Folha de S. Paulo


Musa brasileira da série "Homeland" fala sobre filmar grávida

Morena Baccarin, 34, me cumprimenta com dois beijinhos. Sinal de que a atriz de Hollywood e carioca de Botafogo não está assim tão americanizada –nos Estados Unidos, a regra é um aperto de mão.

Ela vive desde os dez anos nos EUA. Na última década, fez várias participações na TV americana, após uma breve carreira no teatro. Em 2009, virou protagonista da série "V", em que interpretou uma alienígena do mal. E, na sequência, emplacou papel na série "Homeland", que lhe valeu sua primeira indicação ao Emmy (perdeu para Anna Gunn, da série "Breaking Bad").

Grávida do primeiro filho e no nono mês de gestação, Morena, casada com o diretor americano Austin Chick, pede para a reportagem não divulgar o sexo do bebê, que deixa escapar sem querer, e diz que vai escolher o nome só depois que nascer. "Vou falar português para a criança aprender a língua. Mas vai ser difícil porque só falo com minha mãe no telefone", diz, num levíssimo carioquês.

Em "Homeland", ela é Jessica Brody, mãe de dois adolescentes e mulher de Nicholas Brody (Damian Lewis), um soldado que volta para casa depois de anos desaparecido na guerra e que virou muçulmano e terrorista. Nos primeiros episódios da nova temporada ele nem aparece, está foragido, e Jessica tenta levar a vida adiante. "Ela está em depressão, sozinha, procurando emprego."

A protagonista da série é Carrie Mathison (Claire Danes), uma agente da CIA que sofre de transtorno bipolar e vira amante de Brody. Inimigas no seriado, Claire e Morena são melhores amigas fora do set. As duas estudaram na mesma turma do colégio, em Nova York.

"Filmamos durante meses seguidos sem família, sem marido. Passamos muito tempo juntas, cozinhando e procurando antiguidades pela cidade", conta, sobre Claire, que também passou as filmagens da temporada anterior grávida. Ambas tiveram as barrigas "apagadas" por efeitos especiais.

Filha da atriz Vera Setta ("O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão", de 1977), Morena se mudou para os EUA porque o pai, o jornalista Fernando Baccarin, foi transferido para Nova York.

Aos 16 anos, decidiu ser atriz e entrou para a Juilliard School, um dos conservatórios de artes cênicas mais respeitados do mundo. "Diziam que era impossível entrar, tive sorte", conta, relaxada, num vestido largo azul com estampas de passarinho e unhas pretas descascadas.

Seis meses após a graduação, foi atriz substituta de Natalie Portman na peça "A Gaivota", na qual teve a chance de atuar, num ensaio geral, ao lado de Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Kevin Kline. "No fim, Meryl pegou meu rosto e falou: 'Tem uma nova piada aqui entre a gente: Não fique doente porque seu substituto é melhor que você'. Morri de orgulho, de alegria", diz.

A atriz já foi convidada várias vezes para fazer TV no Brasil, como na novela "Belíssima", mas recusou. Volta uma vez por ano para visitar a família, mas não pretende morar no país.

"Quando chego ao Brasil, uma parte minha acorda. Mas não me sinto completamente brasileira. Tem coisas com que não me acostumo mais, como burocracias e tal", diz. "Mas também não me sinto completamente americana. Tem uma parte de mim faltando."

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