Folha de S. Paulo


Saiba como funcionam os convênios médicos em outros países

Países com sistemas de saúde similares ao brasileiro só permitem que empresas privadas ofereçam serviços suplementares, que não concorrem com a rede pública -ao contrário do que ocorre aqui.

No Reino Unido, na França, na Espanha, em Portugal e no Canadá, convênios só vendem aquilo de que o sistema público não dispõe. Uma empresa não pode vender cirurgia cardíaca se isso é oferecido pelo sistema.

Como no modelo de transplante de órgãos no Brasil, todos estão sujeitos à fila de espera, compara o professor Álvaro Escrivão Jr., coordenador-adjunto do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão em Saúde da Fundação Getúlio Vargas.

"No Reino Unido é assim. Ninguém pode falar: eu tenho dinheiro, vou furar a fila, ser atendido primeiro, ser melhor atendido. Não, todos serão atendidos da mesma forma. A ideia de sistema universal é essa", diz.

No Brasil, o sistema suplementar concorre com o SUS, uma das maiores redes do mundo. "Com todas as dificuldades que o Brasil enfrenta, o SUS é um modelo admirável, mas precisa de aperfeiçoamento", opina Pedro Ramos, diretor da Abramge, entidade dos planos de saúde.

Nos EUA, o sistema é privado e segmentar -com várias modalidades. Quem não pode pagar tem o plano subsidiado pelo governo. O Medicare é destinado a pessoas com 65 anos ou mais e a portadoras de deficiência.

Alemanha, Austrália, Chile e Colômbia têm um seguro do Estado, gerido por operadoras de planos de saúde, que cobre a totalidade ou quase toda a população. O financiamento é feito por impostos ou contribuições de empregadores e empregados.

Nesse modelo, a pessoa tem acesso a uma cobertura mínima, mas pode adquirir coberturas adicionais ou melhorias do padrão do plano.

Na Austrália, a cobertura é universal e não há sobreposição de sistemas. Metade da população é coberta pelo seguro médico público, gerido por operadoras do governo e privadas. A outra metade é coberta só por planos privados. O beneficiário pode escolher entre o programa público e o privado. Se escolher o privado, o Estado estorna anualmente até 35% do valor pago em contraprestação do plano, para incentivar a migração para planos particulares. Quem tem renda alta e não contrata plano privado é taxado em até 1,5% da renda.

No Chile, a cobertura também é universal e não há sobreposição de sistemas. O usuário escolhe se quer ser atendido pelo sistema público ou privado. Se escolher o público, não poderá usar o privado e vice-versa.


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