deletar a publicação.

Num post no blog oficial da companhia, o Google disse que estava tirando o serviço do ar porque "o uso do Google Reader havia caído, e enquanto companhia nós gastamos todas as nossas energias em menos produtos".

O serviço vem sendo o líder nos leitores de RSS por algum tempo, e usuários parecem chateados porque há poucos competidores RSS, enquanto há cada vez mais novos tipos de produtos aglutinadores de notícias, como o Flipboard e o Pulse.

Uma teoria é a de que o Google está tentando empurrar os consumidores para o Google+, sua rede social, onde usuários podem rastrear páginas de produtos para diferentes tipos de mercados de notícias.

Agora, as pessoas estarão na rua da amargura dos leitores de notícias no dia 1º. de julho --e há poucos lugares para elas irem.

Como notou o BuzzFeed usando dados da rede própria -um grupo de sites que coletivamente tem mais de 300 milhões de usuários-o Google Reader ainda remete uma considerável parcela de tráfego para estes sites. O Google+, rede social da companhia, não.

Tradução de MARINA LANG


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