Os cubículos, cobertos por chapas metálicas, estão enferrujados aqui e ali. Parte deles está coberta por lonas e enfeitada com cadeiras de plástico e lâmpadas fluorescentes. A eletricidade chega por fios dependurados no ar, que cruzam estradas de terra por onde o asfalto nem sequer cogitou passar.
Há pouco nestas fotografias que distingua esse campo de refugiados de tantos outros esparramados pelo Oriente Médio. Mas a história - e parte do sofrimento - está em seus detalhes. Nas cruzes fixadas nas fachadas, por exemplo, ou no adesivo na janela, retratando um Papai Noel.
Esses refugiados fugiram, nos últimos anos, não apenas do conflito de fundo entre o Exército iraquiano e diversas facções radicais, mas também de uma perseguição específica motivada por sua religião.
Considerados descrentes pela organização terrorista Estado Islâmico, cristãos são por vezes forçados a uma série de escolhas ruins: a conversão, a decapitação ou a fuga.
A fuga é a escolha de multidões nesta região. As Nações Unidas estimou em um relatório de janeiro que 5,7 milhões de pessoas estão refugiadas ou deslocadas internamente no Iraque, espalhadas pelos desertos do país. É o equivalente a toda a população da Dinamarca - dormindo em tendas precárias e sobrevivendo a partir da ajuda humanitária sob a constante ameaça das bombas.
Esse número deve crescer nos próximos meses, alimentado pelas operações militares do Exército iraquiano em Mossul, com o apoio dos EUA. Há uma guerra em curso para retomar essa cidade, conquistada pela organização Estado Islâmico em junho de 2014. Mais de 144 mil pessoas já foram deslocadas pelos embates nesses entornos. A previsão é de que a cifra beire o 1,5 milhão.
Uma grande parte dos refugiados e deslocados deixaram seus lares devido à perseguição étnica ou religiosa. É o caso dos yazidis, uma minoria que celebra o anjo-caído Tawus - razão pela qual extremistas lhes acusam de práticas satânicas. É a situação vivida também por diversas comunidades cristãs, cujos tempos foram destruídos por facções radicais, como o Estado Islâmico.
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NÚMERO DE REFUGIADOS NA REGIÃO DEVE CRESCER
POR DIOGO BERCITO
Os cubículos, cobertos por chapas metálicas, estão enferrujados aqui e ali. Parte deles está coberta por lonas e enfeitada com cadeiras de plástico e lâmpadas fluorescentes. A eletricidade chega por fios dependurados no ar, que cruzam estradas de terra por onde o asfalto nem sequer cogitou passar.
Há pouco nestas fotografias que distingua esse campo de refugiados de tantos outros esparramados pelo Oriente Médio. Mas a história - e parte do sofrimento - está em seus detalhes. Nas cruzes fixadas nas fachadas, por exemplo, ou no adesivo na janela, retratando um Papai Noel.
Esses refugiados fugiram, nos últimos anos, não apenas do conflito de fundo entre o Exército iraquiano e diversas facções radicais, mas também de uma perseguição específica motivada por sua religião.
Considerados descrentes pela organização terrorista Estado Islâmico, cristãos são por vezes forçados a uma série de escolhas ruins: a conversão, a decapitação ou a fuga.
A fuga é a escolha de multidões nesta região. As Nações Unidas estimou em um relatório de janeiro que 5,7 milhões de pessoas estão refugiadas ou deslocadas internamente no Iraque, espalhadas pelos desertos do país. É o equivalente a toda a população da Dinamarca - dormindo em tendas precárias e sobrevivendo a partir da ajuda humanitária sob a constante ameaça das bombas.
Esse número deve crescer nos próximos meses, alimentado pelas operações militares do Exército iraquiano em Mossul, com o apoio dos EUA. Há uma guerra em curso para retomar essa cidade, conquistada pela organização Estado Islâmico em junho de 2014. Mais de 144 mil pessoas já foram deslocadas pelos embates nesses entornos. A previsão é de que a cifra beire o 1,5 milhão.
Uma grande parte dos refugiados e deslocados deixaram seus lares devido à perseguição étnica ou religiosa. É o caso dos yazidis, uma minoria que celebra o anjo-caído Tawus – razão pela qual extremistas lhes acusam de práticas satânicas. É a situação vivida também por diversas comunidades cristãs, cujos tempos foram destruídos por facções radicais, como o Estado Islâmico.