Folha de S. Paulo


Marun nega chantagem, mas pede apoio de governadores beneficiados

Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 12-09-2017, 15h00: Reunião da CPMI da JBS, no Senado Federal. O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) preside a comissão e foi designado como relator o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Marun

Depois de cobrar "reciprocidade" de governadores beneficiados por financiamentos da Caixa, o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) negou que haja chantagem na liberação de recursos públicos, mas afirmou que o Palácio do Planalto vai pedir apoio à reforma da Previdência "especialmente" de agentes públicos beneficiados por ações de governo.

Em evento de assinatura de contratos de quase R$ 1 bilhão em crédito do banco público nesta sexta-feira (29), o ministro chamou de "mentira" a reação de governadores que o acusaram de condicionar a liberação de financiamento à conquista de votos a favor do governo no Congresso.

"A verdade é que não está sendo condicionado, mas também é verdade que não vamos abrir mão de pleitear apoio dos agentes públicos brasileiros e especialmente daqueles que estão sendo beneficiados por ações de governo", disse Marun.

O ministro, que é o articulador político do Palácio do Planalto, reagiu com irritação às acusações feitas por oito governadores do Nordeste, que ameaçam processá-lo. "É como no nazismo, em que uma mentira que se repete à exaustão se transforma em verdade", afirmou.

Marun recuou de declarações feitas na última terça (26), quando disse que "o governo espera daqueles governadores que têm recursos a ser liberados uma reciprocidade no que tange a questão da Previdência".

Nesta sexta-feira, o ministro afirmou que o governo não condiciona liberação de financiamentos, mas reclamou do que chamou de "uma cartilha do politicamente correto".

"Nessa cartilha, não cabe muitas vezes a verdade. Não cabe muitas vezes nessa cartilha a necessidade de se falar em gratidão. Mas cabe a hipocrisia", disse, em discurso ao lado do presidente da Caixa.

ALINHAMENTO

No evento, o Ministério das Cidades e o banco público assinaram contratos de financiamento de R$ 951 milhões para companhias de saneamento de quatro Estados.

Ministros destacaram que serão atendidos nove projetos em Pernambuco –cujo governador, Paulo Câmara (PSB), é um dos signatários de uma carta que ataca Marun.

"Mesmo os que não estão alinhados [com o Planalto] estão sendo beneficiados. Pernambuco está sendo beneficiado aqui", afirmou o ministro da articulação política.

O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, se esforçou para encerrar a polêmica. "A prova está aí. Ninguém está condicionando nada, vocês estão vendo aqui. Não tem essa posição para ninguém e nunca recebemos de ninguém condicionamento do Palácio do Planalto", afirmou.

Apesar da mudança de tom de Marun, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), reforçou o discurso de que os agentes políticos precisam agir com "reciprocidade" em relação ao Palácio do Planalto.

"Não acho que o ministro tenha feito nada de errado", disse. "Eu estou com ele. Nós temos que ter reciprocidade, nós governadores. Trabalhei com vários ex-presidente e, de longe, o presidente [Michel] Temer é o presidente que mais atendeu aos Estados."


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