Folha de S. Paulo


Irmãos portugueses vendem 'bacalhau popular' há 54 anos no centro de SP

"O senhor me desculpe, mas nunca contei quantos pratos saem por dia. A gente vai servindo, servindo e, quando acaba, acaba", diz com sotaque fortíssimo o português Luiz Nunes Pedro, 71, com o inseparável lápis preso à orelha. Ao lado do irmão João, ele está há 54 anos à frente do Ita, tradicional restaurante popular colado ao largo do Paissandu.

Se o sotaque não deixa dúvidas, a parede de azulejos decorados com cruzes de malta e a tradicional bacalhoada de sexta-feira reiteram: eis um pedacinho de Portugal no coração da capital paulista.

A sãopaulo visitou o estabelecimento em 13 de setembro. Era só mais uma sexta-feira no Ita: balcão lotado, trabalhadores da região, turistas europeus falando alto e os cinco garçons que vêm e vão com receitas de bacalhau à Gomes de Sá (R$ 20), "aquele desfiadinho", ao forno, "o da cumbuquinha", e à portuguesa, "no prato" (ambos a R$ 30).

Na conta, o lápis sai da orelha e rabisca o valor a pagar direto no mármore do balcão -limpo depois.

"Só não abro aos domingos, mas venho para cozinhar as almôndegas", comenta seu Luiz sobre outra especialidade da casa. Ele próprio não pilota as panelas todos os dias. "Mas para comandar a gente tem que dominar como se faz."

Ita. R. do Boticário, 31, República, região central, tel. 3223-3845. 39 lugares. Seg. a sex.: 10h às 20h. Sáb.: 10h às 18h. CC: M e V. T: P, So, Te e Vv.


Endereço da página:

Links no texto: