Folha de S. Paulo


Presidente da Interfarma critica 'posição medíocre' em inovação

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Representantes da indústria farmacêutica e da medicina privada debateram a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro nesta segunda (11), no 2º Forum a Saúde do Brasil, promovido pela Folha. Antônio Britto, presidente-executivo da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), afirmou que a discussão não avança porque todos os lados envolvidos estão "discutindo bobagens".

Bobagem, para ele, é questionar a existência do SUS, que tornou possível o avanço da saúde nos últimos 25 anos, mas que não garante os passos hoje necessários para avançar. Britto criticou a "posição medíocre" do país na área de inovação e a oposição entre a universidade e a iniciativa privada, que impede a pesquisa e a criação de novas patentes.

Jorge Araújo/Folhapress
O superintendente do hospital Sírio-Libanês Gonzalo Vecina Neto (esq.), o presidente da Interfarma Antônio Britto (centro), e o advogado Pedro Ramos discutem sustentabilidade do sistema de saúde no Brasil no 2º Fórum_A Saúde do Brasil, promovido pela Folha
Gonzalo Vecina, do Sírio-Libanês (esq.), Antônio Britto, da Interfarma, e Pedro Ramos, da Abramge

Pedro Ramos, diretor da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), afirmou que o sistema de saúde no Brasil só será sustentável se estiver comprometido com a diminuição da desigualdade no país. Também tratou de questões mais pontuais como o sistema tributário complexo e a alta carga fiscal para medicamentos no país.

Ele ainda criticou diretamente a fala do ministro Arthur Chioro, que abriu o Fórum: "Esperava que o ministro apresentasse um projeto de Estado, mas ele só apresentou um plano de governo". Na sua opinião, o sistema de saúde só será sustentável se combater o desperdício, tanto no setor privado quanto no público.

É urgente, para Ramos, acabar com o vazamento de recursos em áreas "criminosas". "Existe uma máfia instaurada em todos os hospitais do Brasil, e em muitos consultórios médicos e escritórios de advocacia, que é da OPME", disse, referindo-se à máfia das próteses.

Para Gonzalo Vecina Neto, superintendente do Hospital Sírio-Libanês, a sociedade brasileira precisa discutir como quer que determinadas funções do Estado sejam executadas, colocando os dogmas de lado. "Dizer 'eu sou contra o lucro', por exemplo, tem a ver com ideologia, mas sobretudo, com o dogma", disse ele.

"Saúde não é nenhuma torre de marfim. Todos os países que conseguem ter um bom sistema de saúde tem outros bons sistemas que apoiam o desenvolvimento de bem estar social", ressaltou.


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