Folha de S. Paulo


Marcha das Vadias ocupará r. Augusta em protesto pelo fim da violência contra mulher

A Marcha das Vadias, protesto pelo fim da violência contra a mulher, ocupará a rua Augusta (centro de São Paulo) neste sábado (25). A concentração está marcada para o meio-dia na praça do Ciclista, na avenida Paulista. O início do trajeto, que passa pela rua Augusta e vai até a Praça Roosevelt, começa às 14h.

Este é o terceiro ano consecutivo que o protesto é realizado em São Paulo, mas o termo "vadia" ainda suscita diversas perguntas na página do evento no Facebook: "Homens podem ir à marcha?"; "É preciso tirar a roupa?"; "Posso levar meu filho pequeno?" são algumas das questões feitas na rede social.

Para quem tem dúvidas, as criadoras do evento na internet explicam: "todos são bem-vindos e, não, não é preciso ir com pouca roupa para participar."

"Como lutamos pela autonomia sobre nossos corpos e escolhas, seria um contrassenso sugerir como as pessoas devem se vestir pra ir à marcha", dizem elas, que preferem não se identificar.

As integrantes também explicam o uso irônico do termo "vadia" para protestar contra a responsabilização das mulheres que são vítimas de violência.

"Qualquer ação minimamente desviante dos padrões de comportamento impostos às mulheres as torna passíveis de serem rotuladas como 'vadias' --o que levaria ao direito de violentá-las. Mas o único culpado pela agressão é o agressor --não é a roupa, não é o comportamento da mulher", dizem.

ORIGEM DO NOME

Para quem não gosta do uso da palavra, as participantes respondem em cartazes feitos para a manifestação. "A palavra vadia te assusta? E a violência contra a mulher?", diz um deles.

O nome da marcha é tradução do inglês "Slut Walk", como foi nomeada a primeira manifestação, no Canadá, em 2011. O termo 'slut', ou vadia, foi utilizado numa palestra feita por um policial na universidade de Toronto, no início de 2011, em que ele sugeriu às mulheres que deixassem de se vestir como vadias para que não fossem estupradas.

As canadenses então organizaram um protesto que reuniu cerca de 3.000 pessoas e se espalhou por cidades como Los Angeles e Chicago (EUA), Buenos Aires (Argentina), Amsterdã (Holanda) e outras pelo mundo.

Segundo as brasileiras, as Marchas das Vadias são independentes. "Cada país, estado, cidade, município faz como pode e quer. É importante que seja assim, pois cada lugar tem suas especificidades. O que não significa que não haja troca, diálogo."

EM SÃO PAULO

Em 2011, a marcha foi realizada em São Paulo no dia 4 de junho e reuniu cerca de 300 pessoas na praça do Ciclista, segundo estimativa da Polícia Militar. Na página do Facebook, mais de 6.000 pessoas haviam confirmado presença no evento. Em 2012, o protesto ocorreu em pelo menos outras 14 cidades do Brasil.

Nesta edição, a Marcha das Vadias em São Paulo é organizada por um coletivo de feministas criado especialmente para o ato, segundo as manifestantes.

O coletivo não faz acolhimento de vítimas de violência, mas orienta as pessoas sobre como fazer as denúncias e a quem recorrer para obter ajuda. "Este ano nosso tema é 'Quebre o Silêncio', vamos falar da importância das denúncias. Para isso, imprimimos cinco mil panfletos que explicam quais os tipos de violência de gênero, onde denunciar e como obter apoio físico e emocional."

Além do protesto em São Paulo, para 2013 já está prevista uma marcha em Belo Horizonte.


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