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Mais eficiente, radioterapia esbarra no acesso desigual, diz especialista

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O arsenal de tratamentos e medicamentos contra câncer está se diversificando. Além das tradicionais quimioterapia e radioterapia, novas alternativas como a imunoterapia vêm ganhando mais força, e mais estudos têm sido realizados em relação a vacinas para deter determinados tumores.

Mas o combate à doença ainda reside em dois pilares: o tratamento deve ser multidisciplinar e individualizado, de acordo com especialistas que participaram do Fórum O Futuro do Combate ao Câncer, promovido pela Folha nesta terça (29) em São Paulo, com patrocínio dos laboratórios MSD e Bristol-Myers Squibb.

A radioterapia, que combinada à quimioterapia tem sido uma das armas mais tradicionais contra o câncer, vem passando por um processo de modernização, graças à abordagem multidisciplinar e à sofisticação das tecnologias. "A radioterapia é hoje um tratamento preciso, pois as tecnologias permitem concentrar a radiologia no alvo e proteger os tecidos normais", explica Eduardo Weltman, presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia.

No caso brasileiro, a grande limitação ainda é o acesso aos equipamentos. A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda um aparelho de radioterapia para cada 300 mil habitantes, o que no significaria 680 equipamentos de alta voltagem em funcionamento para atender às necessidades da população brasileira. No entanto, hoje existem 360 aparelhos funcionando no Brasil, sendo que 280 deles atendem o SUS (Sistema Único de Saúde). "A radioterapia brasileira tem melhorado muito em termos de tecnologia, mas o acesso ainda é heterogêneo nas regiões brasileiras, especialmente no Norte e Nordeste do país" diz Weltman.

A imunoterapia tem sido apresentada como uma grande promessa para o tratamento de alguns tipos de câncer –nessa estratégia, busca-se auxiliar o sistema natural de defesa do organismo a atacar as células doentes, diferente da quimioterapia, onde o fundamento é buscar moléculas capazes de destruir ou quebrar os tumores.

O tratamento tem mostrado resultados positivos nos casos de melanoma, cânceres renais, de pulmão, cabeça e pescoço, entre outros. "Pacientes com tumores associados a virus, como o HPV, podem ter até três vezes mais respostas com a imuterapia. Mas há tumores que não respondem a esse tipo de tratamento, como o mieloma múltipo e o câncer de pancreas", afirma Bernardo Garicochea, coordenador de ensino e pesquisa do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês.

Editoria de Arte/Folhapress
Veja o especial multimídia sobre os caminhos do combate à doença
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Este método também tem sido eficiente em prolongar a vida de pacientes com tumores que produzem metástases, segundo o oncologista Rafael Kaliks, diretor científico do Instituto Oncoguia. "A imunoterapia traz sobrevida de 10% a 15% em casos de doença metastática", diz.

Segundo ele, as interações entre os tumores e o sistema imunológico têm sido alvo de complexos estudos, que vem descobrindo como desfazer o bloqueio que alguns tipos de tumor exercem sobre as defesas do organismo –já é possível "treinar" um linfócito para que ele ataque um alvo tumoral. "Essa é a chave: desenvolver o sistema imunológico para atacar esses alvos. Há resultados impressionantes em um tipo de leucemia, com chances de resposta de até 90%", diz Kaliks.

A hormonioterapia também compõe o leque de tratamentos que estão recebendo mais atenção dos pesquisadores nos últimos anos: consiste em um grupo de medicamentos que tem a função de inibir que hormônios, como estrógeno e a testosterona, alcancem a célula, reduzindo a multiplicação do tumor. Tem sido utilizada em casos de câncer de próstata e de mama, com sucesso, evitando a reincidência de tumores.


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