Folha de S. Paulo


Agência Lupa: O que Lula diz sobre pesquisas e a condenação por Moro é verdade?

Segundo pesquisa Datafolha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fortaleceu sua liderança para as eleições de 2018.

O petista varia de 34% a 37% nas intenções de voto, nos cenários testados pelo instituto.

A candidatura Lula, porém, poderá ser barrada, já que está previsto julgamento em segunda instância da condenação por corrupção no caso do apartamento no Guarujá –o petista pegou nove anos e seis meses de prisão.

Se a condenação for ratificada no colegiado, legalmente ele está fora, mas pode haver recursos. O PT acredita ser possível mantê-lo na disputa pelo menos até o primeiro turno, se condenado.

Confira a avaliação da Agência Lupa acerca das declarações do ex-presidente.

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"Em todas as pesquisas, apareço com o dobro dos votos de todos os candidatos juntos"

LULA em entrevista à EFE em 24.nov.2017

EXAGERADO Em 2017 os institutos Ibope, Datafolha, DataPoder360, CNT/Sensus e CUT/Vox Populi analisaram 62 cenários para a eleição presidencial: 51 por meio de perguntas estimuladas e 11 usando informações espontâneas. Em apenas dois Lula aparece com o dobro da soma da intenção de voto dos demais candidatos juntos. Ambas foram pesquisas espontâneas feitas pela CUT/Vox Populi nos meses de junho e julho. Procurado, o ex-presidente reconheceu o exagero. Sua assessoria informou que a frase foi "só uma construção verbal equivocada" e que Lula pretendia "dizer que tem mais votos que todos os candidatos juntos". Mas essa frase também é exagerada. Em 62 cenários, apenas 14 mostram Lula nesta situação. São 9 pesquisas estimuladas e 4 espontâneas feitas pela CUT/Vox Populi e uma pesquisa espontânea do Ibope. Nos outros 48 cenários, Lula tem menos votos do que a soma de seus adversários.

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"O que as pesquisas mostram é que, se eu disputar com o Bolsonaro, eu ganho"

IDEM

VERDADEIRO Até agora, Lula tem razão. Ele aparece na frente de Bolsonaro em 46 levantamentos e está tecnicamente empatado com o deputado federal nos outros cinco. Três institutos –CNT/Sensus, Datafolha e CUT/Vox Populi– também pesquisaram cenários de segundo turno envolvendo Lula e Bolsonaro. São sete levantamentos, e o petista aparece na frente em todos.

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"É importante lembrar que, quando deixei a Presidência em 2010, tinha 80% de 'bom e ótimo' em SP"

IDEM

VERDADEIRO Em novembro de 2010, o Datafolha entrevistou 11.281 pessoas para avaliar o governo do presidente Lula no final de seu mandato. Nessa pesquisa, 83% responderam que o governo tinha sido "bom" ou "ótimo". No caso de São Paulo, especificamente, 2.114 pessoas foram ouvidas e 77% classificaram o governo do petista como "bom" ou "ótimo" –total um pouco inferior ao citado por Lula. A margem de erro no levantamento é de dois pontos percentuais.

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"O Moro reconheceu que não é meu [o tríplex]"

IDEM

EXAGERADO Lula tirou de contexto trechos da sentença em que o juiz Sérgio Moro o condenou por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, deixando de citar outras partes relevantes. Moro escreveu que não tinha dúvidas de que "o imóvel permanecia registrado em nome da OAS Empreendimentos S/A, empresa do Grupo OAS". Entretanto, pontuou que a acusação disse que o repasse do apartamento ao ex-presidente "teria ocorrido de maneira subreptícia (...) com o objetivo de ocultar e dissimular o ilícito". Em outras palavras, não se discutia se a titularidade formal era ou não da OAS, mas, sim, se o dono de fato era ou não Lula. Na conclusão, Moro escreveu: "o imóvel foi atribuído de fato ao ex-presidente desde a transferência do empreendimento para a OAS". A assessoria de imprensa de Lula declarou: "O juiz diz, textualmente, que o imóvel é da OAS. Lula inclusive provou que esteve uma única vez no imóvel por poucas horas para avaliar sua compra, jamais tendo dormido nele."


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