Folha de S. Paulo


Dilma erra ao receber grupo que pede mudanças no futebol, diz Sanchez

O ex-presidente do Corinthians e maior esperança do PT como puxador de votos na eleição para deputado federal neste ano, Andrés Sanchez, diz que foi um erro a presidente Dilma Rousseff ter recebido recentemente o movimento Bom Senso F.C., que pede mudanças na gestão do futebol no Brasil.

http://www3.uol.com.br/module/playlist-videos/2014/andres-sanchez-no-poder-e-politica-1402012716453.js

"Quem faz o futebol são os clubes, atleta e torcedor", declara Andrés em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do "UOL". Ele afirma que o Bom Senso F.C. foi "pelo caminho errado" e seus representantes "exageraram". Preferiria que tivessem atuado pelos "sindicatos em seus Estados".

E se os dirigentes sindicais não ajudam? "Vai lá e tire eles", responde o pré-candidato a deputado federal. "É muito bonito pegar oito, nove jogadores consagrados e ficar falando", afirma. "O jogador tem que participar das reuniões, dos debates. Agora, eu acho que eles passaram um pouco do limite".

Ao receber o Bom Senso F.C., Dilma Rousseff deu ao grupo um espaço "que não concede aos clubes, que não concede ao sindicato, que não concede a ninguém", reclama Andrés. Ela errou? "Lógico, totalmente".

Aos 50 anos, o descendente de espanhóis acredita que terá de 160 mil a 200 mil votos na eleição para deputado federal. Dentro do PT, a expectativa é maior. Ele teria potencial para chegar a 500 mil votos, suprindo uma deficiência do partido. Encrencados com a Justiça ou com escândalos diversos, vários petistas campeões eleitorais não disputam nada neste ano –como José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoino, todos presos por causa do mensalão.

Amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente do Corinthians fala com algumas ressalvas sobre Dilma Rousseff, embora a descreva como "pessoa muito bem-intencionada". Qual a diferença entre ela e Lula? "O Lula tem mais paciência para ouvir muita gente, prós e contras". E ela não? "Talvez, ela não. E o Lula tem uma coisa que poucos têm: a sabedoria de lidar com os diferentes, isso é uma arte".

Espontâneo, Andrés diz ter ficado "muito triste" pelo fato de Dilma Rousseff ter se referido ao novo estádio do Corinthians como "Itaquerão" numa entrevista à TV Bandeirantes, nesta semana. "Vou mandar uma carta oficial para o Palácio [do Planalto] dizendo que isso é um absurdo, não pode chamar. Lá é Arena Corinthians, não é Itaquerão", diz o cartola.

Ao pronunciar "Itaquerão", Dilma cometeu uma "gafe" ou um "equívoco", diz. "Para ser bonzinho", pois acha que a presidente "foi mal informada. Infelizmente, a assessoria dela falhou. E falhou feio". Andrés aproveita também para reclamar da mídia. "Ela deve ler a Folha ou o UOL (...), que insistem em chamar de Itaquerão".

A expectativa de Andrés é negociar o direito de uso do nome do estádio do Corinthians até dezembro. Estima uma renda anual de R$ 20 milhões. Nega que a arena vá drenar recursos do time. Apresenta um cálculo de receita de até R$ 35 milhões por ano com o aluguel para eventos –não os megashows musicais, pois esse tipo de atividade tem um concorrente "imbatível": o novo estádio do Palmeiras, o rival corintiano histórico.

No ano passado e início do atual, Andrés tentou montar uma chapa de oposição para comandar a Confederação Brasileira de Futebol. Não deu certo. Tentará de novo em 2018, quando terminar o mandato do próximo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.

Com Del Nero à frente da CBF, o futebol ficará igual "ou pior" nos próximos anos, avalia Andrés. Ele acha que o ex-presidente da entidade, Ricardo Teixeira foi bom dirigente. Só errou "talvez" ao ter ficado muito tempo no cargo.

O corintiano é contra a reeleição em qualquer instância ou entidade. Se for eleito deputado, defenderá o fim da renovação de mandatos em todos os cargos, inclusive no caso de vereadores, deputados e senadores.

Outra ideia sua é acabar com a proibição de venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol. "Essa é a coisa mais ridícula que existe nesse país. O cara fica bebendo a meio metro do estádio, na porta do estádio. E aí, cinco minutos [depois], entra aquele bando, na última hora, tudo já 'tomado'... É um absurdo. Se vende bebida no Carnaval, no show, no teatro, em todo lugar, só no futebol que não?".

A campanha para chegar à Câmara dos Deputados deve custar até R$ 3 milhões. Quem banca? "Minha família e eu. Já pensou se a Odebrecht me doa dinheiro?", pergunta.

A seguir, trechos da entrevista gravada nesta quarta-feira (4.jun.2014):

*

Folha/UOL - Foi uma boa ideia realizar a Copa do Mundo no Brasil em 12 cidades diferentes?
Não. É a primeira vez na história que uma Copa do Mundo tem mais do que oito ou dez sedes. Mas o Brasil é um país continental e entenderam que teriam que ter 12 sedes.

O que vão fazer com os estádios das cidades-sedes que não têm clubes na primeira divisão?
Mesmo que não tenha time na segunda, ou na primeira divisão, tem times na série C ou na série D que são importantes.

Mas e Brasília?
Brasília eu acho que foi um exagero ter um estádio para 74 mil pessoas. Deviam fazer um estádio para, no máximo, 40 mil pessoas. Lá é a capital do Brasil, tem movimento, pode ter outras utilidades.

Qual foi o custo do estádio construído pelo Corinthians?
O custo, da obra em si, ficou em R$ 965 milhões. Mas o Corinthians teve que pagar R$ 1,150 bilhão. Por quê? Atrasou o financiamento do BNDES quase dois anos. São quase R$ 108 milhões de juros. Teve o overlay [estruturas temporárias] que todo mundo ia pagar, mas acabou de a arena ter que pagar –então, são mais R$ 100 milhões.
Realmente, houve uns 14%, 15% de estouro do custo da obra. Por isso ficou em R$ 1,150 bilhão. Você tira os incentivos fiscais que existem para a Zona Leste, o Corinthians tem que pagar de R$ 700 a R$ 750 milhões em 12 anos.

Quem banca, de fato, as estruturas provisórias que são colocadas para a Copa do Mundo.
A Arena Corinthians assumiu tudo.

Quanto custa?
Até R$ 100 milhões, mas deve ficar em torno de R$ 70 a R$ 80 milhões.

O clube, o Corinthians, vai assumir esse...
Não, a arena...

Como funciona?
Foi montado um fundo imobiliário com cotas, do qual a Odebrecht é a proprietária majoritária. Conforme o Corinthians for pagando as prestações, as cotas vão vindo para o Corinthians. Daqui a 12 anos, pagou tudo, não existe mais fundo. Não tem dinheiro do Corinthians como clube. Nem no fundo e nem para o Corinthians. É uma engenharia financeira muito bem pensada, muito bem feita. É um fundo de investimento em que toda a arrecadação da arena vai obrigatoriamente para esse fundo.

E quem dá o dinheiro agora para instalar a arquibancada provisória para Copa?
A arquibancada provisória é o governo do Estado e a Ambev. Não tem nada a ver com o Corinthians.
A Ambev que contratou algumas empresas e contratou a Fast [Engenharia] para fazer as arquibancadas provisórias.

A Ambev está pagando?
Perfeito. O Corinthians e a Odebrecht não têm nada a ver com isso.

E quanto custou essa arquibancada provisória bancada pela Ambev?
R$ 38 milhões, 39 milhões.

A construção da arena ficou a cargo da Odebrecht. Essa é a empresa no Brasil que mais recebe dinheiro de governos, porque faz muitas obras públicas. O financiamento foi do BNDES. A fronteira entre o que é público e o que é privado foi ultrapassada?
Isso é um absurdo.

Por quê?
Porque nós brasileiros somos hipócritas em muitas coisas. Nós fazemos e duvidamos de coisas que são terríveis. A Odebrecht é uma das maiores construtoras do país. Uma das maiores do mundo. Quem vai fazer construção aqui de grande porte são três, quatro construtoras brasileiras.
A Odebrecht realmente teve uma dificuldade porque o financiamento demorou dois anos e ela bancou do caixa dela, dentro desse fundo, que já tem juros pré-determinados e que a arena vai pagar de volta para ela. Ela fez um investimento financeiro dentro do estádio. Era um projeto que ela estava buscando com o Corinthians desde 1997.

O Corinthians vai receber recursos da arena nos próximos anos?
Vou te explicar. O Corinthians não vai por nenhum tostão na arena. Quando começar a funcionar, pagou a prestação? Pagou a manutenção do estádio? Sobrou quanto? Sobrou [digamos] R$ 50 milhões, R$ 25 milhões ficam no fundo para antecipar o financiamento no final, e R$ 25 milhões vão para o clube.

Se tiver esse excedente...
Mas vai ter. O projeto que nós fizemos financeiramente vai arrecadar uns R$ 200 milhões por ano. A prestação [anual] é R$ 90 milhões. A manutenção é de R$ 30 milhões, R$ 35 milhões.

Ou seja, se essa meta de ter um faturamento de cerca de R$ 200 milhões por ano com o estádio permite uma "sobra" para o Corinthians.
Tem R$ 60 milhões, R$ 70 milhões de lucro [por ano]. Você divide metade e sobra mais que um Pacaembu para o Corinthians por ano.

Mas isso vai acontecer já?
Este ano, não...

Em 2015?
Mais do que R$ 200 milhões. Ninguém entendeu ainda como é o estádio do Corinthians. O estádio não é só para o futebol. Existem mil coisas lá dentro para eventos, convenção, feira, festas. Vai depender da competência de quem vai administrar para trazer isso de volta. É um centro de convenções.
O futebol é o que você menos vê lá. São 40 eventos por ano no futebol. Nós temos que trabalhar lá 300 dias por ano.

Qual será o maior concorrente do estádio? O estádio do Palmeiras?
Não. São projetos diferentes. O estádio do Palmeiras é muito bem concebido, mas é totalmente diferente, em regiões diferentes.
Nós pegamos mais pelo business, pelas empresas, para evento, para convenção, para feiras, para auditórios do que propriamente para o show. Show, eu acho que o do Palmeiras vai ser imbatível.

O Palmeiras terá mais shows e o Corinthians pegará mais eventos corporativos?
Isso. Tem uma área interna de 130 mil metros [quadrados] no prédio oeste. Tem 42 mil metros [quadrados] que são feitos por divisórias para você fazer qualquer tipo de evento de 300 a 15 mil pessoas.

Convenções?
Convenção, feira, lançamento de produto, um monte de coisa. Festa de casamento, festa de batizado, o que quiser fazer.

E o gramado nunca será coberto para shows?
Não.

Não era bom que fosse?
Não. Nós fizemos um projeto no gramado que gastamos R$ 2 milhões e pouco a mais do que custaria, mas tem ar-condicionado, tem água gelada, tem um monte de coisa no gramado. É grama de inverno. Então não tem cabimento fazer um show para daqui a dois meses estarem reclamando que o gramado está ruim.

Não teria como gastar um pouco mais para poder usar em shows?
Não tem tecnologia para isso.

Como o Palmeiras vai fazer?
É outro tipo de grama. Além de ser isso, o Palmeiras tem um recuo, que faz uma arena dentro do estádio que pode fazer o show.

Não em cima da grama?
Talvez pegue uma parte que eles estão preparando, mas foi muito bem pensado o estádio do Palmeiras também.

O BNDES cumpriu o acordado com o Corinthians a respeito dos R$ 400 milhões de financiamento?
Não.

O que aconteceu?
Atrasou dois anos.

Por quê?
Porque eles não entenderam. Não é nem o BNDES, é o banco repassador. O BNDES é outra coisa, mas a burocracia brasileira é muito grande, é muito difícil. Atrasou quase dois anos e isso custou um juro para o Corinthians muito alto.

Mas de quem foi a responsabilidade?
Como era um fundo imobiliário, o banco repassador, a princípio, seria o Banco do Brasil, que repassou todo o dinheiro do ProCopa. Como era um fundo imobiliário, eles não tinham muita expertise nisso. Depois a Caixa, que tem expertise em fundos imobiliários, conseguiu entender o projeto. Foram dadas garantias à Odebrecht, garantias do Corinthians e a própria garantia do projeto. Talvez seja um dos financiamentos que mais garantia tenha nesse país.

Mas e o atraso? Não teve jeito?
O Corinthians teve que pagar R$ 100 milhões de juros porque tivemos que fazer empréstimos-ponte para pagar e não parar a obra.

Sobre o nome do estádio do Corinthians. O Corinthians chama de Arena Corinthians. Os jornais brasileiros...
Jornais, não. A Folha de S.Paulo, o UOL, que insistem em chamar de Itaquerão, mas é um direito deles.

O jornal "New York Times" fez uma reportagem com fotografia e chamou de Itaquerão...
É porque o UOL e a Folha talvez devem ter muita audiência nos Estados Unidos e eles copiam.

A presidente Dilma Rousseff, nesta terça-feira, 3 de junho, deu uma entrevista para a TV Bandeirantes. Ela se referiu ao estádio do Corinthians como Itaquerão. O que acontece?
Fiquei muito triste. Com certeza vou mandar uma carta oficial para o Palácio [do Planalto] dizendo que isso é um absurdo, não pode chamar. Lá é Arena Corinthians, não é Itaquerão.

Qual é o problema de se referir ao bairro?
Porque nós vamos vender o nome. Não é o bairro, o bairro é Itaquera. Se chamar Arena Itaquera você não vê eu reclamar. Estádio Itaquera você não vê eu reclamar. Agora, o apelido, não.

Mas tem conotação pejorativa "Itaquerão"?
Não. Tem mau interesse da imprensa, de uma parte da imprensa, porque todo mundo sabe que hoje vender o nome do estádio é uma grande fonte de renda para os clubes. Na Europa já está consolidado, nos Estados Unidos há muito mais tempo.
Nós vamos vender o nome do estádio como o Allianz Parque do Palmeiras foi vendido e poucas pessoas da imprensa falam. Mas o Corinthians vai insistir. Daqui a alguns anos vão aprender e entender que isso é uma grande fonte de renda para os clubes de futebol ou para as arenas de show e para quem quer que seja.
Acho uma falta de respeito do UOL, da Folha de S.Paulo e alguns órgãos de imprensa. Eu mandei carta para todos pedindo para se chamar Arena Corinthians. Muito triste. É a mesma coisa falar: O BNDES emprestou dinheiro para você, mas no UOL, na Folha e em todo lugar, os Correios, Banco do Brasil, faz propaganda. É dinheiro público ou não é dinheiro público? Eu não entendo isso aí. Quando é para o clube é dinheiro público, quando é para a imprensa é dinheiro o quê? Não dá para entender direito.

No caso da presidente...
Uma gafe.

Ela cometeu uma gafe?
Uma gafe, uma gafe com o Corinthians. Lá é Arena Corinthians, o estádio do Corinthians.

O sr. vai mandar uma carta?
Vou mandar uma carta oficialmente e vou ligar para pessoas próximas dela para dizer. Ela deve ter dito pela força de expressão que sai da imprensa.

Ela cometeu um...
Equívoco. Para ser bonzinho.

Por quê?
Porque sim. Porque eu acho que todo mundo já sabe que lá é Arena Corinthians.

O que aconteceu no caso da presidente?
Foi mal informada. Infelizmente, a assessoria dela falhou. E falhou feio.

Ela deve ler jornal...
Por isso talvez, porque ela deve ler a Folha de S.Paulo. Ou o UOL. Está errada ela, hein?

Como está a negociação dos direitos de explorar o nome do estádio do Corinthians?
Tem que falar com o UOL e com a Folha para parar de chamar de Itaquerão, né?

Mas e a negociação do nome do estádio?
Estamos negociando. Tem três, quatro empresas...

São conhecidas? É possível dizer quais são?
Não posso dizer porque, nesse tamanho de negócio, a empresa que não fechar acha que perdeu. Fica um pouco delicado. Mas está cada dia mais adiantado. É uma novidade no Brasil.

A expectativa é que o negócio possa render qual renda?
Em torno de R$ 400 milhões por 20 anos.
Seriam uns R$ 20 milhões por ano. Já está atrasado um ano, um ano e meio. Não vamos ser hipócritas e achar que estamos no timing bom. Já era para estar fechando isso há mais de um ano. Mas acredito eu que em no máximo mais alguns meses fecha.

Ainda em 2014?
Temos que fechar. Acredito que até antes do final do ano feche.

O ex-jogador Ronaldo disse estar envergonhado pelo fato de algumas obras da Copa do Mundo não terem ficado prontas. Qual é a sua opinião sobre a declaração do Ronaldo?
Acho que ele estava com uma expectativa, há alguns meses, de que tudo ficasse pronto. Quando ele sentiu agora que nem todas as obras ficariam prontas, sentiu-se no direito de dar aquela resposta. Ele foi um dos caras que mais comprou a ideia de Copa. Infelizmente, ele se sentiu assim e disse isso.

O Ronaldo foi ingênuo?
Não. De ingênuo ele não tem nada.
Naquele momento ele deve ter tido alguma reunião e viu que algumas obras não ficariam prontas. E se sentiu no direito de falar.

Teve cálculo político?
Não levo para esse lado.

E o fato de ele também ter declarado apoio ao candidato a presidente pelo PSDB, Aécio Neves?
Ele é amigo do Aécio há muitos anos, há décadas. Infelizmente, a grande maioria dos brasileiros não vota no partido, vota em pessoas. O que eu acho que é um erro. Acho que tinha que votar no partido, tinha que votar no projeto do partido. Infelizmente, nós vamos muito pelas pessoas. Ele [Ronaldo] é um exemplo de muitos brasileiros que votam na pessoa e não no partido.

Conversou com ele depois dessas declarações?
Muitas vezes.

O que ele falou?
Nem falei com ele disso porque foi muito rápido. Mas te garanto que é isso aí. Até cinco, seis meses atrás ele estava achando que ia ficar tudo pronto. Infelizmente, nem tudo ficará pronto.

Ainda sobre o Corinthians de novo. Qual será o valor dos ingressos, tomando por base a partida recente contra o Figueirense?
R$ 35 reais, o sócio-torcedor pagou.

A pessoa que chega na hora...?
R$ 50.

Esse valor está baixo ou alto?
Não está caro. Está razoável para o salário mínimo do brasileiro.

Quanto deve ser um valor justo para entrar em um jogo de futebol em um estádio novo como esses que estão sendo construídos?
No dia em que os brasileiros de menor renda melhorarem a renda, fora o que já melhoraram, tudo vai aumentar. Mas enquanto nós tivermos pessoas aqui que ainda não tenham condições, nós temos que achar uma escala. O futebol é o esporte mais democrático e nós não podemos nos esquecer das pessoas que têm condições e das que não têm também. Tem que mesclar.

Mas qual deve ser o preço médio do ingresso para jogos da primeira divisão?
O ticket médio tem que ser uns R$ 100, R$ 110.

Para jogo de final ou para todos?
Para tudo. Você vai ter ingressos a R$ 30, R$ 35, e vai ter ingressos a R$ 1.000. No jogo do Corinthians contra o Figueirense deu na média R$ 83. Mas tinha ingresso lá a R$ 35 para sócio.

A primeira divisão do futebol brasileiro está pronta para cobrar, na média, R$ 100, R$ 110 por ingresso?
Não sei se ano que vem está pronto. É uma busca que os clubes têm que fazer. Os clubes estão pagando salários muito altos para o time, comissão técnica. Todo mundo exige grandes jogadores e isso tem um custo. Futebol hoje virou um grande negócio. Aquele negócio do amor acabou há duas décadas.

O vai acontecer, agora, durante a Copa do Mundo, a respeito dos possíveis protestos que podem ocorrer?
Sou totalmente a favor do protesto. Acho que tem que reclamar mesmo, mas não pegar o gancho de Copa do Mundo para fazer isso porque dá publicidade, porque tem muita mídia. Acho isso um aproveitamento errado.
Por escola, educação, segurança, hospital, isso nós temos que estar reclamando já há 20 anos. Será que agora na Copa do Mundo tem que consertar tudo? Acho que tem que deixar a Copa do Mundo, o futebol, de um jeito e começar os protestos por tudo aquilo que nós necessitamos. Não só antes da Copa, durante a Copa, como, principalmente, pós-Copa. A Copa do Mundo é um evento que vai ficar aqui 40, 50 dias e vai embora. Nós temos que receber os turistas da melhor maneira possível, fazer uma grande festa.

Por que sua passagem pela Confederação Brasileira de Futebol, como diretor de seleções, durou tão pouco?
Depois de nove meses eu pedi demissão porque eles contrataram o [técnico] Felipão sem eu saber e com o Mano [Menezes] trabalhando. O Felipão foi encontrado em setembro e em outubro foi contratado.

Houve uma quebra de relação de confiança?
Isso. Eu posso ser tudo menos rainha da Inglaterra para eles. Simplesmente foi isso.

Por que aconteceu isso?
Ah, não sei. Tem que perguntar para o Marco Polo [Del Nero].

E para o José Maria Marin?
O Marin também. Eu respeito a hierarquia, mas era inadmissível ser diretor de seleções e não saber que estavam contratando um treinador. O diretor de seleções tinha que ser, pelo menos, comunicado.

Foi um erro a contratação do Felipão?
Se perder a Copa, é um erro. Se ganhar, foi um acerto. Futebol é resultado.

Mas antes disso?
Eu não tiraria o Mano na época.

Foi um erro tirar o Mano na época?
Daquela maneira que tirou, e na época que tirou, sim. Teria que esperar até a Copa das Confederações.

Por que eles fizeram isso?
Não sei.

Deve ter um palpite.
Não sei, não sei. Agora, se o Felipão ganhar a Copa, se for o campeão, fizeram o certo. Se não for, erraram. Infelizmente, futebol é resultado. É a única coisa nesse país que não adianta você fazer bem feito, você tem que ganhar.

Como foi a conversa com Marco Polo Del Nero e com José Maria Marin na sua saída?
Nem falei com ele. Eu pus a carta de demissão...

Não houve um telefonema?
Nada. Na sede da CBF pus a carta de demissão e fui embora.

Ninguém te ligou?
Graças a Deus.

Nunca mais?
Não. Falo com Marin constantemente.

E nunca tocam no assunto?
Não, nunca tocamos.

Ele agiu corretamente?
Naquele momento...Não. Corretamente, não. Se eu achasse que não era momento de tirar o treinador, na minha concepção, não foi correto. Mas o Marin comigo não teve problema nenhum. Marco Polo teve alguns problemas e ele fica lá e eu fico aqui.

Quais problemas?
Ah, não vou aqui revelar. Mas ele fica lá, bem longe, e eu fico aqui.

Marin, não?
Marin, não. Marin foi um cara que, bem ou mal, sempre falou olhando para mim.

Passou esse mal-estar?
Faz dois anos já. Está louco? Graças a Deus. Já pensou eu estar aí diretor de seleções e a pressão que estaria aí. Pelo amor de Deus.

No ano passado, foi noticiado que o sr. articulava uma chapa de oposição para presidir a CBF. Passou o tempo, a chapa acabou não vingando. O que aconteceu?
Porque o tipo de eleição na CBF é muito arcaico. Você tem que ter apoio de oito federações de cinco clubes.

Você precisa ter esse apoio para lançar uma chapa...
Para ser candidato.

Quantas federações o sr. chegou a conseguir?
Eu não consegui nenhuma porque eu não era candidato, mas o grupo...

O grupo?
Até seis federações.

Chegou a seis?
É. Aí, no dia que nós fomos decidir quem seria o candidato, que foi decidido pela maioria que seria o [Francisco] Noveletto [presidente da Federação Gaúcha de Futebol], nós abrimos mão para ele. Ele começou a trabalhar. Infelizmente, não conseguiu viabilizar as oito federações. Mas foi importante ter isso. Foi um comecinho. Vamos esperar as próximas para ver o que acontece.

Numa entrevista no ano passado, Marin respondeu que não temia enfrentar uma chapa de oposição, com o apoio do ex-presidente Lula, que é amigo do sr. Marin disse que Lula teria dito a ele que não se envolveria na sucessão da CBF...
Certo, porque o Lula tem muito mais problemas para resolver do que uma candidatura [a presidente da CBF]. É obvio que ele apoiaria e me apoia até pela relação que temos. Mas eu acho que o presidente Lula tinha outros mil problemas para resolver. Mas o Marin respondeu bem.

Até aquele momento achava-se que realmente o ex-presidente Lula iria participar desse processo de sucessão na CBF.
Eu nunca pedi para ele. Eu nunca fui lá e disse: "Presidente, eu quero apoio do sr. para presidente [da CBF]".

Mas desejaria...?
Nunca falei que eu era candidato. Falei que era oposição. Se tivesse um grupo de oposição, apoiaria e trabalharia.

Mas poderia ser o sr., claro...
Poderia ser eu também. Eu trabalhei e fiz de tudo para ter um candidato da oposição, mas infelizmente não conseguimos.

Agora vai demorar...
Quatro anos. Estamos articulando tudo para em 2018 ter candidato.

Gostaria de ser presidente da CBF?
Acho que eu seria muito mais importante para o futebol brasileiro na CBF do que o Marco Polo. Mas agora não tenho esse desejo. O desejo que eu tinha, o sonho que eu tinha era ser presidente do Corinthians. Graças a Deus, fui.

Na sucessão de Marco Polo Del Nero, ser puder ser candidato, apoiado por um grupo, seria?
Se o grupo achar que seria o meu nome o melhor, sem problema nenhum. Mas eu estou trabalhando com os amigos e na época nós já tentamos fazer um grupo mais forte ainda para fazer oposição e ter candidato em 2018.

O atual grupo que comanda a CBF sucedeu a Ricardo Teixeira. Que legado Ricardo Teixeira deixou para a CBF e para o futebol?
Ele pegou a CBF quebrada. Entregou como uma das confederações que mais arrecada, financeiramente falando. Erros todos cometem. Talvez o maior erro dele foi ficar muito tempo no comando. Acho que tem que ter renovação. Sou contra reeleição. Ele achou que tinha que ficar muito tempo e, queira ou não queira, ele fez muito bem ao futebol. Essas acusações que têm eu não entendo. Há décadas acusando, há décadas falando e ninguém prende, ninguém faz nada. Incrível.

O legado de Ricardo Teixeira então é bom?
Acho que ele deixou mais coisas boas que ruins.

Foi um bom dirigente?
Para o futebol, sim.

A Fifa faz bem para o futebol?
Não tenho nem como fazer. Acho que quem faz o futebol, primeiro, são os clubes, depois os jogadores e o torcedor. Se não tiver esses três, não existe futebol.

O que acha da Fifa?
Acho que é uma grande empresa, de um grande negócio, que é democrática. Se todo mundo que está lá, vota nela, é a favor dela, pra que tem que fazer uma revolta? Quem tem que brigar por isso são os clubes. Juntar os clubes europeus, sul-americanos e tudo, do mundo, e falar: "Ó, quem vai fazer o mundial somos nós". Quem faz o futebol é o clube.

A Fifa exagerou nas exigências ao Brasil?
Ah, não sei. Em qualquer país que tem Copa do Mundo as exigências são as mesmas.
Como é que pode vender bebida na Copa do Mundo e depois o Corinthians não pode vender no estádio dele? Então nós somos povo de segundo escalão. Eu me sinto. Se pós-Copa do Mundo o Corinthians não puder vender cerveja, o Corinthians e os clubes, nessas arenas novas não puder vender cerveja ou bebida, eu vou me sentir de segunda classe.

Tem como mudar essa lei?
Essa é a coisa mais ridícula que existe nesse país: não poder vender bebida. O cara fica bebendo a meio metro do estádio, na porta do estádio, e aí cinco minutos [depois] entra aquele bando, na última hora, tudo já "tomado"... Hoje as arenas novas têm espaço, restaurantes modernos, bares grandes. Não tem problema. É tudo filmado. Quem se exceder...

Tem espaço para tentar reverter a lei que impende a venda de bebida alcoólica em estádios depois da Copa?
Tem que ter. É um absurdo se não for. Como é que pode vender na Copa e nós brasileiros, não? Nós não somos povo de segunda classe. Essa é a coisa mais ridícula que tem. Se vende bebida no Carnaval, no show, no teatro, em todo lugar, só no futebol que não?

Qual é sua opinião sobre o movimento Bom Senso F.C.?
Acho que tem coisas boas, mas exageraram.

Por exemplo?
Rever o calendário, não atrasar salário para jogadores e para comissão técnica.

Mas isso não é bom?
Isso é muito bom. Mas eu acho que eles foram pelo caminho errado.

Qual?
Eles têm uma classe representativa. Se eles não concordam com a classe representativa, eles vão e destituem os seus dirigentes e informem eles.

No sindicato dos jogadores?
Lógico! Tem os sindicatos em seus Estados e o nacional. Se não estiver contente, vai lá e tire eles. Agora, é muito bonito pegar oito, nove jogadores consagrados e ficar falando. 95% dos jogadores brasileiros não ganham dois salários mínimos no Brasil. Nenhum jogador joga 70 jogos por ano. Se ele não joga com dorzinha, não joga porque se machucou. Tem coisas boas. O jogador tem que participar das reuniões, dos debates. Agora, eu acho que eles passaram um pouco do limite.

O que recomendaria? Que se dissolvesse o Bom Senso e eles se incorporassem aos sindicatos?
Discute junto com o sindicato, com as entidades dos clubes e dos governos.

Ou seja, acaba o Bom Senso e vai para o sindicato?
O que é o Bom Senso? É uma associação? Montaram o quê? É o novo sindicato? Eu, se eu estivesse em um clube como presidente, eu não reconheceria o Bom Senso. E olha, o Paulo André [ex-zagueiro do Corinthians e um dos idealizadores do Bom Senso] jogou comigo. Eu que contratei, é um grande amigo, um cara muito capacitado. Mas eu falei para ele, vocês tem que procurar o sindicato e tentar fazer um Bom Senso dentro do sindicato.

Mas acho que não vão fazer...
É, não sei.

O Bom Senso foi recebido pela presidente da República, Dilma Rousseff. Ela está concedendo a eles um espaço...
...Que não concede aos clubes, que não concede ao sindicato, que não concede a ninguém. Eu acho que é um pouco contrassenso, né?

Ela erra ao receber o Bom Senso e não receber os clubes e os sindicatos?
Lógico, totalmente. Eu já falei: quem faz o futebol são os clubes, atleta e torcedor.

O sr. deve ser candidato a deputado federal pelo PT de São Paulo. Como vai ser a sua campanha? Quais causas defenderá?
Por inclusão social e bater muito na reforma política. Tem que mudar a maneira de se fazer política nesse país. Não tem cabimento a maneira que se faz política hoje.

O que está errado na forma que se faz política hoje?
Não tenho o dom de saber de tudo, mas eu sou contra a reeleição em qualquer órgão. No Corinthians, eu saí com 98% [de aprovação] e não fui reeleito. Não quis reeleição. Acho que para presidente, para governador, para prefeito e até senador e deputado tem que se achar uma maneira de prorrogar o mandato e não ter reeleição.

Como assim?
Seis anos e troca [hoje, os mandatos são de quatros anos; para senadores, o mandato é de oito anos].

Sem reeleição, inclusive no Legislativo?
Quem for bom, depois, no outro mandato volta.
Vamos supor: se eu for um vereador muito bom, me candidato a deputado. Se eu sou um deputado muito bom, vou a senador. Se eu sou um senador muito bom, vou a presidente. Então, você pode se reeleger, mas não para o mesmo cargo. Acho que isso daria uma oxigenada muito grande no brasileiro. Muitos brasileiros que não têm chance hoje teriam chances de entrar para ver se tudo que falam que é errado é errado mesmo.

Tudo teria que ser coincidente, em uma eleição só? Voto de vereador a presidente?
Pode fazer em dois dias, sábado, uma parte, e domingo, outra.

Muitos já tentaram uma reforma política, mas fracassaram. Se o sr. tivesse que escolher só um item para começar, qual seria?
Uma pergunta difícil. Mas ainda acredito que seria acabar com a reeleição.

Sua atuação é muito ligada ao esporte, ao futebol, ao Corinthians. Nessa área do esporte, do futebol, se eleito deputado, como o sr. atuaria?
A pauta do esporte eu vou participar fortemente. Até pela experiência que eu tenho de ter sido dirigente de um dos maiores clubes do Brasil. Mas não vou colocar como primeira causa discutir o futebol. Se fosse para eu ficar falando de futebol eu ficava no Corinthians.

Mas tem algum item do futebol ou do esporte que o sr. vai incluir na sua atuação se eleito deputado?
Por exemplo, não dá para um jogador de futebol que trabalha duas horas por dia, concentra um ou dois dias antes do jogo, trabalha todos os finais de semanas, ser regido pela CLT.
O jogador começa com contrato aos 16 anos, mas ele joga desde os oito. Com 16, faz o primeiro contrato. Ele não consegue jogar mais do que 15 anos. Alguns, 20 anos. Mas é, em média, 15 anos. Tem que ter uma aposentadoria especial, um pouco antecipada. Como quem trabalha na Petrobras, com 20, 25 anos se aposenta, quem tem risco de vida.
O atleta de alto rendimento, seja o esporte que for, tem que ter um regime trabalhista diferenciado do resto da população.

Esse seria um projeto a ser defendido, por exemplo?
Tem que ser porque o jogador de futebol hoje é regido pela CLT.
Eu pago adicional noturno? Não. Mas ele trabalha duas horas por dia. Não trabalha oito horas por dia. Ele trabalha todo final de semana, ele não tem folga. É todo final de semana.

Como deveria ser melhorado o calendário do futebol brasileiro?
Não é simples responder. Entendo que o jogador tem que ter 30 dias de férias. E, no mínimo, 20 dias de pré-temporada. Tem que ter uma janela em agosto para os clubes brasileiros fazerem excursões no exterior.

O que fazer com o campeonato regional?
O regional você tem que aumentar ou acabar.

Como assim?
Não dá para jogar três meses. Tem time em São Paulo que joga três meses e depois fica o resto do ano sem fazer nada.
Ou você prolonga o campeonato [regional] e os times das séries A e B [do brasileiro] entram nas finais ou você acaba com o campeonato [regional]. Ou você regionaliza os campeonatos estaduais como se fossem nacionais. Então seria série A, B, C, D, E, F. Regionalizando e todo mundo em subdivisão. Alguma coisa tem que ser feita.

Isso depende da CBF...
Tudo é CBF.

Na atual administração da CBF e na futura...
Impossível.

Vai ficar igual?
Ou pior.

Ou pior? Pior como?
Acho que o Marco Polo não seria o nome ideal.

O que ele vai piorar?
Só de ele não mudar nada já piorou.

Quanto custará sua campanha para deputado federal?
Não fiz a conta ainda... Acredito que uns R$ 2,5 milhões ou R$ 3 milhões.

Quem vai bancar isso?
Minha família e eu.

O sr. aceitará doações de pessoas individuais ou de empresas para a sua campanha?
Individuais, pode ser que sim. De empresas, tem que sentar na mesa e discutir o porquê disso.

Como assim?
Com a visibilidade que eu tenho, dependendo da empresa da qual eu receber oficialmente, vão falar que era...
Já pensou se a Odebrecht me doa dinheiro? O UOL ia se deliciar, algumas pessoas aí. É difícil. Quero entrar da maneira que eu sou e quero sair da maneira que eu sou.

Como foi quando o ex-presidente Lula conversou com sr. sobre essa possibilidade de ser candidato a deputado?
Foi rápida. Você sabe que ele é muito rápido nessas coisas. Ele falou que seria importante para mim, principalmente.

Por quê?
Porque abriria meu horizonte. Os problemas são muito diferentes, são um pouco fora do problema de futebol que eu vivia. [Lula disse que eu iria] amadurecer bastante e seria importante para São Paulo e para o Brasil. Então, me convenceu e eu acho que vai ser uma experiência.

O sr. é uma das esperanças do Partidos dos Trabalhadores para puxar votos e o partido eleger uma grande bancada de deputados. Quantos votos o sr. espera ter?
170 mil, para ganhar a eleição. Trabalho com essa hipótese. Então, 170, 200 mil votos para entrar.

Lula deu algum conselho para o sr.?
Para não mudar a maneira de eu ser, para continuar sendo o que eu sou.

O sr. já esteve com a presidente da República Dilma Rousseff. Como foi?
Estive com ela duas vezes. Uma, muito rápida. A segunda foi quando ela foi visitar o estádio do Corinthians na arena.

Qual a sua impressão?
Uma pessoa muito bem-intencionada, mas que infelizmente, talvez as conjunturas do país não permitam fazer aquilo que ela pensa que seria o bem para o país.

Qual a diferença dela para o Lula?
O Lula tem mais paciência para ouvir muita gente, prós e contras.

E ela não?
Talvez, ela não. E talvez o Lula tenha uma coisa que poucos têm, a sabedoria de lidar com os diferentes, isso é uma arte. Para ele lidar com o cara que é presidente dos Estados Unidos e com o cara que varre o chão. Ele trata e tem a mesma sensibilidade com todas as pessoas, acho que isso é uma das maiores virtudes dele.

E a presidente Dilma, do pouco contato que o sr. teve, deu uma impressão diferente dessa?
Até pelo estilo de vida, até pela história de vida de um e de outro. É óbvio isso. Mas é o que eu digo, ou se faz uma reforma política e muda muitas coisas nesse país ou o país vai ter muitos problemas.

Quem vai ser campeão da Copa do Mundo aqui no Brasil?
Torcerei para ser o Brasil. Agora, fora o Brasil, tem mais dois, três times que podem ser campeões.

Quem?
Argentina, Alemanha, a própria Espanha, a Itália, que ninguém fala nada e vem forte.
O Brasil tem tudo para ser campeão. Se os jogadores, que estão unidos, se unirem mais, fecharem entre eles, e a torcida abraçar o time de futebol, dificilmente o Brasil perde a Copa. A Copa depende da torcida e dos jogadores.

Tem algum jogador que deveria estar nesse grupo e não está?
Talvez o Gil, zagueiro do Corinthians que está jogando muito bem. O Marquinhos, que é o zagueiro do PSG, que é novo, e já tem uma experiência boa para disputar uma Copa do Mundo. Mas acho que foi uma seleção bem equilibrada.

O seu relacionamento no Partido dos Trabalhadores, além do ex-presidente Lula, é com quem?
Eu tenho amigos. Eu sempre fui eleitor do [José] Genoino, um grande amigo, o Zé [Dirceu], um grande colega, o Edinho...

O Zé, no caso, o José Dirceu?
O José Dirceu. Eu não tenho vergonha de falar não. O Edinho [Silva], que era prefeito de Araraquara, foi presidente do partido, é amigo meu há muitos anos, o Emídio [de Souza], de Osasco, antes de ele ser prefeito de Osasco eu já o conhecia. O deputado Vicente Cândido.

Quem vai ser eleito presidente da República dia 5 de outubro?
Torço para que seja a presidenta Dilma.

Quem é o principal adversário da presidenta Dilma na disputa?
O Aécio Neves, até pela estrutura do partido que ele tem.

Mais do que o Eduardo Campos?
Mais do que o Eduardo Campos. O Aécio Neves está muito mais na frente. Eu acho que a grande disputa vai ser entre os dois.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está fazendo uma boa prefeitura em São Paulo?
Eu não convivo com isso, é melhor me abster.

Mas é de São Paulo...
Pelo que os taxistas falam, não.

Os taxistas estão certos?
Eu tive muitos problemas também. É complicado. Estou aprendendo aí um pouco como é que é ser gestor de uma prefeitura, de um governo de Estado. O país é difícil, cara. Ou se muda muita coisa ou vamos ter muitas dificuldades.

Acesse a transcrição completa da entrevista

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):

1) Principais trechos da entrevista com Andrés Sanchez (15:43)

2) Dilma erra ao receber Bom Senso e não os clubes, diz Andrés Sanchez (2:05)

3) Campanha a deputado custará até R$ 3 mi para ter pelo menos 170 mil votos (3:55)

4) Mal assessorada, Dilma erra e chama estádio de "Itaquerão", diz Andrés Sanchez (4:29)

5) Futebol fica igual ou pior com Del Nero na CBF (5:25)

6) Lei contra álcool em estádios é ridícula e precisa mudar (1:07)

7) Corinthians terá R$ 35 milhões de lucro anual com arena, diz Andrés (2:38)

8) Ambev pagará R$ 39 milhões por arquibancada provisória, diz Andrés (0:31)

9) Estádio do Palmeiras será imbatível para shows, diz Andrés Sanchez (2:27)

10) Ricardo Teixeira foi bom dirigente para o futebol brasileiro (1:37)

11) Ronaldo vota em pessoas, não em partidos; erro de brasileiro (2:25)

12) Ingresso médio do futebol deve ser de R$ 100 (2:00)

13) Foi exagero fazer estádio para 74 mil em Brasília, diz Andrés (1:20)

14) Quem é Andrés Sanchez? (2:11)

15) Íntegra da entrevista com Andrés Sanchez (60 min.)

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