Folha de S. Paulo


Médicos de família e alimentação podem ajudar a reduzir custo da saúde

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O desenvolvimento tecnológico da área médica, o envelhecimento da população brasileira somado ao excesso do uso de medicamentos e à judicialização da saúde são os maiores desafios que o SUS (Sistema Único de Saúde) precisa enfrentar.

Em debate no Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde promovido pela Folha na manhã desta segunda-feira (31), no teatro Tucarena, na PUC-SP, especialistas fizeram um raio-X dos problemas no setor.

Lumena Furtado, da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS), disse que nem sempre mais medicamentos significam mais saúde. "Temos que cuidar do acompanhamento clínico para que o acesso ao insumo não se torne um falso acesso. O paciente não pode tomar o remédio da maneira errada."

Furtado lembrou que as tecnologias leves, como a medicina da família, permitem que o cidadão tenha autonomia dentro do projeto terapêutico. A prática pode ajudar a diminuir os custos do sistema visto que os pacientes são acompanhados de maneira preventiva.

Outro exemplo que pode reduzir os gastos no futuro é a diminuição do sódio em alimentos processados. Segundo a especialista, uma parceria do Ministério da Saúde com as empresas produtoras de alimentos reduziu a presença do sal nos pratos brasileiros em 7.600 toneladas em 2 anos. A meta é chegar a 2022, retirando 22 mil toneladas. A ação, segundo ela, levará à diminuição do consumo de remédios para pressão em cerca de 1 milhão de pessoas.

O diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), José Carlos de Souza Abrahão, acrescentou que o SUS precisa de maior integração nas informações para que os gestores tenham maior embasamento na hora de tomar decisões.

O médico lamentou a judicialização da saúde, que obriga o sistema de saúde, por meio de processos judiciais, a bancar procedimentos e medicamentos que não estão disponíveis no Brasil.

Do lado privado, Marcio Coriolano, presidente na FenaSaúde, disse que a lei que regula os planos de saúde "precisa ser trazida à realidade".

Como os planos são obrigados a cuidar de todas as doenças previstas na classificação internacional de doenças e os custos da tecnologia de tratamento são cada vez maiores, há, segundo Coriolano, um descompasso cada vez maior entre o custo da medicina e a capacidade de pagamento da sociedade brasileira.

Abrahão defendeu a legislação e afirmou que o envelhecimento da população brasileira, que alcançou 75 anos de expectativa de vida, deve ser acompanhado pelos planos.


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