Folha de S. Paulo


Juiz Bretas cria perfil no Twitter e fala de políticos, mas apaga postagens

Reprodução/Twitter
Juiz Marcelo Bretas (terceiro da esquerda para a direita) posta foto segurando fuzil Foto: Divulgação / Twitter) DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
O juiz Marcelo Bretas (ao centro, de camisa azul) em foto que postou em rede social treinando tiro

Normalmente econômico em declarações públicas, o juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, estreou uma conta no Twitter na qual elogiou discurso da presidenciável Marina Silva, postou uma foto fazendo treinamento de tiro e bateu boca com um internauta.

Na semana passada, achou melhor apagar a maior parte do que já havia publicado sob a justificativa de que precisava "despoluir" a rede social, segundo escreveu em seu perfil. À Folha, por meio da assessoria, disse que suprimiu várias mensagens por achar "que poderiam ser mal interpretadas".

Em poucas dezenas de postagens a partir de novembro, Bretas, que atua nas ações penais do ex-governador Sérgio Cabral, chegou a se indispor com um crítico, que questionava a influência da religião em seu trabalho. "Não fale abobrinhas", respondeu.

Boa parte de seus comentários envolve questões relacionadas ao combate à corrupção. No início do mês, ele reproduziu em seu perfil declaração de Marina sobre o tema e comentou: "Parabéns pela lucidez, candidata. Também sonho com esta Justiça, eficaz e imparcial".

Questionado por internautas, ele negou se tratar de uma declaração de apoio à candidatura da ex-senadora a presidente em 2018.

Bretas afirma que fez na rede social apenas considerações sobre ideias com as quais concorda, "tanto as que partiram do governador [Pezão] quanto as que vieram da candidata referida".

A iniciativa relacionada a Pezão (PMDB) foi a desistência de uma indicação ao Tribunal de Contas do Estado do Rio. O atual governador é citado em delações da Lava Jato fluminense, mas não é alvo de ações penais, que só podem ser abertas pelo Superior Tribunal de Justiça por causa do foro privilegiado.

O instituto do foro, aliás, também foi alvo do juiz na rede: "É só uma questão de tempo para que seja banido do ordenamento jurídico".

Perguntado por um usuário da rede sobre seu desafeto, o ministro do Supremo Gilmar Mendes, respondeu apenas: "Não trato de questões oficiais aqui".

Mas publicou elogio ao também ministro do Supremo Luís Roberto Barroso, que afirmou que a mudança no entendimento sobre prisão para condenados em segunda instância representaria "um Estado de compadrio".

Ele também defendeu na rede as prisões preventivas, um dos mais polêmicos aspectos da Operação Lava Jato.

A um internauta que disse que um juiz não deveria se manifestar via rede social, disse: "Essa é a sua opinião, com a qual não concordo. Bom fim de semana."

Nesta terça (12), divulgou uma entrevista sua ao programa do apresentador Pedro Bial que iria ao ar na TV Globo: "A Justiça deve prestar contas à sociedade acerca do trabalho desempenhado, sem promoção pessoal."

Postagem do juiz Marcelo Bretas na rede social

FUZIL

O magistrado tem 18,7 mil seguidores na rede social.

Na descrição de seu perfil, consta: "Aqui apenas como cidadão brasileiro no exercício de sua liberdade de expressão."

No dia 1º, ele publicou uma foto segurando um fuzil, ao lado de policiais, em um treino de tiro (a "25 metros de distância", segundo escreveu).

"Agradeço à Polícia Civil pelo treinamento, bem como à Polícia Militar pela escolta pessoal", disse.

A imagem, também já apagada, gerou polêmica e críticas de um deputado federal petista, Wadih Damous.

Fora das questões judiciais, Bretas comemorou com emojis (ícones usados em trocas de mensagens) uma vitória de seu time, o Flamengo (mas fez questão de dizer que os pais são vascaínos), e postou uma série de citações religiosas –que também já constaram em seus despachos.

Ainda respondeu a um internauta que pediu ajuda para conseguir emprego: "Meu caro, não tenho o 'poder' de conseguir um 'trampo' pra você. Mas fico feliz pela relação que fez: trabalho + estudo = sucesso".

Colaborou o UOL


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