Folha de S. Paulo


Geraldo Alckmin é o gestor do blá-blá-blá, do cafezinho, diz Marinho

Avener Prado/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 09-11-2017: Luiz Marinho, candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PT durante entrevista na sede do partido, no centro de São Paulo. (Foto: Avener Prado/Folhapress, PODER) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
Luiz Marinho, candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PT.

Um dos mais próximos colaboradores do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o presidente do PT paulista, Luiz Marinho, diz que, se chegar ao Planalto, seu partido "vai encontrar uma forma de compor para ter sustentabilidade".

Para ele, Lula tem condições de chegar sem grandes composições ao segundo turno no ano que vem.
Sobre o eventual apoio de partidos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff, diz: "Se alguém rompe com o golpe e vem apoiar o Lula, por que seríamos contra o apoio ao Lula?"

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Folha - Como avalia a decisão do PC do B de lançar candidatura própria?

Luiz Marinho - É um posicionamento de firmar o partido no cenário nacional. Em todas as eleições, acaba acontecendo isso: dez pré-candidaturas acabam virando três, quatro. No segundo turno, as coisas se conformam em dois projetos.

Há quem diga que, por sua proximidade com o ex-presidente Lula, seja mais fácil demovê-lo de sair candidato ao governo do Estado.

Nossa estratégia durante os 37 anos foi subordinar as candidaturas à presidencial. Agora, uma candidatura presidencial pode ter mais de um palanque em cada Estado.

Acredita na possibilidade do PSB se somar a Lula em SP?

A não ser que mude o comportamento do partido, do [vice-governador] Márcio França, não vejo que seja a favor da candidatura do Lula, mas do [governador tucano, Geraldo] Alckmin. Para nós seria bom que o Márcio se descolasse e desse apoio a Lula.

O PSB apoiou o impeachment de Dilma Rousseff. O PT pode se aliar a esses partidos?

Se alguém rompe com o golpe e vem apoiar Lula, por que seríamos contra?

O Ciro Gomes disse que o PT confraterniza com golpistas.

O Ciro Gomes gosta muito de frase de efeito. E gosta de repreender frase de efeito dos outros. Não tem confraternização com golpista.

O Lula recentemente esteve com o senador Renan Calheiros (PMDB) em Alagoas e disse em Minas Gerais que perdoaria golpistas.

Por isso disse que é ruim quem gosta de frases de efeito ficar repreendendo frase de efeito dos outros.

O sr. acha que essa foi uma frase de efeito do Lula?

Provavelmente.

Qual deve ser a relação do PT com os partidos que apoiaram o impeachment?

Em São Paulo, que é minha seara, não tem relação com partido golpista.

Olha que depois aparece aliança com um PR da vida.

Não sei qual a posição do PR hoje. Mas, em relação ao impeachment, a orientação do PR foi votar a favor da Dilma. Teve pedaço do PR que apoiou o golpe. A direção nacional do PT vai no momento oportuno delimitar melhor a situação. Esse é meu aceno: diferenciar os partidos que efetivamente apoiaram o golpe no seu conceito e os partidos que não apoiaram e foram conquistados pelo governo golpista.

Para isso, Lula terá que ser candidato.

Qual a dúvida?

Se o Lula puder ser candidato, o senhor não teme que ele fique isolado?

Não acredito. Porque existem composições eleitorais e composições para governar. O partido vai encontrar uma forma de compor.

O sr. teme que a ética volte a ser tema e o PT seja alvejado?

O povo já se sentiu vitimado por essa ladainha da ética, da moral, e do impeachment da Dilma. 'Tira o PT e tira a Dilma que as coisas se resolvem'. E as coisas pioraram.

O sr. diz que Lula não precisa de aliança para se eleger. Mas o sr. precisa e os outros candidatos do PT também.

Necessariamente, não. O Lula pode nos liderar nesse processo. Em 2002, quase derrotamos o PSDB em São Paulo.

O PSDB continua no governo.

Mas produziu um cansaço. O Alckmin é o gestor do blá-blá-blá, do cafezinho. Promete quatro vezes a mesma coisa e não sai. O governo da enrolação. Queremos desnudar esse processo.

A Justiça aceitou denúncia contra o sr. por suspeita de irregularidades na construção do Museu do Trabalho.

Tenho absoluta convicção de que não houve nenhuma irregularidade no processo de licitação e construção do museu. Desafio qualquer um a provar que houve desvio nessa obra. Isso não passa de mais uma etapa do processo de perseguição contra o nosso partido.


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