Folha de S. Paulo


Convenção marca primeiro passo de Alckmin a caminho da candidatura

Marlene Bergamo/Folhapress
PODER - O Governador de Sao Paulo, Geraldo Alckmin, da entrevista depois de jantar com FHC, Tarso Jereissati e Marconi Perillo no Palácio dos Bandeirantes onde trataram de sua candidatura a Presidencia do Brasil. 27/11/2017 - Foto - Marlene Bergamo/Folhapress - 017 -
O governador Geraldo Alckmin dá entrevista no último dia 27, em São Paulo

Geraldo Alckmin começa a erguer sua candidatura presidencial ao assumir, neste sábado (9), o comando do PSDB com um discurso em que deve fazer ataques duros ao ex-presidente Lula e se apresentar como uma opção de "mudança" em relação a governos recentes do país.

O governador paulista deve ser eleito presidente do PSDB pelos próximos dois anos em convenção realizada em Brasília. Em sua fala, pretende mirar o PT para abrir espaço na disputa pelo Planalto, até agora polarizada entre Lula e Jair Bolsonaro (PSC).

O discurso preparado pelo governador paulista, segundo a Folha apurou, contém críticas pesadas aos petistas e afirma que Lula, possível adversário de Alckmin, quer "voltar à cena do crime".

"Os brasileiros não são tolos. Sabem, hoje, do método lulopetista de confundir para dividir, iludir para reinar. Mas vejam a audácia dessa turma. Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja: ele quer voltar à cena do crime", diz uma versão do discurso a que a reportagem teve acesso.

O governador ainda discutia na noite desta sexta (8) ajustes no texto.

Alckmin também pretende responsabilizar Lula e o PT pela crise econômica. "Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da nossa história. As urnas o condenarão pelos 15 milhões de empregos perdidos, pelas milhares de lojas fechadas, sonhos desfeitos e negócios falido", diz o texto.

O governador paulista tentará se apresentar como um candidato capaz de conduzir mudanças para superar crises políticas, econômicas e do Estado. "Nós vivemos uma 'policrise', que vai exigir reformas e a organização do país", afirmou o tucano nesta sexta, em Brasília.

Alckmin assume o poder no PSDB para tentar conter as divisões internas e costurar alianças para sustentar sua provável candidatura ao Palácio do Planalto em 2018.

O governador decidiu se lançar ao comando da legenda quando o confronto entre o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, ameaçava rachar o partido e afastar outras legendas –criando o risco de isolamento dos tucanos na eleição presidencial. Os dois abriram mão de suas candidaturas.

Com o controle do partido, Alckmin terá poder para determinar a distribuição de dinheiro para financiar campanhas locais e negociar alianças nos Estados.

Essas duas ferramentas são consideradas essenciais para atrair partidos para a chapa pela qual ele pretende disputar a Presidência. Alckmin poderá, por exemplo, intervir em diretórios regionais para obrigar o PSDB apoiar candidatos a governador de partidos alinhados a seu projeto nacional.

O governador paulista discutiu o quadro político para a eleição por quase duas horas nesta sexta (8) na casa do senador Aécio Neves (MG).

O mineiro, que em 2014 acumulou o comando do PSDB e uma candidatura presidencial, defendeu que Alckmin mantenha canais abertos com os partidos da base aliada de Temer para evitar a fragmentação da centro-direita na próxima disputa.

As siglas da coalizão governista ameaçam formar um bloco para lançar uma candidatura alternativa à dos tucanos ao Planalto, o que deixaria Alckmin com uma aliança tímida e pouco tempo na propaganda eleitoral na TV.

Apesar de Alckmin chegar ao comando do partido sem adversários, alguns dirigentes da sigla ainda mantêm restrições em relação à forma de fazer política do governador. O desempenho da bancada paulista na Câmara, que votou quase toda a favor da denúncia contra Temer, e o pouco engajamento em favor da reforma da Previdência são consideradas "omissões.

Alckmin pretendia ser aclamado na convenção deste sábado como virtual candidato a presidente da República pelo PSDB, mas as movimentações do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, frustraram esses planos.

Virgílio insiste em disputar prévias com o governador paulista, o que incomodou aliados de Alckmin. Eles consideram que o entrave criado pelo prefeito desperdiça um tempo que Alckmin poderia utilizar para ganhar visibilidade nacional.

Na convenção, Virgílio pediu um espaço de destaque para seu discurso, em um momento próximo à fala do próprio Alckmin. Tucanos resistiam em ceder, por considerarem o prefeito um personagem imprevisível.

Editoria de Arte/Folhapress
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