Folha de S. Paulo


Especialistas elencam setores-chave para transição rumo à economia verde

O setor energético, o agronegócio, biomateriais e reflorestamento são setores-chave na transição para a economia verde no Brasil.

As áreas foram elencadas por participantes do Fórum Desenvolvimento e Economia de Baixo Carbono, promovido pela Folha em parceria com o Instituto Escolhas e o Insper.

Realizado nesta quarta-feira (23) no auditório do Insper, em São Paulo, o segundo debate do fórum para discutir os caminhos para implementar uma economia de baixo carbono no Brasil teve como foco as possibilidades dos novos setores industriais e a inserção do Brasil nas cadeias globais de produção.

Para Luiz Barroso, presidente da Empresa de Pesquisa Energética, o país precisa criar um plano de ação coordenado para viabilizar o crescimento de usinas de energia renovável com a participação das hidrelétricas na matriz energética.

Barroso defende a participação de todos os setores na elaboração de uma estratégia conjunta. Segundo ele, ações pulverizadas como as que têm sido feitas até agora não geram soluções.

Um grande entrave para a transição para a economia verdade, segundo Barroso, é a falta de esquema regulatório no Brasil. "Temos que colocar na mesa a discussão sobre medidas como precificação do carbono e certificado de emissões", afirma.

São medidas que geram valor nas cadeias globais de produção. Mesmo assim, o economista José Roberto Mendonça de Barros afirmou ser muito difícil a inserção do Brasil nestas cadeias.

Veja vídeo

"Sou razoavelmente cético quanto às possibilidades de redirecionar o crescimento dos setores industriais, com a exceção do agronegócio", disse o economista.

Apesar do pessimismo, Mendonça de Barros afirmou que o Brasil tem possibilidades de voltar a crescer no fim do ano que vem.

"O Brasil só se move quando está com o pé no abismo, então acho que teremos mudanças", disse.

As possibilidades na área de novos materiais também são encaradas de maneira mais positiva pelo economista. "O Brasil está próximo das fronteiras das rotas da nanocelulose". Avanços tecnológicos têm permitido a transformação da matéria-prima em produtos como filmes transparentes que transmitem energia.

José Augusto Coelho Fernandes, da CNI, disse ver possibilidades de desenvolvimento na indústria de baixo carbono.

Segundo ele, tão ou mais importante do que priorizar setores é criar um ambiente de negócios mais estável, com marcos regulatórios e segurança institucional, garantir investimentos e melhorar as técnicas de gestão. "Produtividade é solução de baixo custo", afirmou.

Celina Carpi, do Instituto Ethos, ressaltou os avanços rumo ao desenvolvimento sustentável proporcionados pelo Código Florestal.

A preservação das florestas, além de ser crucial para enfrentar as consequências das mudanças climáticas, é também uma opção de crescimento econômico, segundo Carpi, que enxerga novas oportunidades de negócios no reflorestamento.


Endereço da página:

Links no texto: