Folha de S. Paulo


Gilmar solta empresários da área de saúde presos pela Lava Jato no Rio

Evaristo Sá - 9.jun.2017/AFP
Supreme Electoral Court (TSE) President Gilmar Mendes speaks during the session examining whether the 2014 reelection of president Dilma Rousseff and her then vice president Michel Temer should be invalidated because of corrupt campaign funding, in Brasilia, on June 9, 2017. The lead judge looking into corruption during Brazil's 2014 presidential election voted Friday to strip President Michel Temer of his mandate, but the overall result remained unclear, with six judges yet to weigh in
O ministro do STF Gilmar Mendes

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu habeas corpus a dois empresários do Rio que atuam na área da saúde e foram presos preventivamente (sem prazo denifino) na Operação Fratura Exposta, em 6 de abril, desdobramento da Lava Jato no Estado.

Os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita são suspeitos de cometer fraudes no fornecimento de próteses para o Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia). Eles são réus em ação penal que analisa se eles cometeram os crimes de corrupção ativa, organização criminosa e de lavagem de ativos entre 2007 e 2014. Os dois foram presos junto com o ex-secretário Sérgio Côrtes, que comandou a pasta da Saúde no governo Sérgio Cabral (PMDB).

Ao conceder os habeas corpus, Gilmar escreveu que a prisão preventiva não atende os requisitos legais "especialmente no que diz respeito à indicação de elementos concretos, os quais, no momento da decretação, fossem imediatamente incidentes a ponto de ensejar o decreto cautelar".

Ele determinou que os empresários cumpram medidas cautelares alternativas, como proibição de manter contato com os demais investigados, por qualquer meio, proibição de deixar o país, devendo entregar passaporte em até 48 horas e recolhimento domiciliar no período noturno e nos fins de semana e feriados.

O juiz do caso é Marcelo Bretas, com quem Gilmar já teve embate público por causa de decisões relativas ao empresário Jacob Barata Filho, o "rei do ônibus".

Iskin e Estellita, apontado como seu "braço-direito", negam as acusações. Côrtes já disse em interrogatório que recebeu propina de Iskin.

Investigadores da Lava Jato disseram à Folha que Skin comanda as fraudes na área de saúde do Rio há décadas e que a soltura dos empresários pode prejudicar as investigações porque existe a suspeita de que eles possuam contas no exterior e agora poderão movimentá-las.

A Fatura Exposta derivou das operações Calicute e Eficiência, cujo relator no STF é Gilmar Mendes.

Os empresários recorreram da prisão, mas tiveram os recursos negados pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região e pela sexta turma do Superior Tribunal de Justiça.

Essas investigações, que miraram o empresário Eike Batista e o ex-governador Cabral, apontaram que o esquema de corrupção no Estado operava não apenas em contratos de obras públicas, mas também em desvio de verbas destinadas à saúde.


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