Folha de S. Paulo


Site Silk Road usa moeda virtual que protege identidade de doador

Uma moeda que oscilou de R$ 0,60 a R$ 60 em menos de dois anos. Assim pode ser definido o Bitcoin, unidade monetária que existe só na web e é usada no Silk Road porque, em tese, é anônima.

Criado por Satoshi Nakamoto, pseudônimo de uma pessoa (ou de um grupo), o mercado de Bitcoins começou a operar em janeiro de 2009.

A ideia não é vinculada à venda de produtos ilegais. Sites como o WikiLeaks, por exemplo, recebem doações por meio de Bitcoins para proteger o anonimato de doadores. Por meio de sites especializados, é possível trocar Bitcoins por dinheiro real e vice-versa. Um Bitcoin hoje vale R$ 52,76.

Cada usuário pode ter uma ou várias "carteiras", que têm um número único e funcionam de modo análogo a uma conta bancária. Para abrir uma carteira Bitcoin não é preciso se identificar, nem mesmo com um e-mail.

O mercado de Bitcoins é um sistema peer-to-peer ("pessoa-a-pessoa"): não possui intermediários e é descentralizado. Por isso, não há uma instituição que controle todo o histórico de transações, papel que o Banco Central desempenha no Brasil.

Desse modo, todos os usuários têm acesso à lista das transações realizadas, como forma de chancelá-las.

O caráter pulverizado do sistema dificulta o combate a fraudes. A conclusão é de Fergan Reid, pesquisador da Universidade de Dublin (Irlanda) que, em março passado, concluiu estudo sobre a segurança do sistema de Bitcoins.

"Se um usuário é passado para trás, não há uma autoridade central a quem ele possa recorrer", diz Reid, em entrevista à Folha por e-mail.

O mecanismo de funcionamento permite ainda que haja cruzamento de dados, quebrando o anonimato das carteiras e revelando quem está por trás delas. "Diria que provavelmente é possível fazer algum cruzamento entre dados do Silk Road e dados públicos de Bitcoin", afirma.

"Mas é impossível dizer quão longe esse rastreamento chegaria sem fazê-lo. Depende do nível de cuidado que dos usuários do site."

Hoje, segundo Reid, há cerca de 11 milhões de Bitcoins em circulação --o equivalente a R$ 580 milhões.

Editoria de Arte/Folhapress
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