Folha de S. Paulo


Reciclagem de cartões magnéticos enfrenta resistência de bancos

Cartão de banco é uma dor de cabeça, não só pela fatura no fim do mês: pouca gente sabe o que fazer com ele quando a validade expira.

"A maioria quebra em pedaços e descarta no lixo comum em dias alternados, por segurança", diz Renato Soares de Paula, especialista no tema. Dono de uma fábrica de cartões, a R.S de Paula, ele pesquisou tecnologia para reaproveitar as sobras de sua produção no processo fabril.

Feitos de PVC, cartões magnéticos são 100% recicláveis, basta que tarja e chips sejam separados. O empresário percebeu que só reciclar as sobras de plástico teria eficácia reduzida. Buscou parcerias e lançou em 2011 o Papa Cartão, que coleta e retalha cartões em sete partes.

Colocados em pontos de grande circulação, como estações de metrô, os equipamentos permitiram reciclar mais de 2 milhões de cartões.

O programa fez De Paula investir na construção de uma outra unidade, em Salto, interior de SP, voltada à reciclagem dos cartões. Lá, são transformados em porta-retratos, cadernos e até em piso para construção civil.

o caminha da reciclagem no brasil

Hoje há 85 máquinas no país, que coletam 90 mil unidades por mês. "O desafio é convencer quem joga no lixo comum a descartar de modo correto", diz De Paula.

O serviço, gratuito, é pouco conhecido. O empresário firmou parcerias para instalar máquinas em pontos estratégicos, mas enfrenta resistência de bancos e emissoras de cartão para que criem planos de logística reversa.

"Os bancos não querem assumir a responsabilidade sobre o resíduo. É como se fosse invisível", diz. É provável que cada brasileiro carregue ao menos um plástico na carteira: mais de 200 milhões de cartões em circulação.

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) disse à Folha que não há posicionamento da entidade sobre o tema. Sites de bancos não trazem dados sobre onde descartar cartões.


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