Folha de S. Paulo


Brasil deve investir em inovação para seguir líder no mercado de tabaco

Inor Assmann - 7.mai.2011/Gazeta do Sul
SANTA CRUZ DO SUL, RS, BRASIL, 07-05-2011: Plantação de tabaco em Santa Cruz do Sul (RS). (Foto: Inor Assmann/Gazeta do Sul) *** DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM ***
Plantação de tabaco em Santa Cruz do Sul (RS)

Melhoramento genético do tabaco e o cigarro do futuro já são realidades. Em 2016, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o Brasil embarcou 483 mil toneladas de tabaco, consolidando-se pelo 23º ano consecutivo no primeiro lugar do ranking entre os países exportadores da commodity.

Para não perder a hegemonia num mercado cada vez mais concorrido e em um mundo com menos fumantes a cada ano, é crucial, dizem os pesquisadores, que as empresas invistam em inovação ainda no início da cadeia produtiva.

Há 31 anos, a agência de proteção ambiental americana (US Environmental Protection Agency - EPA) aprovava a liberação da primeira planta de tabaco geneticamente modificada. Hoje, nas grandes companhias, as sementes passam por laboratórios onde são estudadas por cientistas, antes de chegar ao solo pelas mãos do agricultor.

Folhas e flores também têm suas estruturas minuciosamente analisadas e submetidas a experimentos científicos. "Os principais objetivos do melhoramento genético do fumo são a melhoria da qualidade e produtividade das lavouras, a obtenção de resistência às principais doenças que atacam a cultura, como a murcha bacteriana, e a obtenção de cultivares com baixos teores de alcalóides, especialmente as nitrosaminas, que são cancerígenas", afirma o doutor em genética e melhoramento de plantas pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) Guilherme José Farias.

A partir do cruzamento de genes, a intervenção biotecnológica permite uma melhor qualidade do vegetal, reduzindo a necessidade do uso de pesticidas nas lavouras, por exemplo. As vantagens, que começam no campo com uma planta mais resistente e menos tóxica, terminam em um cigarro menos danoso à saúde.

As experiências já mostraram êxito, segundo Marx Lima, doutorando em ciências biológicas com ênfase em biotecnologia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e pesquisador da Universidade de Luxemburgo. Para ele, o investimento é alto, mas é uma solução viável para a redução de danos aos males do cigarro. "Comercialmente, o maior sucesso do tabaco modificado foi com os 'nicotine-free', sem nicotina, que tem o seu potencial viciante reduzido, mas não sua toxicidade como um todo, porque é importante lembrar que a nicotina é só uma das várias substâncias do cigarro", diz Lima.

De acordo com o Sinditabaco (Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco), o setor movimenta a economia de 574 municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná gerando 40 mil empregos diretos na indústria. Na safra 2015/16, o tabaco foi cultivado em 293 mil hectares, por 144 mil produtores integrados, envolvendo cerca de 575 mil pessoas nesse ciclo produtivo. A receita anual bruta, segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), atingiu R$ 5,2 bilhões.


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