Folha de S. Paulo


Programa 'segunda opção' reduz cirurgias desnecessárias

Um exemplo de como evitar a máfia das próteses é um programa de segunda opinião do Hospital Albert Einstein, criado em 2011. Nesse período, ele já tirou da fila mais da metade dos 1.500 pacientes com indicação de cirurgia de coluna, que, na verdade, não precisavam operar.

Após receber o diagnóstico de cirurgia, o paciente é encaminhado para outo médico, que confirma ou não o tratamento. Com isso, o índice de operações desnecessárias caiu de 70% para 57%.

A opção, nesses casos, é um tratamento conservador (fisioterapia, por exemplo) o que gerou economia de ao menos R$ 102 milhões.

Para o superintendente da hospital, Miguel Cendoroglo Neto, há muitas razões que explicam o alto índice de indicação cirúrgica sem necessidade, entre elas a má formação do médico e a falta de dados clínicos e exames. Mas há também suspeitas de indicações fraudulentas. Ano passado, Cendoroglo falou sobre o programa à CPI da Câmara que investigava a máfia das próteses.

Segundo o programa, 3,5% das pessoas com indicações para operar a coluna não tinham doença alguma na região, mas sim problemas em outros locais do corpo.

Mesmo quando a necessidade de cirurgia é confirmada, as divergências continuam: 79% das indicações iniciais eram de procedimentos de alta complexidade (mais invasivos e caros). Na segunda avaliação, o índice cai para 35%. Para Cendoroglo, um diferencial do programa é contar com o consenso de uma equipe de profissionais experientes.

Sobre o impacto da iniciativa no mercado de próteses, ele diz: "Contribuímos no processo e também para um amadurecimento do mercado com relação a ética e transparência. Vimos mudanças de comportamento de operadoras, hospitais e fornecedores."

O hospital tem projetos de segunda opinião nas áreas de cirurgia bucomaxilo-facial, cardiologia e outras áreas da ortopedia.

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3,5% das pessoas com indicação para operar a coluna não tinham problema no local


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