Folha de S. Paulo


'Faroeste Caboclo' está no inconsciente de todo brasileiro, diz protagonista do filme

Para dar vida a João de Santo Cristo, Fabrício Boliveira ("Tropa de Elite 2"), o protagonista do filme "Faroeste Caboclo" --que estreou na quinta (30)--, não precisou colocar a música homônima da banda Legião Urbana na função "repeat" do seu som.

Em entrevista à sãopaulo, o ator baiano de 31 anos, fã confesso do grupo desde a adolescência, conta que a letra da canção estava em seu inconsciente. "As imagens da história já existiam dentro de mim. Quis ter liberdade de brincar com ela", diz.

Assim, durante as filmagens, em vez de escutar a obra de 1987 que deu origem à superprodução, ouvia bastante o percussionista Lorimbau, que, segundo ele, "tem um pouco da essência do João".

No longa-metragem dirigido por René Sampaio, João (Boliveira) é um jovem miserável, negro e órfão, que deixa Santo Cristo, na Bahia, e ruma para Brasília em busca de uma nova vida.

Lá, procura Pablo (César Troncoso), um primo peruano que trafica drogas vindas da Bolívia para a alta sociedade. O parente lhe consegue trabalho como carpinteiro, mas logo João se junta a ele nos negócios ilegais. É assim que conhece e se apaixona pela rica Maria Lúcia (Isis), bela filha de um senador, e inicia uma guerra sangrenta contra o playboy e também traficante Jeremias (Felipe Abib ).

Informe-se sobre o filme

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ABAIXO, CONFIRA A ÍNTEGRA DA ENTREVISTA COM O ATOR FABRÍCIO BOLIVEIRA

sãopaulo - Você ouviu muito "Faroeste Caboclo" durante as filmagens para se inspirar no João de Santo Cristo do Renato Russo?
Fabrício Boliveira - Não. Era uma música que já estava no meu inconsciente, assim como está no inconsciente de todos os brasileiros. Eu também, quando adolescente, tentei decorar a letra. Então, as imagens da história já existiam dentro de mim. E foi bom não ouvi-la para que os acontecimentos do filme não ficassem tão literais aos fatos e às sensações da música. Como é uma obra de arte se baseando em outra obra de arte, quis ter liberdade de brincar com ela.

Fui estimulado por essa canção no passado. Essa música já existia em mim, já estava inerente. O que ficou está no filme. Na época das filmagens, eu ouvi bastante o Lorimbau, que é um percussionista baiano cujo som acho que tem um pouco da essência do João. Ele me inspirou.

É fã da Legião Urbana"?
Sim, ouço Renato Russo desde a minha adolescência.

Você precisou fazer alguma preparação especial para o papel?
O Sérgio Penna, preparador de elenco, trabalhou bastante com a gente. Para entrar fundo no universo do João, passei uma tarde na feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, porque imaginamos que lá seria um lugar onde o personagem frequentaria. Deitei em um banco, dei uma dormida e fiquei provocando sensações em mim. Também passei um dia com a Isis [Valverde] para a gente afinar a relação entre o João e a Maria Lúcia. Queríamos rechear os personagens para além do roteiro.

Quais serão os seus próximos trabalhos?
Vou fazer uma peça no Rio em parceria com o Felipe Abib, de quem me aproximei muito durante as filmagens. Fora isso, já tenho dois trabalhos que devem ser lançados no cinema ainda este ano. Um deles é o personagem Calça Larga, da cinebiografia do Joãozinho Trinta, e o outro é o artista plástico Fernando Diniz, do filme que narra a vida da psiquiatra Nise da Silveira. Também vou começar a filmar, provavelmente no segundo semestre deste ano, um longa sobre a banda Planet Hemp.


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