Folha de S. Paulo


Após consulta a especialista, Gleisi diz que Lula será inscrito na eleição

Eduardo Anizelli/Folhapress
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante caravana pelo Estado de Minas Gerais
Ex-presidente Lula durante caravana pelo Estado de Minas Gerais, em outubro

A cúpula do PT consultou nesta sexta-feira (15) um especialista em legislação eleitoral sobre a viabilidade da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda que seja condenado pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região no dia 24 de janeiro.

Após uma sabatina ao advogado Luiz Fernando Pereira, a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que o "jogo não acaba" no dia 24 de janeiro.

Questionada sobre a hipótese de Lula ser candidato ainda que condenado à prisão, Gleisi repetiu que ele concorrerá segundo normas vigentes.

"O presidente Lula é candidato, vai ser inscrito candidato dentro das regras eleitorais vigentes no país. Não há como ser tirado o direito do presidente Lula ser candidato", repetiu ela.

Segundo Gleisi, a possibilidade de Lula concorrer mesmo na prisão não foi objeto de discussão na reunião do Diretório Nacional do partido, que ocorre em São Paulo. Ela lembrou, porém, que uma prisão ocorreria após uma série de etapas legais".

PRISÃO

"Essa possibilidade [de se candidatar de dentro da prisão] tem que ser analisada com juristas. Na realidade, depois de uma sentença, se ela não for unânime em todos os aspectos, não pode ter prisão. A questão da prisão depende do jeito como será dada", afirmou ela, listando uma série de medidas cabíveis após a condenação.

Na reunião, Pereira afirmou, em atendimento a questionamentos do partido, que a inelegibilidade de Lula só será alvo de debate na Justiça após o registro da candidatura no dia 15 de agosto. Ele listou casos em que os candidatos concorreram mesmo em caso de impugnação. Entre eles, 145 prefeitos.

Pelo cronograma apresentado, o processo consumiria pelo menos 25 dias até que a candidatura fosse impugnada pelo TSE. Até lá, Lula poderia disputar.

Em resposta a petistas, o advogado informou que o partido poderá trocar o candidato até 20 dias antes da eleição.

Após a explanação, Lula fez um breve discurso, reafirmando a disposição de manter a candidatura.

DEFESA

O advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, afirmou nesta sexta-feira (15) ter encaminhado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região um pedido para que o petista seja ouvido antes do julgamento do dia 24 de janeiro.

Zanin informou ainda não ter obtido resposta. Segundo ele, não há decisão sobre Lula acompanhar o julgamento no tribunal.

O PT também ainda não resolveu onde se concentrará durante o julgamento. Os petistas organizam um acampamento no parque da Harmonia ao lado do tribunal, mas não está confirmada a participação do ex-presidente.


Endereço da página:

Links no texto: