Folha de S. Paulo


depoimento

Não sofri ao trocar o 'Marlborão' por nova bituca eletrônica

Eduardo Knapp/Folhapress
O jornalista Ivan Finotti testa dispositivo eletrônico
O jornalista Ivan Finotti testa dispositivo eletrônico

O primeiro trago foi surpreendente, pois uma amiga havia dito que não vinha nada. Mas não: achei bastante respeitável o nível de rasgo na garganta, o apaziguamento dos pulmões, a quantidade de fumaça expelida.

Eu disse fumaça, mas é força do hábito de 30 anos me envenenando. O Heets, produto que a Philip Morris lançou em duas dúzias de países (não aqui), não faz fumaça, pois não há brasa, fogo ou combustão. Nada está sendo queimado.

O que temos é um cigarrinho com tabaco úmido que, em contato com a lâmina de metal aquecida, transforma a umidade em vapor (os cigarros eletrônicos já conhecidos usam líquido contendo nicotina, não folhas de tabaco).

Esse conjunto de partículas gasosas parece fumaça e pode deixar os ex-fumantes e os cidadãos politicamente corretos ofendidos caso você ouse brincar perto deles -usar, e não fumar, é o verbo que a empresa quer emplacar.

Entretanto, o fedor é quase nulo. Minha casa e minhas mãos não ficaram cheirando a fumaça. Usei em alguns locais públicos, no meio da Redação da Folha, no escritório do chefe e até no carro de um amigo que não suporta cigarros. Foi tranquilo.

A namorada desse meu amigo experimentou: "É igual", ela disse, "só que tem gosto de salgadinho de milho sabor presunto". O Heets traz um gosto diferente às vezes, mas o sabor presunto não vem de fábrica.

No primeiro dia, aliás, senti leve náusea. Mas, passados dois cigarros, a troca para o tabaco aquecido foi sem sobressaltos.

Não vou dizer que foi 100%, mas satisfez uns 85%, o que deve valer a pena se os danos causados aqui forem mesmo menores e eu não queira/consiga parar de jeito nenhum.

Minha maior crítica ao produto é que ele parece acabar mais rápido do que o Marlboro vermelho ao qual eu estava acostumado. Em diversas ocasiões, tive vontade de continuar, mas a bateria miou.

Eis como funciona o aparelho: temos uma espécie de cigarrilha na qual metemos o Heets (metade do tamanho do cigarro normal).

BOTÕES

Apertamos um botão e, em cerca de cinco segundos, uma luz verde avisa que a lâmina de metal aqueceu o suficiente para você começar a tragar.

A bateria dessa cigarrilha vai durar apenas 16 puxadas. Isso que eu não gostei, poderiam ser umas 20.

Seja como for, acabada a bateria, colocamos a cigarrilha no carregador, do tamanho de um celular gordão. Em uns cinco minutos, ela está pronta para ser usada outra vez.

De noite, você pluga o carregador na tomada ou num computador.

Outra crítica a se fazer é que os cigarros chamam Heets, mas a cigarrilha chama IQOS, dificultando um pouco o entendimento do que você está usando.

Além disso, o carregador IQOS poderia fazer um estágio na Apple: tem três botões e muitas luzes, que mudam de cor: o aparelho me pareceu uma confusão.

Os preços lá fora são o seguinte: Heets vale um maço de Marlboro em Portugal; IQOS começa em 65 libras na Inglaterra (R$ 265) e chega a 200 libras (R$ 818 a edição azul, aquele lance todo de "exclusividade").


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