Folha de S. Paulo


Clube das Mulheres troca índio e cigano por personagem de '50 Tons de Cinza' e policiais

O Clube das Mulheres chega ao seu 22º ano parecido menos com o grupo Village People e mais com um quartel do Bope. Personagens clássicos como o índio estão dando lugar na trupe de peladões a novos papeis, menos inocentes e mais belicosos.

"É a moda", diz Focca Barreto, 62, criador da trupe e ex-dançarino. "A mulherada está gostando de um homem mais bruto." Bota bruto nisso: há cinco variações de agente no show, apresentado às quintas na Vila Olímpia: soldado, policial rodoviário, marinheiro, policial do Bope e policial da Swat -e um só médico caso haja algum acidente em cena.

Para os homens da lei entrarem, personagens antigos tiveram de se aposentar. "Recentemente dispensamos o índio. Não fazia mais muito sentido, não dava mais muito retorno das meninas." Antes dele, homem das cavernas, bardo inglês e cigano já haviam pendurado as chuteiras. "É um ciclo. Muitos dançarinos vão fazer outra coisa, outros mudam de personagem. Há modinhas a cada dez anos, mais ou menos."

Melhor exemplo disso é a nova aquisição do grupo: Bruno Camargo, 25, foi contratado apenas para dar vida a Christian Grey, empresário sádico da trilogia "50 Tons de Cinza". Sua coreografia envolve fazer a cliente ajoelhar, vendá-la, limitar seus movimentos com algema e, se o ânimo for correspondido, dar chicotadas ("de leve!") na parceira.

"Eu gostei demais dele. É tipo um animal selvagem usando terno, preenche duas fantasias", diz a vendedora Michele, que foi ao evento há três semanas. "Gosto dos moços de polícia porque é quase vida real. Menos fantasia de Carnaval e mais fantasia sexual, sabe?", diz a também vendedora Antônia, que acompanhou Michele.

ISSO NÃO MUDA

Se a forma dos go-go boys está se transformando, o conteúdo de seu dia a dia permanece igual. "É bastante disciplina na rotina. Eles têm de malhar todos os dias e é bom fazer uma dieta com muito frango, ovo, proteína magra", afirma o chefe da matilha. O próprio Focca entra no regime. "Não há quem diga a minha idade, meu corpo é de garotão", garante.

Outra coisa que não envelheceu é a regra de ouro: não se pode ter relações com clientes. Até porque elas são a única clientela admitida nas sessões de duas horas -"Elas dizem que vão ao cinema, então tem que ter a duração de um filme."

Clube das Mulheres - rua Quatá, 1.011, Vila Olímpia, zona oeste, São Paulo, SP. Tel.: 0/xx/11/3085-8458. Às quintas-feiras: às 19h e às 21h. Entrada: R$ 50, ou R$ 100 consumíveis.


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