Folha de S. Paulo


Apple trabalha em relógio de pulso inteligente, dizem rumores

A Apple já revolucionou dois setores: o de música e o de computação. Agora que a empresa está supostamente tentando redefinir o relógio de pulso, a nova etapa da revolução parece estar à vista: bem-vindos à era da "tecnologia vestível".

O novo aparelho da Apple, apelidado de iWatch, que a empresa como sempre não está comentando, vem causando frenéticas especulações no mundo da tecnologia.

A Apple supostamente tem cem funcionários trabalhando no aparelho, que aproveitará recentes desenvolvimentos tecnológicos tais como o vidro curvo de alta tecnologia, sensores mais baratos e software melhor para reconhecimento de voz.

O que o iWatch fará? Monitorará a saúde de quem o use? Funcionará como cartão de crédito? Será um GPS de pulso? Terá canhão laser e sistema de teletransporte?

Teremos de esperar para ver, mas, se isso é tudo o que ele fará, bastaria prender um iPhone no pulso. A Apple tem um histórico de criar surpresas, e o iWatch seria seu primeiro grande produto desde a morte do fundador Steve Jobs.

A companhia vai querer fazer sucesso. Especialmente porque o rival Google já está testando o Google Glass, óculos conectados à internet. Amazon, Microsoft e Facebook também têm planos para o segmento.

A Pebble obteve US$ 10,26 milhões em capital do site de financiamento coletivo Kickstarter, no ano passado. Seu relógio se conecta a celulares iPhone e Android e permite que o usuário saiba quem está telefonando, receba mensagens de texto e leia e-mails.

A Nike obteve grande sucesso com a pulseira Fuel, que monitora a atividade do usuário e serve como sucedâneo de treinador pessoal.

CARA DE NERD

Sonny Vu, cofundador da empresa de vestíveis Misfit Wearables, diz que a tecnologia parece destinada a ganhar o mercado. "Ela ainda tem limitações. E boa parte dos aparelhos não parecem assim tão vestíveis. O Google Glass tem uma cara tão nerd", diz. Mas, ainda que os aparelhos sejam feios, Vu prevê que este ano verá um grande salto para essa tecnologia.

"Estamos caminhando para um mundo no qual a tecnologia interagirá conosco --não estaremos mais contemplando telas. A tecnologia vai nos sugerir coisas. Talvez sair para uma caminhada, ou um lembrete de que você precisa comprar comida", diz.

Há apps que identificarão ataques cardíacos e derrames --os vestíveis em breve poderá propiciar um médico pessoal a cada usuário.

Em meio ao entusiasmo, cresce a preocupação dos defensores da privacidade. Beth Givens, diretora da organização Privacy Rights Clearing House, alerta que as pessoas precisam adotar essa tecnologia com cuidado.

"Há a questão do uso secundário de dados. Quem mais terá acesso a isso? Empregadores? Seguradoras?"

E isso é só o começo. O Google Glass poderia registrar todos os movimentos de seus usuários.

Nos últimos anos, a Apple e seus rivais transferiram seu campo de batalha das mesas para os bolsos. O novo campo de batalha será o corpo, e a tecnologia vestível será como a armadura do século 21.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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