Folha de S. Paulo


Para especialistas, repensar serviço público de saúde é primordial

É preciso repensar o tamanho do SUS e discutir o rol de serviços inclusos no sistema público de saúde. Essa é a opinião de especialistas que participaram da terceira edição do Fórum A Saúde do Brasil, promovido pela Folha, em parceria com Interfarma e Unimed.

Com o tema Saúde em Tempo de Recessão, o fórum reuniu, na terça (14) e na quarta (15), 23 especialistas no Tucarena, em São Paulo.

Na abertura, o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, defendeu que durante a crise é preciso fortalecer o SUS, não o contrário.

"Gasto com SUS é investimento. O retorno do PIB é de uma vez e meia daquilo que é investido", afirmou.

A declaração de Padilha, ex-ministro da Saúde do governo Dilma, soou como resposta à afirmação do atual titular da pasta federal, Ricardo Barros (PP-PR), que em maio defendeu uma revisão do tamanho do SUS. No dia seguinte, Barros recuou e afirmou que o tamanho do sistema não será alterado.

"O SUS precisa ser integral. O que tem de ser discutido é o rol de serviços oferecidos", disse Lenir Santos, secretária de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, em mesa sobre o modelo do sistema.

O presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo, Stênio Miranda, defendeu uma melhor definição na área de atuação do SUS.

Já Antônio Britto, presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, questionou o conceito de integralidade defendido pela secretária. "Quem não entrega a integralidade é o próprio SUS, por falta de recursos. O sistema que serviu para um país de 25 anos atrás não serve hoje."

Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp Geraldo Biasoto Jr., é um "milagre" o SUS funcionar com os recursos que tem.

INTEGRAÇÃO

Em outra mesa, especialistas defenderam um sistema de saúde menos fragmentado em especialidades.

Segundo Eugênio Vilaça Mendes, consultor internacional na área de saúde pública, o sistema atual não responde às necessidades.

Para Gustavo Gusso, professor da Faculdade de Medicina da USP, é preciso promover uma melhor distribuição dos médicos por especialidade e região do país.

Outra falha apontada no sistema é a falta de transparência. O coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, Paulo Furquim destacou que o usuário não consegue nem saber se um hospital é melhor do que o outro. Para Mauricio Ceschin, presidente da Gama Saúde, do Grupo Qualicorp, pode haver melhoria se o modelo de remuneração mudar.


Endereço da página:

Links no texto: