Um ano e meio após ter sido iniciado, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) –tido como uma poderosa ferramenta para traçar uma radiografia fina do desmatamento no Brasil– já conta com 59% das propriedades rurais cadastradas.
Dos 3,9 milhões de km² a serem incluídos na base de dados, cerca de 2,3 milhões já estão disponíveis para análise do governo federal. O território brasileiro tem 8,5 milhões de km².
A Folha realiza nos dias 21 e 22 de setembro, com o apoio da Clua (Climate and Land Use Alliance), o Fórum Desmatamento Zero, que discutirá propostas e estratégias para eliminar o desmatamento no Brasil e a emissão de gases de efeito estufa causada por ele.
O cadastro é considerado essencial para monitorar de perto o uso da terra nos diferentes biomas do Brasil e uma das apostas do governo para subsidiar ações de controle do desmatamento ilegal e de recuperação de áreas degradadas.
Ao se cadastrar, o produtor rural declara quais são suas áreas de reserva legal, de preservação permanente (como margens de rios), de vegetação nativa remanescente e de campos abertos para agropecuária. Ou seja, entrega um retrato da cobertura florestal em cada propriedade.
"Dá para atingir uma meta muito boa até 5 de maio de 2016 [data limite para os proprietários se cadastrarem]. Estamos com um crescimento médio de cinco pontos percentuais ao mês", diz Carlos Eduardo Sturm, diretor de Fomento e Inclusão Florestal do Serviço Florestal Brasileiro, do Ministério do Meio Ambiente.
As informações enviadas pelos proprietários são validadas pelo sistema por meio de imagens de satélite, nas quais é possível constatar desmatamentos em áreas particulares. Cada Estado fica responsável por colher os dados das propriedades.
"Uma das maiores contribuições do CAR para a política do desmatamento zero é que ele proporciona ao produtor rural enxergar os ativos ambientais como áreas que possibilitam a geração de renda e outros benefícios ambientais", afirma Sturm.
DESAFIOS
Alguns proprietários ainda enfrentam dificuldades para fazer o cadastro no site www.car.gov.br. Os principais obstáculos são o acesso limitado à internet em áreas afastadas e informações insuficientes sobre a finalidade do cadastro, o que gera desconfiança.
"No Acre, temos um bom exemplo de reversão disso. O Estado possui mais de 30 mil propriedades de pequenos produtores e já cadastrou mais de 20 mil, porque vai até o produtor, explica e auxilia no cadastro ", afirma Valmir Ortega, consultor da empresa Geoplus que participará do Fórum Desmatamento Zero, organizado pela Folha.
Ortega acredita que o governo conseguirá o mapeamento de boa parte das áreas particulares utilizadas na agropecuária. "É uma questão de ajuste. Falta um pouco de engajamento de algumas regiões do país, enquanto outras seguem a passos firmes para cumprir o prazo ", afirma
Ele destaca a boa participação dos Estados amazônicos no cadastro: "Estão cumprindo a meta".