Folha de S. Paulo


A Apple precisa de um iPhone mais barato?

No mês passado, foram divulgadas reportagens que diziam que a Apple está trabalhando em um iPhone menor e mais barato. Mas os últimos números de venda não dão a entender que a Apple precise criá-lo.

A Apple divulgou seu último relato trimestral ontem, relativo aos últimos outubro, novembro e dezembro. Enquanto seu faturamento teve alta de 18% em relação ao período correspondente de 2011, o lucro se manteve em US$ 13,1 bilhões. O iPhone teve 47,8 milhões de unidades vendidas, ante 37 milhões do ano anterior.

Analistas prestaram muita atenção em um detalhe sobre o iPhone: seu preço médio global. A teoria diz que se tal valor pendesse para baixo, isso indicaria que os iPhones mais velhos estivessem vendendo mais do que o último, o iPhone 5. Isso indicaria, em consequência, que a Apple teria o dever de vender um iPhone mais barato e talvez menor, direcionado ao espectro mais baixo de renda dos consumidores.

Mas o preço médio de venda do iPhone, no último trimestre, foi de US$ 641 (cerca de R$ 1.305).

Isso sugere que o iPhone 5, que custa desbloqueado US$ 650 nos EUA, foi responsável pela ampla maioria das vendas de iPhones. Tero Kuittinen, um analista do mercado de dispositivos móveis e vice-presidente da Alekstra, companhia que ajuda as pessoas a gerenciarem suas contas de celular, diz que o iPhone 5 não pode ter sido responsável por menos de 70% das vendas de smartphones da Apple no último trimestre, baseando-se no preço médio de venda.

Timothy D. Cook, executivo-chefe da Apple, não exporia a informação sobre quantos iPhones 5 foram vendidos, especificamente. Mas ele disse a analistas que a proporção de iPhones 5 vendidos, ante todos os modelos anteriores, é similar à de iPhones 4S ante seus antecessores. O iPhone 4S foi o aparelho da Apple mais vendido no ano passado, o que significa que o iPhone 5 é provavelmente o atual "best-seller".

NECESSIDADE

Portanto, um iPhone mais barato é necessário?

Um iPhone mais barato seria, muito provavelmente, bem-sucedido em mercados emergentes, cujos habitantes dispõem de menor renda disponível. Mas Cook lembrou que o país em que o iPhone apresentou seu maior crescimento em vendas foi a China --na "casa dos três dígitos".

"Isso quer dizer que o iPhone barato não é necessariamente uma necessidade", disse Kuittinen.

Durante a conferência em que apresentou seus resultados, um analista perguntou o que faria a Apple para defender sua participação de mercado. Cook não disse de qualquer maneira que um iPhone mais barato estaria entre suas cartas.

"A coisa mais importante para a Apple é criar os melhores produtos do mundo", disse Cook. "Não estamos interessados em faturar por faturar. Poderíamos colocar a marca Apple em uma infinidade de coisas e vendê-las todas. Só queremos ter os melhores produtos. Fomos capazes de construir uma participação de mercado e uma boa experiência com o iPod ao criar diferentes produtos em diferentes faixas de preço. Eu não veria, como alguns, esses produtos como mutuamente exclusivos."


Endereço da página:

Links no texto: