Folha de S. Paulo


'Gandalf' das noites de SP criou dois filhos 'tocando rock na terra do samba'

Gandalf! Saruman! Willie Nelson!

A inspiração para os apelidos vem dos dois magos de "O Senhor dos Anéis" e do cantor country americano.

Todos proferidos aos berros nos shows de João Kurk, 63. Figura da noite paulistana desde a década de 1960, ele vive só de música há 25 anos, após jogar para o alto o emprego numa multinacional farmacêutica.

Hoje canta na banda Mr. Kurk, com covers de Jethro Tull a Guns N' Roses.

E a mulherada continua em cima. "Elas querem passar a mão na minha barba", diz. "Mas quando falam 'ai que fofo', sei que não vão ficar comigo. Me veem como bibelô", brinca o "vovô do rock" (outra alcunha, aliás).

sãopaulo - Tanto cover mina a música autoral?
João Kurk - O público de agora é muito mais comodista. As pessoas só gostam das músicas que já conhecem, não têm interesse em descobrir artistas novos, a não ser que a mídia enfie goela abaixo.

E você nisso tudo?
Recebi inúmeras propostas para fazer lançamento do João Kurk. Não sei se é preguiça minha, mas não consigo enfrentar o mundo do business. É uma sujeira muito grande. Ficar atrelado a gravadora, empresário, devendo favores...

Quais propostas já recebeu?
Quando veio o sertanejo, um produtor quis que eu entrasse para uma dupla porque dá dinheiro. Não! Outra gravadora queria que fizesse algo que nem os Bee Gees, que estavam estourados. O produtor do Charlie Brown Jr. disse: "Tira a bunda da cadeira, vamos fazer um disco do João Kurk". Isso não existe.

A renda dos shows é suficiente?
Faço uma média de dez shows por mês e vivo confortavelmente tocando rock em bares da cidade e do interior [não divulga cachê]. Criei dois filhos com rock na terra do samba. Agora temos que fazer mais eventos corporativos. Aí é outra renda, para comprar uma casa, viajar.

E o dia em que você se cansar?
Eu não me canso. Daqui a dez anos vou chegar na casa dos 70. O Mick Jagger tem 70 anos! E consegue correr pelo palco sem ficar ofegante. Tá bem que ele tem personal trainer, personal enfermeira, faz plástica (...) Esse é meu sonho e vou morrer fazendo isso.


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