Folha de S. Paulo


Usuário de plano de saúde sofre com falta de transparência, diz especialista

A saúde financeira dos planos de saúde

Os usuários de planos privados de saúde sofrem com falta de transparência no sistema, afirmaram os três especialistas que participaram nesta terça (14) de debate no 3º Fórum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha, Interfarma e Unimed.

Algumas das soluções propostas foram adoção de indicadores de qualidade que permitam comparação dos serviços e mudança na remuneração feita pelas operadoras.

Luiz Augusto Carneiro, superintendente do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar, citou como exemplo da falta de transparência a indicação de exames para os pacientes.

"Você vai ao médico, ele pede para fazer um exame de R$ 2 mil num laboratório que o plano não cobre e você não sabe se precisa ou se ele está recebendo algo", disse Carneiro. "Em países como EUA e França você tem leis de transparência para esse tipo de coisa."

O coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, Paulo Furquim destacou também que hoje o usuário não tem elementos objetivos para saber se um hospital é melhor do que o outro. Segundo ele, uma instituição com imagem ótima pode ter a mesma qualidade de outra menos bem vista.

"A publicização de índices estimularia a concorrência", afirmou.

"Concordo com tudo o que foi dito", disse o presidente da Gama Saúde, do Grupo Qualicorp, Mauricio Ceschin. Ele ressalvou que, ainda que usuários de planos possam estar insatisfeitos, quem não possui o serviço quer ter.

O sistema melhorará, afirma Ceschin, se mudar o modelo de remuneração no sistema. Hoje, os planos pagam os hospitais por material e mão de obra utilizados nos procedimentos. Ele defende que o pagamento seja feito com base no desfecho clínico, o que exigiria maior efetividade dos serviços.

"Não vejo sustentabilidade de longo prazo no sistema como ele é hoje. Não estamos entregando modelo saudável para as próximas gerações", afirmou Ceschin.


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