Folha de S. Paulo


Cirurgião defende parceria público-privada para ampliar acesso à saúde

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O investimento em centros médicos de alta complexidade e a troca de experiências entre hospitais públicos e privados por meio de parcerias podem ser soluções para levar o atendimento de alta complexidade para um número maior de pacientes em todo o Brasil.

"O Brasil precisa vencer preconceitos e ideologias para desenvolver um sistema de saúde que seja multicultural", afirmou Paulo Niemeyer Filho, diretor do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, na abertura do Fórum de Tecnologia e Acesso à Saúde, promovido pela Folha.

Niemeyer citou a experiência do governo do Estado do Rio de Janeiro, que criou, durante a gestão do governador Sérgio Cabral, quatro hospitais e um centro de diagnósticos por imagem para atender os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre eles, está o Instituto do Cérebro que ele dirige, considerado um dos principais centros de referência do pais em cirurgias cerebrais de alta complexidade.

"O Hospital da Criança, hoje o segundo maior centro de transplantes de rins do pais, e o Hospital da Mulher, em São João de Meriti, estão aos poucos mudando o paradigma de eficiência do serviços público no país", disse Niemeyer.

Segundo ele, desde que foi criado, o Instituto do Cérebro já realizou 20 mil atendimentos, 40 mil exames (boa parte deles de alta complexidade) e 2 mil cirurgias em seus 44 leitos disponíveis para pacientes do SUS.

O médico destacou ainda que 30% dos pacientes atendidos no instituto possuem plano de saúde, mas optam pelo tratamento público. O instituto é voltado para cirurgias cerebrais de alta complexidade e os paciente, vindos de vários municipios fluminenses, são encaminhados por uma central de regulação.

Niemeyer citou ainda o modelo de saúde cubano como uma referência que pode ser empregada no Brasil. "Em viagem recente à Cuba visitei hospitais com andares destinados a pacientes VIPs, normalmente estrangeiros, que ajudam custear o sistema de saúde do país", disse.

Segundo ele, o Brasil precisa pensar em utilizar tecnologia da rede pública para atender também pacientes privados, em modelos de PPP (parceria público-privada) que começam a ser adotadas, especialmente em casos de transplantes, por hospitais de referência como o Albert Einstein e o Sírio Libanês, ambos em São Paulo.

Niemeyer concluiu a abertura do evento citando um caso prático de como a alta tecnologia pode auxiliar os pacientes na solução de problemas de saúde graves. O médico relatou o caso de um paciente de 13 anos, que, na semana passada, ao investigar uma dor de cabeça, descobriu um tumor agressivo em uma região do cérebro de difícil acesso.

Durante a cirurgia, de alta complexidade, o médico utilizou equipamentos de última geração disponíveis no Instituto do Cérebro, como aparelhos de ressonância magnética e tractografia e ultrassom. "No dia seguinte à cirurgia, o paciente acordou bem, sem sequelas, graças à tecnologia moderna a que teve acesso pelo SUS."


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