Folha de S. Paulo


PT prepara palanque para Dilma com até quatro aliados no Rio, diz Rui Falcão

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirma que a presidente Dilma Rousseff evitará no ano que vem subir em palanques de diferentes aliados em um mesmo Estado. Como solução, a petista fará em 2014 seus próprios comícios estaduais e vai convidar todos os candidatos a governador de siglas aliadas.

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Em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL, Rui Falcão explicou que essa saída está sendo desenhada com base no cenário do Rio de Janeiro. Nesse Estado, o PT apoia hoje o governador Sérgio Cabral (PMDB), que pretende lançar como sucessor o seu vice, Luiz Fernando Pezão, também peemedebista.

Ocorre que o PT já decidiu ter candidato próprio ao governo fluminense, o senador Lindbergh Farias, segundo Rui Falcão. Outros dois aliados dilmistas podem também entrar no páreo: Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB).

Para evitar melindres, Dilma não deve subir no palanque de nenhum de seus quatro aliados que desejam concorrer ao governo fluminense. Mas Lindbergh, Pezão, Garotinho e Crivella serão convidados para eventos da petista no Rio durante a campanha de 2014.

Essa solução já foi testada no passado em alguns Estados, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi candidato a presidente. Por exemplo, em Pernambuco, em 2006, Lula ficou no mesmo palanque ao lado dos candidatos a governador pelo PSB, Eduardo Campos, e pelo PT, Humberto Costa.

Sobre Eduardo Campos hoje estar na condição de pré-candidato a presidente, Rui Falcão considera cedo para aferir o potencial do agora ex-aliado, que recebeu o apoio da ex-senadora Marina Silva.

"Há contradições que precisam ser sanadas. Por exemplo, a avaliação que a ex-senadora fez de que o governador Eduardo Campos era da velha política e recebeu uma injeção de novidade com a adesão da Rede ao PSB. Também a avaliação [de Marina] dizendo que 'é melhor perder ganhando do que ganhar perdendo'. Me deu a impressão que ela vê o processo eleitoral como uma espécie de marcação de posição", diz o presidente do PT.

Rui Falcão rejeita a fama de "fominha" do seu partido e cita vários Estados nos quais o PT cederá a cabeça de chapa para siglas aliadas nas disputas por governos locais. Entre outros há o Pará, com o apoio possível a Helder Barbalho (filho do senador Jader Barbalho, do PMDB).

Ao todo, diz o presidente do PT, o partido deve ter até 12 candidatos competitivos a governos estaduais. Nessa conta Rui Falcão inclui alguns que não estão hoje sob o comando de petistas, como São Paulo, Rio, Minas Gerais e Paraná. No Congresso, ao contrário do que se ouviu em Brasília nos últimos dias, o PT continua desejando aumentar suas bancadas de deputados e de senadores.

Candidato a mais um mandato como presidente do partido, Rui Falcão disputa o cargo contra cinco adversários, mas é dado como favorito para ganhar mais quatro anos no comando da sigla. O processo deve ter cerca de 600 mil filiados votando, de maneira direta, no dia 10 de novembro.

A seguir, trechos da entrevista:

*

Folha - Separando a prioridade maior, que eu imagino que seja o PT reeleger a presidente, quais são as outras prioridades do partido na eleição do ano que vem?
Rui Falcão - Nós vamos crescer nos Estados. Espero manter a maior bancada de deputados, como nós temos hoje. Eleger mais senadores. Reeleger nos Estados que nos governamos. Nós governamos cinco Estados hoje. Mas em Sergipe já há um acordo para ceder o posto para o PMDB. Os quatro outros -Bahia, Acre, Distrito Federal e Rio Grande do Sul-, nós pretendemos reelegê-los ou fazer o sucessor. E há outros Estados em que nós temos muita competitividade. São três: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. São três que nós disputamos para ganhar.

O senhor mencionou bancadas no Congresso. Há uma versão em Brasília segundo a qual o PT abriria mão de aumentar suas bancadas de deputados e de senadores em nome de garantir mais alianças no nível nacional. Isso existe?
Isso não existe. A não ser a nossa disposição de discutir com os aliados nos Estados e onde houver a maior possibilidade, naturalmente, ceder em postos majoritários.
Mas essa ideia de retrair o número de senadores e deputados, isso não existe. Nem da parte do PT e acho que de nenhum partido. Todos legitimamente querem crescer.
Da parte da direção nacional [do PT], da parte da presidência, nós temos a disposição de apoiar o PMDB em vários Estados. Eu cito, por exemplo, o Estado do Pará, do Amazonas, do Rio Grande do Norte, entre outros, em que o PMDB, com uma candidatura dialogada conosco, não teremos nenhum problema em apoiar.
E há outros Estados em que nós precisamos discutir com o PSD, com o PTB, com o PR, com o PP, porque são três postos que vão ser objeto de negociação: governador, vice-governador e senador. Tudo isso vai estar no mapa de negociação com os nossos aliados.

Mas a disposição do PT é manter a bancada de deputados como a maior, ou ampliá-la, e ampliar a de senadores?
Exatamente.

Como será o PED, Processo de Eleições Diretas do PT?
Nós temos oitocentos e poucos mil filiados habilitados. Isso significa mais de 800 mil que pagaram as suas contribuições, se inscreveram corretamente, dentro de um prazo determinado.
Nós vamos eleger diretamente quase 100 mil dirigentes do PT. Desde o presidente nacional até os militantes dos diretórios zonais das cidades com mais de um milhão de habitantes. É um processo inédito no Brasil e acho que em muitas partes do mundo também. Além da eleição direta, que é o único partido que faz isso no Brasil, nós teremos, obrigatoriamente: metade dos dirigentes mulheres (igualdade de gênero), ordenamento da direção (lista de nomes ordenados), 20% de jovens com até 29 anos e cotas étnico-raciais. A participação das mulheres vai estimular muito a ampliação das nossas chapas de parlamentares. O Brasil tem menos de 10% de mulheres representadas no Parlamento. É menos do que a participação proporcional das mulheres no Parlamento do Irã.

O PED ocorre no dia 10 de novembro?
Sim. E o segundo turno ocorre no dia 24 de novembro.

Para a presidência nacional do PT o senhor concorre a mais um mandato. De quantos anos é esse mandato ao qual o senhor está concorrendo e quantos são os seus adversários?
São 5 adversários a presidente.

Seis candidatos, portanto?
Seis candidatos. Eu estou concluindo o mandato do presidente José Eduardo Dutra, que após ser eleito no PED, renunciou -por motivos de saúde. No nosso quarto congresso extraordinário, foi feita uma reforma do estatuto. O mandato do presidente foi ampliado de três para quatro anos. Portanto, caso eu seja eleito, no dia 10 ou no dia 24, eu terei direito a quatro anos de mandato.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista ao jornal espanhol "El País" com críticas ao partido. Disse que os petistas valorizam excessivamente os cargos públicos. O senhor é presidente do PT. Lula acertou nessa crítica?
No meu manifesto de lançamento [como candidato], pela unidade do PT, digo que é preciso ter mais presença na base, junto aos movimentos sociais, e menos apego aos cargos públicos. Menos afeição ao aparelho estatal.
Nós introduzimos na reforma do estatuto: a partir de agora nenhum parlamentar do PT pode ficar mais que três mandatos consecutivos no mesmo nível. Isso já é uma medida partidária...

Mas em qual nível?
Se você é deputado federal, cumpriu três mandatos, ou você vai ser candidato a senador, ou deputado estadual, prefeito ou vereador. Ou você para...

Mas zerou agora, a partir de agora?
A partir da mudança do estatuto.

Não é retroativo, para quem já está há quatro mandatos...
Não. A lei nesse caso não é retroativa. Acho uma medida salutar. Eu defendi que fossem dois mandatos consecutivos, mas a maioria preferiu três e é o que vigora.

O PT decidiu antecipar um pouco o congresso que faz tradicionalmente no mês de fevereiro para o mês de dezembro. É isso mesmo? Por quê?
O congresso vai ser de 12 a 16 de dezembro próximo...

Já está marcada a data?
Sim. Nós queremos fazer as posses e as apresentações de todos os 27 presidentes de diretórios estaduais junto com a posse do próximo presidente do diretório nacional. E queremos fazer uma releitura desse período de 33 anos do PT, atualizar o nosso programa. E não queremos misturar isso com o encontro de março ou abril, quando devemos definir política de alianças, tática eleitoral e diretrizes para o programa de governo o PT com os seus aliados.

O congresso acontece de quanto em quanto tempo?
Pode ser convocado a qualquer momento.

Claro, mas em geral?
Em geral, a cada três anos, a cada quatro anos. Os encontros são anuais.

O último congresso foi em 2010?
Em 2010. Foi um congresso extraordinário para a reforma do estatuto.

Sempre se realizava em fevereiro, mês de aniversário do PT...
Isso, exato.

O congresso nos dias 12 a 16 de dezembro coincide com o aniversário da presidente Dilma Rousseff. Foi de caso pensado?
Não. Li que nós queríamos fazer uma grande festa no congresso pelo aniversário dela, dia 14 de dezembro. Ninguém pensou nisso. O congresso foi antecipado por essa razão que falei. Nem sei se ela vai passar o aniversário aqui em Brasília, passar com o neto. Não há essa preocupação. Embora, nós gostaríamos muito que ela passasse no congresso. Será convidada. Se coincidir de dia 14 ela estiver no congresso, naturalmente, vamos cantar parabéns para ela. Ela merece.

De volta à primeira pergunta sobre o tamanho das bancadas, deputados, senadores. O PT é fominha?
Claro que não. Todos os partidos querem crescer. Isso é legítimo. É natural na política. Quando você faz alianças -aliança é uma união entre desiguais em muitos pontos e iguais em outros-, é sempre unidade e luta, aproximação e contradição. Essa é a política natural de aliança. Mesmo com aqueles que são mais próximos há uma intenção de crescer, de ocupar mais espaço.
Como se diz, "não há espaço vazio na política, porque quando ele fica vazio, alguém quer ocupar". Essa é a disputa que se dá e há rivalidades. Considero um processo natural, desde que essa disputa se dê dentro de certas regras e se faça no plano das ideias, não haja detração pessoal. Esse é o jogo da política.

Quem são os candidatos principais competitivos que devem se apresentar para a corrida presidencial de 2014?
Sei que há uma candidata já definida, consolidada, que é a presidenta Dilma Rousseff.

E no campo da oposição?
José Serra, Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva são os candidatos que estão com maior intenção de voto até o momento, nas pesquisais. Qual deles vai restar para disputar com a presidenta Dilma é uma definição que esses partidos vão fazer no futuro. Temos que aguardar.

A eleição presidencial de 2014 tende a ir para o segundo turno?
Nós do PT estamos preparados para disputar tanto o primeiro turno, com expectativa de vitória, como se for necessário o segundo turno.

O marqueteiro João Santana deu uma entrevista recentemente dizendo que Dilma Rousseff caminha para vencer no primeiro turno. E que os candidatos adversários seriam anões se engalfinhando. É correta essa avaliação?
É a opinião dele. Como todo especialista em marketing, tem boas frases e causa polêmica. Mas é a opinião dele, não é a minha.

Mas o senhor não concorda?
Acabei de dizer. É a opinião dele, não a minha. Mas as pessoas têm direito a expressar as suas opiniões. Não é a minha opinião.

O que dará a aliança de Eduardo Campos com Marina Silva?
É cedo para avaliar. Há contradições que precisam ser sanadas. Por exemplo, a avaliação que a ex-senadora fez de que o governador Eduardo Campos era da velha política e recebeu uma injeção de novidade com a adesão da Rede ao PSB. Também a avaliação dela dizendo que 'é melhor perder ganhando do que ganhar perdendo'. Me deu a impressão que ela vê o processo eleitoral como uma espécie de marcação de posição.

O que o PT poderia ter feito para evitar o desgarramento do PSB da aliança no plano nacional?
Encaro como legítima a postulação do governador Eduardo Campos. Ele apoiou o presidente Lula, apoiou a presidenta Dilma. O PSB integrou os nossos governos, contribuiu para muito do que nós realizamos. Também foi beneficiado por isso e cresceu, graças a essas alianças nos Estados e em suas bancadas. E chegou um momento que ele deve ter avaliado que era importante correr em raia própria. Nós não fizemos nenhum movimento para evitar que ele seguisse esse caminho. Mas também não o impelimos a tomar essa decisão.

Mas poderia ter havido uma negociação?
Mas ele não fez essa postulação. Na medida em que ele já vinha esboçando esse caminho, dizia que tomaria uma decisão final em março do ano que vem. Acho que seria muita pretensão nossa querer impedir que ele seguisse o caminho que pretende seguir.

Poderia ter sido oferecido a Eduardo Campo a vaga de candidato a vice-presidente na chapa com Dilma Rousseff?
Não tenho notícia que ele tenha feito essa postulação.

Mas como hipótese...?
Nós temos uma aliança forte já formada que prevê a continuidade com o PMDB, que já tinha essa postulação de continuar da vice-presidência. Enveredar por um caminho, que poderia ter sido inclusive recusado pelo governador Eduardo Campos, em detrimento de uma aliança que vem nos dando muito conforto, do ponto de vista eleitoral, seria uma temeridade.

Uma vez o senhor contou que ouviu do ex-prefeito Gilberto Kassab que numa eventual eleição presidencial em que ficassem como concorrentes finais Dilma Rousseff e Aécio Neves, José Serra preferiria ficar com Dilma. O senhor acha que isso prevalece ainda?
Eu acredito que sim.

Em São Paulo, Alexandre Padilha é pré-candidato lançado do PT ao governo. É a melhor opção do PT no Estado?
Acho que sim. Pelo seu desempenho, pela juventude, pela afeição que tem dos filiados do PT, pelos apoios que já tem numa série de prefeitos no interior de São Paulo, pelas suas realizações à frente do Ministério da Saúde. Agora, pelo Mais Médicos, que é um programa revolucionário no Brasil -tão revolucionário quanto o Bolsa Família. São dois programas de muita coragem da presidenta. E pode também formar uma aliança sólida, em São Paulo, com o PR, PP, PDT.

O governador Geraldo Alckmin, do PSDB, deve concorrer à reeleição. Alexandre Padilha, deve ser o adversário pelo PT. Deve haver outros candidatos, como Paulo Skaf, do PMDB...
...Gilberto Kassab também.

Gilberto Kassab também, que é do PSD. Essas candidaturas ajudam na estratégia eleitoral do PT, em São Paulo, para levar a disputa ao segundo turno?
Com certeza. São candidaturas competitivas também e, mais importante que isso, são candidaturas que, se efetivadas, como parece que serão, são palanques para a presidenta Dilma no Estado. São candidaturas do campo da base aliada e que favorecerão um segundo turno em São Paulo.

O PT enxerga com simpatia essas candidaturas adicionais ao Palácio dos Bandeirantes?
Com certeza. São candidatos do nosso campo de alianças. E que farão palanque para a campanha da presidente Dilma.

No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral, e seu vice [Luiz Fernando] Pezão, ambos do PMDB, dizem não desejar que o PT tenha candidato próprio ao governo do Rio. Mas o PT deve lançar o senador Lindbergh Farias. Como se resolve isso?
Na semana passada, estive em um almoço com o governador Sérgio Cabral e com o vice-governador Pezão. São dois políticos a quem eu prezo muito. Temos relações de amizade. Durante esse almoço, que durou quase três horas, conversamos bastante. O governador me falou de planos que ele tem para o próximo ano, planos de gestão importantes. Em nenhum momento, muito elegante da parte dele, ele solicitou que o PT retirasse a candidatura do senador Lindbergh.
É evidente que ele preferiria que nós não tivéssemos candidato e apoiássemos o vice-governador Pezão. Mas ficou claro, nessa conversa também, que nós vamos manter a candidatura do senador Lindbergh. E que a nossa saída do governo [do Rio] deverá ocorrer proximamente.
Nós vamos sair do governo por uma questão de ordem ética. Não é correto nós pretendermos disputar o governo do Estado, com uma candidatura que não é a dele [Sérgio Cabral], e permanecer no governo ocupando secretarias. Nós não vamos pedir CPI na Assembleia, não vamos fazer oposição. Vamos votar todos os projetos que sejam de interesse da população, mas simplesmente achamos que devemos dar liberdade para ele reorganizar o governo.

A manutenção da candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio de Janeiro tem potencial para estragar a aliança PT-PMDB no plano nacional?
Acredito que não. A gente tem conversado com a direção nacional do PMDB. Tem também da parte do PMDB candidaturas que se opõem às nossas nos Estados. Veja o caso do Rio Grande do Sul, em que o governador Tarso Genro é candidato à reeleição e o PMDB tem candidato. Na Bahia, onde o PMDB tem candidato também. Então, isso precisa ser muito bem discutido e conviver com essa realidade.

O PMDB deve se conformar que o PT terá candidato no Rio de Janeiro?
Não é se conformar. É um dado da realidade. Você poderia dizer: 'Não, então nós vamos nos conformar com a Bahia, com Rio Grande do Sul também'. São aliados que na hora da eleição medem forças. No Rio, você tem uma realidade adicional. Tudo indica que o deputado Anthony Garotinho [PR-RJ] será candidato. É possível que o senador [Marcelo] Crivella [PRB-RJ] seja candidato. E até que o deputado Miro Teixeira [Pros-RJ] também seja candidato. Então nós teremos uma situação em que a presidenta Dilma pode ter três, quatro ou cinco palanques.
O que se coloca pelos aliados é o seguinte: deve a presidenta Dilma ir ao palanque do Lindbergh? Ir ao palanque de todos? Ou não ir a nenhum palanque?

Ela deve fazer o quê?
O PT vai fixar orientações para a campanha. A presidenta tem a sua agenda própria. Nós vamos ter uma política de convivência com os aliados. A minha opinião é que onde houver mais de um palanque a presidenta ou vá a todos, ou se abstenha de participar de comícios, de atividades de um candidato apenas.
Que ela possa ter a sua campanha na televisão, em eventos em que todos se juntem a ela, mas não privilegiar um palanque em detrimento dos demais.

Seria até inexequível, no Rio de Janeiro, durante a campanha, que a presidente pudesse ir separadamente a todos os palanques?
Parece que sim. Me parece mais conveniente que ela faça nesses Estados incursões previamente estabelecidas, planejadas e que sejam eventos abertos à participação daqueles que a apoiam. Não sei se é exequível.

No caso do Rio de Janeiro...
Como o presidente Lula já fez, em Pernambuco -não recordo exatamente o ano- em que no palanque dele estavam o hoje senador Humberto Costa e o governador Eduardo Campos. Ambos eram candidatos a governador, ambos apoiando o presidente Lula.

E no caso do Rio de Janeiro seria ou uma situação assim: a presidente comparece ao Estado, faz um evento, convida os candidatos ao governo aliados para estarem todos juntos?
Exatamente.

Isso terá de ser decidido ou o senhor acha que é uma espécie de senso comum?
Embora possa parecer senso comum, precisa ser consensuado com os aliados.

Esse é o caminho?
Esse é o caminho.

Minas Gerais. O candidato do PT ao governo é o ministro Fernando Pimentel?
O pré-candidato do PT é o Fernando Pimentel, com certeza.

Há outras hipóteses também. Uma delas, Josué Gomes da Silva, filho de José Alencar, que foi vice-presidente da República, e filiou-se ao PMDB...
Acho que lá há uma disposição de uma aliança com vários partidos tendo o PMDB com a possibilidade de indicar o vice. Isso é o que está posto lá. Li as declarações do Josué de que queria ingressar em um partido, ter atividade política, mas não vi nenhuma manifestação dele de desejo de se apresentar como candidato majoritário.

No Pará, é certo o apoio do PT à pré-candidatura de Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho, ao governo do Pará?
O PT tem um processo de definição das candidaturas que é assim: no dia 18 de novembro, depois do PED, vamos fixar o calendário nacional para as eleições do ano que vem. Esse calendário supõe encontros municipais, zonais, estaduais. O estadual define a chapa e a candidatura majoritária e a tática eleitoral do Estado e as alianças.
O primeiro passo é algum setor, algum número de filiados, defender num Estado o apoio à candidatura de outro partido. Dizer sim ou não. Se sim, você abre o processo de debate. É o que vai ocorrer no Pará. Tem um grupo que eu acredito que seja majoritário hoje, que é a minha posição também, que defende a aliança com o PMDB em torno da candidatura do Helder Barbalho. Há um outro grupo que defende a candidatura própria. Isso vai ter que ser aferido no encontro estadual.
A minha posição e de tender a essa aliança com Helder Barbalho até para que a gente não passe essa impressão, que você aludiu, de que o PT seja um partido "fominha". Por que o Helder Barbalho? Por que ele se compromete a fazer um programa de mudanças no Pará em conjunto no PT, porque tem viabilidade eleitoral, porque integra um partido que é nosso aliado principal e também porque na composição da aliança favorece a indicação de companheiro nosso para o Senado. Então por essas razões eu sou favorável à aliança com o PMDB.

Bahia. Quem será o candidato a governador pelo PT? José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, ou o atual vice do governador Jaques Wagner, Otto Alencar, que é do PSD?
Há quatro pré-candidatos do PT. Dentre esses, uma comissão indicada pelo diretório estadual em conjunto com o governo do Jaques Wagner vai escolher o candidato. São quatro: José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, secretário de Planejamento da Bahia; Rui Costa, deputado federal licenciado, que é o secretário de governo da Casa Civil; Walter Pinheiro, senador da República, que já foi candidato; e o [Luiz Carlos] Caetano, que é ex-prefeito de Camaçari. São esses os pré-candidatos que disputam a indicação do PT. Até o final do ano é possível que essa comissão em conjunto com o governador faça definição dos nomes. Tudo indica que o vice-governador Otto Alencar participará da composição com a indicação para o Senado Federal.

No seu radar, em quantas das 27 unidades da Federação o PT terá candidatos competitivos próprios a governador, além dos quatro que o sr. falou que tentará manter (Acre, Bahia, Rio Grande do Sul e Brasília)?

Mais São Paulo, Rio e Minas Gerais. São sete. Mais o Delcídio [Amaral, no Mato Grosso do Sul] e o Wellington [Dias, no Piauí], nove. Mais Roraima, com a senadora Ângela Portela, dez. E se a gente tiver candidato próprio em Goiás, também. São de dez a 12, digamos [ao final da gravação, acrescentou Gleisi Hoffmann, como a candidata do PT ao governo do Paraná].

Hoje o PT tem cinco governos estaduais. O PT quer dobrar esse número?
É possível. Pelo efeito dos nossos 12 anos de governo [federal], pelo fato de o presidente Lula agora ser um eleitor, um grande eleitor que está solto, não está contido pelas restrições da Presidência, como foi na eleição passada. E pelo fato de o PT ter crescido nesses Estados, e nós temos candidatos com grande exposição pública, com muito trabalho a mostrar, e também pela situação dos adversários.

Acesse a transcrição completa da entrevista

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):

1) Principais trechos da entrevista com Rui Falcão (6:09);

2) No Rio, Dilma terá um palanque para todos os aliados, afirma Rui Falcão (2:02);

3) PT terá até 12 candidatos competitivos a governos, diz Rui Falcão (1:43);

4) PT quer crescer no Congresso, mas nega fama de 'fominha' (0:58);

5) Campos saiu da aliança sem oferecer opção ao PT, diz Rui Falcão (1:21);

6) Em SP, Kassab e Skaf ajudam a ter 2º turno, afirma Rui Falcão (1:17);

7) Falcão: Em MG, PT quer PMDB na vice de Pimentel; Josué Gomes é opção (1:08);

8) PT elege 100 mil dirigentes em 10 de novembro, diz Rui Falcão (1:33);

9) Quem é Rui Falcão? (1:26);

10) Íntegra da entrevista com Rui Falcão (62 min.);

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