Folha de S. Paulo


ONG indiana quer transformar vítimas de exploração sexual em advogadas

Divulgação/School for Justice
Estudantes da Escola para Justiça, que dá curso de direito a vítimas de abuso infantil
Estudantes da Escola para Justiça, que dá curso de direito a vítimas de abuso infantil

A organização não governamental Free a Girl Movement India (movimento liberte uma menina), com sede em Mumbai, quer transformar jovens que foram vítimas de abuso e exploração sexual em advogadas para colocar os agressores atrás das grades.

A ONG criou recentemente a School for Justice (Escola para Justiça), em parceria com uma universidade indiana. A primeira turma tem 18 alunas. "Cada uma delas tem uma história diferente que a motiva a completar os estudos", diz Evelien Hölsken, 47, fundadora do Free a Girl.

Uma das novas estudantes, Sabnam, 25, foi vendida pelo pai aos nove anos a um bordel em Calcutá onde era estuprada diariamente. A dona do local continua em liberdade, mas Sabnam quer justiça.

Seu sonho é se tornar uma advogada para ajudar a por fim à prostituição infantil.

Embora as jovens ainda estejam no começo do curso de direito, Hölsken considera que a iniciativa já tenha ajudado a jogar luz sobre a prostituição infantil e a impunidade desse tipo de crime.

Estima-se que 1,2 milhão de crianças sejam forçadas à prostituição na Índia. "A maior parte das meninas envolvidas com a prostituição vem de minorias étnicas e de castas inferiores. A pobreza e a posição da mulher na sociedade indiana são os principais fatores", diz Hölsken.

Segundo ela, muitas crianças são atraídas para a prostituição com base em falsas promessas e outras são sequestradas ou vendidas pela família. "Já encontramos meninas com seis anos na prostituição. É chocante, mas infelizmente essa é a situação em muitas partes da Índia."

O Free a Girl também atua em Fortaleza, no Brasil, onde apoia projetos como o Maria Mãe da Vida, voltado prioritariamente a meninas grávidas que vivem em favelas.

"Tentamos dar alternativas a essas meninas, oferecendo educação e oportunidades de emprego. As meninas normalmente não registram queixas sobre os crimes de prostituição pois não se veem como vítimas. Elas desconhecem seus direitos e acham que não são exploradas porque recebem dinheiro para ter relações sexuais com adultos", afirma Hölsken.


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