Folha de S. Paulo


DEM engorda bancada e desidrata o PSB

O DEM deu início ao movimento de engorda de sua bancada na Câmara dos Deputados e consequente desidratação do PSB.

O primeiro a anunciar filiação foi o deputado federal Danilo Forte (CE), que já havia rompido com o PSB e estava sem partido.

Assim como ele, outros seis a oito deputados devem se filiar ao DEM até quinta-feira (14), quando o partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e do ministro da Educação, Mendonça Filho (PE), realiza convenção.

Nesta primeira onda migratória, devem entrar no DEM os deputados Tereza Cristina (MS), Fabio Garcia (MT) e Adilton Sachetti (MT) –que já deixaram o PSB–, José Reinaldo (MA), Heráclito Fortes (PI) e Marinaldo Rosendo (PE), que ainda integram a bancada do PSB.

Eles trocam de partido antes da janela partidária, em março. Em tese, esses parlamentares podem ter seus mandatos reivindicados pelo partido.

Segundo Danilo Forte, a mudança imediata se deve à intenção de integrar o comando do partido. Ele explica que, pelo estatuto do DEM, os interessados em integrar as executivas regionais e nacional têm que se inscrever até seis dias antes da convenção.

O DEM também negocia a migração do ministro Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia), mas a questão ainda não está resolvida.

A previsão era que o ministro seguisse os passos do pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE), que deixou o PSB para ingressar no PMDB.

No entanto, aliados do senador dizem que a situação do PMDB pernambucano não está tranquila por causa da disputa por espaços e, assim, Bezerra Filho retomou o diálogo com o DEM.

JANELA

Até março, pelo menos outros quatro parlamentares devem deixar o PSB para integrar o DEM. Entre os nomes negociados para trocar de sigla estão os deputados Átila Lira (PI), Rodrigo Martins (PI) e Tenente Lúcio (MG).

Hoje, o DEM é a sétima maior bancada da Câmara, com 29 deputados. Fica atrás de PMDB (60), PT (57), PP (46), PSDB (46), PR (37) e do próprio PSB (33).

Com as migrações dos próximos dias e desconsiderando movimentações em outras siglas, o DEM deve ter 36 deputados, passando à sexta posição no ranking de tamanho de bancadas. O PSB passa a ter 30 deputados (7º).

Com as mudanças previstas para o início do ano que vem, o DEM passa para a quinta posição, com 40 deputados –um integrante da cúpula do partido diz que pode se chegar a 45 deputados.

Já o PSB ficaria com apenas 26 deputados.

O líder do PSB na Câmara, Julio Delgado (MG), procurou minimizar as deserções.

"Esses que estão indo não é uma verdadeira saída do PSB. É um retorno para as origens. Esses deputados já tinham um perfil conservador, de centro-direita, o que representam o DEM. A gente não vê isso como uma perda", disse o Delgado.

Já o comando do DEM faz planos para o ano que vem.

"O DEM chegará [a 2018] com condições de disputar a eleição presidencial e 12 governos. Teremos um discurso claro de reformas e equilíbrio fiscal", disse Maia.

No entanto, por falta de consenso, o partido não deve lançar uma pré-candidatura na convenção de quinta. No máximo, dirá que tem nomes fortes para a disputa como o de Maia e o de ACM Neto, prefeito de Salvador (BA).

Há quem defenda uma composição do presidente da Câmara com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), para a disputa pelo Palácio do Planalto.

Tradicionalmente, o DEM integra a aliança do candidato do PSDB, que deve ser o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. O tucano assumiu a presidência da legenda em convenção realizada no último sábado (9).

Já o PSB intensificou as conversas com o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa, que ainda não é filiado a nenhum partido e tem 5% das intenções de voto.

BRIGA

A disputa por nomes do PSB já foi motivo de briga entre DEM e PMDB.

Em setembro, Rodrigo Maia chegou a acusar o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) de atuarem para enfraquecer e evitar o crescimento do DEM.

O primeiro capítulo da disputa entre o partido do presidente da Câmara e do presidente Michel Temer (PMDB) aconteceu em julho.

À época, quando percebeu o assédio do DEM para inflar sua bancada, Temer foi à casa da então líder do PSB, Tereza Cristina (MS), para oferecer o PMDB como legenda para receber os cerca de 15 insatisfeitos do partido.


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