Folha de S. Paulo


'Muçulmanos são primeiras vítimas do fanatismo', diz presidente francês

Os muçulmanos são as primeiras vítimas do Islã radical no mundo, disse nesta quinta-fira (15) o presidente francês François Hollande durante um discurso no Centro Cultural Instituto do Mundo Árabe, em Paris.

De acordo com o chefe de Estado francês, eles têm os "mesmos direitos e deveres de todos os cidadãos e devem ser protegidos".

A declaração foi feita dentro de um contexto do aumento da estigmatização dos muçulmanos na França, religião que conta com mais de 3 milhões de adeptos no país.

Patrick Kovarik/AFP
Presidente francês, François Hollande, discursa em cerimônia em 13 de janeiro
Presidente francês, François Hollande, discursa em cerimônia em 13 de janeiro

"Os muçulmanos são as primeiras vítimas do fanatismo, do fundamentalismo e da intolerância no planeta", ressaltou o presidente francês durante a inauguração do Fórum do Mundo Árabe, uma semana depois dos atentados na França.

"O islamismo radical se alimentou de todas as contradições, misérias, desigualdades e outros conflitos", declarou.

De acordo com Hollande, os franceses têm os mesmos direitos e deveres que todos os franceses e a laicidade faz parte desses valores, porque respeita todas as religiões.

"A França é um país amigo, mas que tem regras, princípios e valores. Entre esses valores, há os que não podem ser negociados, a liberdade, a democracia."

O presidente disse esperar que os muçulmanos vivendo na França se sintam unidos e protegidos e respeitados, mas também afirmou que eles devem respeitar a República.

A União das Organizações Islâmicas da França pediu na quarta (14) "um gesto forte do presidente" em relação aos muçulmanos franceses, vítimas da ira anti-islâmica.

HOMENAGENS NA ALEMANHA

A chanceler alemã, Angela Merkel, prometeu nesta quinta-feira (15) combater a ideologia do terrorismo diante dos deputados do Bundestag, homenageando as vítimas dos ataques que aconteceram na França. O Parlamento também fez um minuto de silêncio pelas vítimas.

"Aqueles que disseminam o ódio e cometem atos de terrorismo em nome do islã, seus cúmplices e os articuladores do terrorismo internacional serão combatidos com rigor, e todos os meios à disposição de um Estado de direito serão utilizados", disse a chanceler.

Ela também assegurou que os judeus e muçulmanos da Alemanha serão protegidos pelas autoridades.

"Aqui na Alemanha, não vamos nos dividir", afirmou. "Nada pode justificar o terrorismo, nem uma infância difícil nem uma religião."

Ela também disse estar consciente de que não há "segurança na Alemanha se não há segurança na França".


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