Folha de S. Paulo


Atenção a grupos de risco reduz mortes no trânsito na Austrália

Solange Reis/Folhapress
Carro com letra 'P', para condutor 'provisório', em Sydney
Carro com letra 'P', para condutor 'provisório', em Sydney

O foco nos grupos de risco foi uma das saídas encontradas pela Austrália para melhorar a segurança no trânsito. A atenção especial aos vulneráveis, como jovens e idosos, ajudou o país a diminuir em 38,9% as fatalidades nos últimos 13 anos.

Para os iniciantes, obter a carteira permanente demanda tempo e disciplina. Já os mais velhos precisam provar, regularmente, que o passar dos anos não comprometeu suas condições físicas.

Dependendo da região do país, a idade mínima para habilitação varia entre 15 e 18 anos. Como algumas áreas remotas não têm transporte público abrangente, a saída é começar a "motorizar" as pessoas mais cedo.

Em New South Wales, por exemplo, o tempo entre a primeira licença e a habilitação definitiva é de quatro anos. Os principiantes têm que fixar no veículo placas que indiquem o nível de experiência: letra "L" ("learner", em inglês) para aprendizes e "P" ("provisional") para quem atinge as etapas provisórias.

Aprendizes devem dirigir acompanhados por um condutor com habilitação permanente. Além disso, a tolerância é zero para álcool e celular, mesmo com viva voz.

Nada de carona também para grupo de amigos na balada. Entre as 23h e as 5h, quem tem menos de 25 anos e carteira provisória pode transportar só um acompanhante com menos de 21 anos.

A lógica é identificar e limitar os riscos comportamentais e psicológicos inerentes à faixa etária. Para isso, o governo recorre a instituições como o Curtin-Monash Accident Research Centre, da Monash University, em Melbourne.

Segundo especialistas do centro de pesquisa, fatores psicológicos como experimentação, impulsividade e ousadia são típicos de pessoas com menos de 25 anos.

O transgressor está sujeito a punições duras, como confisco do carro, multas altas e processo criminal, caso seja pego pelo bafômetro.

Do outro lado do espectro de grupos vulneráveis estão os motoristas com mais de 75 anos. Para renovar a carteira, todos acima dessa idade devem apresentar avaliações médicas anuais. A partir dos 85, são exigidos testes práticos a cada dois anos.

Em 2015, o número de motoristas com idade avançada superou o de jovens entre 18 e 24 anos, e 87% dos condutores com mais de 80 anos continuavam a dirigir. Apesar de maduros e experientes, idosos têm redução de reflexos e visão. Flexibilidade e força muscular também ficam comprometidos com o tempo.

Como o erro humano é inevitável, o governo sabe que não basta melhorar a infraestrutura e fazer campanhas.


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