Folha de S. Paulo


Fotógrafo Miguel Rio Branco abre seu acervo para Serafina

Miguel Rio Branco é fotógrafo, artista plástico e diretor de fotografia. Nasceu na Espanha, em 1946, filho de um diplomata brasileiro em serviço. Sua obra pertence a importantes acervos públicos e privados no Brasil e no exterior. E é o único fotógrafo brasileiro que participa da agência de fotografia Magnum, a mais prestigiada do mundo, fundada por Cartier-Bresson.

É autor dos livros "Dulce Sudor Amargo" (1985), "Nakta" (1996), "Miguel Rio Branco", "Silent Book" (1997) e "Entre os Olhos, o Deserto" (2001). Recebeu prêmios como o Prix du Livre Photo, na França, e participou de exposições em instituições como o Centro Pompidou, o museu Stedelijk, a fundação Aperture, o Museu de Arte de São Paulo e a Bienal de São Paulo. Ganhou, inclusive, um pavilhão em Inhotim.

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A OBRA

Essa não é uma fotografia que pretende mostrar algo já evidente, que se poderia ver por aí. É uma história criada por Miguel Rio Branco. Suas imagens continuam a acontecer após a tomada, no trabalho da edição, no livro, nas instalações. Quando começou a despontar, nos anos 1980, talvez não houvesse nada tão inquietante na fotografia contemporânea brasileira.

Miguel Rio Branco fotografa texturas, animais, vultos e restos de uma sociedade e, assim, constrói uma temática que perpassa as questões de seu tempo -cruel, pontual e inevitável.

Ele opera em um espaço localizado entre as imagens, lugar de difícil definição. Nada é simples nesse terreno. Marcas, cicatrizes e corpos criam metáforas e não se reduzem aos seus limites.

As analogias criadas pelas justaposições das imagens dissolvem os elementos, criando equivalências e tensões entre uns e outros, revelando um sujeito ou um lugar que não se dava a ver naquilo que foi registrado.

Não espere encontrar um início ou um fim nessas histórias, elas ocorrem permanentemente nesse fluxo que é a própria vida. Pode se olhar essa obra como um labirinto, encontrando um trabalho dentro do outro, a cada mirada. Nesse entrelaçamento, Miguel Rio Branco faz as relações criarem ritmo e significado, destacando esse lugar que descortina entre as imagens.

Lívia Aquino é fotógrafa e pesquisadora do campo da imagem. É doutoranda em artes visuais e mestre em multimeios pela Unicamp e autora do blog Dobras Visuais.


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