Folha de S. Paulo


Pré-candidato a governador, Rogerio Chequer diz que falta renovação política em SP

Karime Xavier/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 26-03-2017, 14h00: Lider do movimento
Rogerio Chequer, ex-líder do movimento Vem pra Rua e pré-candidato a governador pelo Novo

Engenheiro de produção e empresário, Rogerio Chequer, 49, acaba de deixar o Vem pra Rua –movimento que liderou nos protestos durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT)– para ter seu nome na urna.

Ele é pré-candidato ao governo de São Paulo nas eleições de 2018 e entra na disputa pelo Partido Novo, que rejeita coligações e recursos do fundo partidário. Com poucos segundos de propaganda eleitoral na TV, a campanha privilegiará a atuação na internet e vai angariar fundos de seus próprios filiados.

Ele evita detalhar propostas para São Paulo, ainda em desenvolvimento. Por ora, defende privatizações. Para trabalhar na construção de sua candidatura, Chequer se desligou do Vem pra Rua.

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Folha - O sr. talvez pudesse conseguir mais facilmente os votos para uma eleição a deputado, como outras lideranças de manifestações têm feito. Não faria mais sentido que um cargo majoritário?

Rogerio Chequer - O convite veio para o governo. Em um cargo de eleição majoritária você pode demonstrar de forma intensa o que pode ser feito. No ano que vem, as novas mídias vão ser responsáveis por eleições surpreendentes. Elas vão ultrapassar o conceito de tempo de TV.

Nos últimos quatro anos, o número de internautas no Brasil subiu de 100 milhões para 139 milhões. Isso dá quase os 147 milhões de eleitores –não que todos sejam eleitores, mas a gente começa a tratar com outra magnitude. Quem vai ignorar uma coisa dessas?

A campanha irá centrar fogo na internet e as redes sociais?

Na internet e na conexão com a sociedade. Vamos fazer visitas [porta a porta] para saber o que a sociedade quer. A gente não quer escrever um programa num pedestal.

Alguma pista do que a população de São Paulo quer?

Vai aparecer muito da sensação de insegurança, em termos de segurança pública. Tem a parte do transporte, que a população está insatisfeita.

São Paulo é governado por um mesmo partido, o PSDB, há mais de duas décadas. Como avalia os governos tucanos?

A população se acostumou com o que nós temos e tem questionado pouco. Quando não há renovação, muita gente não consegue mais pensar fora da caixa. A gente precisa abrir a caixa, questionar. São Paulo precisa de renovação.

Foi uma administração que teve mais sucesso do que a maioria dos Estados em termos de equilíbrio fiscal, mas ainda tem muito para ganhar em eficiência e qualidade do serviço para a sociedade.

É uma administração concentrada em grandes obras, que estão demorando e poderiam estar aí há mais tempo. Tudo indica que vamos ter inaugurações perto das eleições. E nos outros anos?

A administração poderia se concentrar em serviços mais básicos e deixar boa parte de onde o dinheiro é ocupado hoje para a iniciativa privada.

Estamos falando de privatizações. A Sabesp, que tem parte de suas ações negociadas na Bolsa, é um bom exemplo?

Não quero entrar em casos específicos, preciso mergulhar nos detalhes. Mas privatização é um vetor importantíssimo da nossa proposta.

O sentimento de antipolítica das eleições de 2016 continuará em 2018?

Vai ser ainda mais determinante. As novidades que envolvem PP, PSDB, PP e PR são as piores possíveis. Aprendemos mais sobre quais as práticas desses partidos.

Por que houve menos manifestações pelo prosseguimento da denúncia contra Temer do que pelo impeachment?

Faltaram os movimentos chamarem. O Vem pra Rua, entre outros pró-impeachment, até onde sei, foi o único.

A esquerda lançou uma narrativa falaciosa de que quem pedisse o afastamento de Temer estaria se aliando a quem apoiou de Dilma.

Muita gente caiu por medo de ser confundido com a esquerda e evitou apoiar o afastamento. Foi uma pena. Perdemos a oportunidade de dar exemplo de tratamento da coisa pública.


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