Folha de S. Paulo


Análise: Perícia criminal no mundo todo é mais complicada do que mostra a TV

Seriados de TV que mostram como crimes são investigados apresentaram ao público as perícias criminais e glamorizaram os peritos.

Nessas séries, todos os casos são solucionados pela perícia, que é chamada por alguns especialistas de a "rainha das provas". É como se qualquer crime, desde o furto do estepe de um carro até uma chacina, pudesse ser esclarecido a partir dela.

Em um mundo ideal, isso até poderia ser verdade. Na realidade, porém, está longe de acontecer. Faltam estrutura e profissionais bem treinados no mundo inteiro.

Em 2011, em uma visita a São Paulo, o detetive norte-americano Joseph Blozis, que já foi perito criminal da polícia de Nova York, disse que o "CSI" da TV é pura fantasia, e o mundo real é bem mais complicado mesmo por lá.

No Brasil, levantamento feito pelo Ministério da Justiça divulgado na semana passada mostra que a situação não é nada animadora. Aqui, são os Estados e o Distrito Federal os responsáveis por criar e estruturar os Institutos de Criminalística, órgãos responsáveis pelas perícias.

Interessado em fazer um diagnóstico sobre o setor, o governo federal mostrou estar chocado com o resultado. Das 27 unidades da federação, apenas 11 têm equipamentos para reconhecimento facial, em seis não há laboratórios de DNA e em outros seis não é possível fazer exames toxicológicos -análise fundamental para detectar o uso de drogas ou veneno.

Esse levantamento do ministério não avalia a situação das pesquisas sobre perícias. Apenas pincela outra informação que chama a atenção: a maioria dos profissionais que passou por cursos de atualização ou capacitação são chefes. Quem está na linha diferente, com a mão na massa, nem sempre é treinado.

Assim, um laboratório focado na pesquisa forense cria uma expectativa de melhora no cenário. Se o que está planejado for entregue, haverá um considerável avanço.

Por enquanto, o glamour fica só para a telinha.


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