Folha de S. Paulo


Para especialistas, ensino inovador depende de elo entre aluno e professor

Para inovar a educação, é preciso promover uma maior colaboração entre alunos e professores e ampliar o espaço de aprendizagem para além da sala de aula. Essa é a opinião de especialistas em educação que participaram do primeiro debate do seminário Inovação Educativa na manhã desta terça-feira (22).

Segundo Anna Penido, do Instituto Inspirare, é a partir da quebra da hierarquia na escola que alunos e professores podem criar projetos juntos. "A forma de aprender está mudando. Se não ouvirmos o que os alunos querem, ficaremos desconectados", afirmou.

Mesa 1: Inovação na educação: para além da tecnologia

No início da mesa, Penido apresentou alguns dos resultados alcançados na pesquisa "Nossa escola em (re) construção", feita com 132 mil estudantes de 13 a 21 anos de idade de todas as regiões do Brasil. De acordo com ela, apenas quatro em cada dez entrevistados estão satisfeitos com as aulas e materiais pedagógicos que suas escolas oferecem.

Para o cofundador do projeto Escola da Ponte, de Portugal, José Pacheco, hoje é essencial que professores escutem os anseios dos alunos para criar espaços de convivência nas escolas e comunidades.

"Mas escolas não são edifícios, são pessoas", afirmou Pacheco. "Não é necessário mudar os espaços dos edifícios, mas melhorar as condições de estudos, de sobrevivência dos alunos".

Já Fábio Valentim, da Una Arquitetos, diz que a arquitetura pode sim ser importante para amparar a inovação da educação, embora concorde que um edifício bem planejado não se traduz necessariamente em uma boa escola.

SALA DE AULA

Segundo Penido uma das reivindicações dos alunos que participaram da pesquisa é acabar com os muros da escola, em busca de um aprendizado mais plural, em outros lugares e com outras pessoas.

Para ela, não precisa haver necessariamente uma reconstrução física, mas uma ressignificação dos espaços educacionais, retirando a sala de aula do centro absoluto da escola.

"A existência da sala de aula continua se mantendo", diz Valentim. "Ela talvez desapareça, é um cenário possível. A tendência é que se agregue a outros espaços para uma escola mais unificada"

De acordo com Juliano Bittencourt, da Hard Fun, uma das consequências atuais da inserção da tecnologia na educação é que as escolas mudaram a tecnologia, e não o contrário, que seria mais desejável.

Para ele, as propostas do que se pode fazer com a tecnologia –capaz de gerar novas organizações do espaço e do tempo na educação– são sempre mais interessantes do que a tecnologia em si.

Pensando no futuro da escola, Penido afirmou ainda que é preciso olhar para as necessidades de cada aluno para criar uma educação mais personalizada.

Segundo Pacheco, são justamente os valores individuais dentro de uma escola que se transformam em projetos inovadores para a educação.

O evento é correalizado pela Folha e pela Fundação Telefônica Vivo.

Abertura do seminário Inovação Educativa


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