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Rivais tucanos miram São Paulo na reta final da disputa

Pedro Ladeira/Folhapress
Marconi Perillo (à esq.) e Tasso Jereissati, que disputam a sucessão de Aécio no comando do PSDB
Marconi Perillo (à esq.) e Tasso Jereissati, que disputam a sucessão de Aécio no comando do PSDB

A duas semanas da convenção que renovará o comando do PSDB, a campanha tomou ares plebiscitários, entre "o partido de Aécio Neves", mais maleável e aberto a coligações, e o "PSDB cabeça preta", mais restritivo.

Os candidatos das duas alas, o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o senador cearense Tasso Jereissati, respectivamente, voltarão as atenções a SP nos próximos dias em busca dos votos indecisos e, especialmente, dos gestos de Geraldo Alckmin.

Tasso esteve com o governador paulista na quinta (23) e voltará a São Paulo na próxima semana, assim como Perillo, que estará na capital paulista na segunda-feira (27). Ambos dizem ter disposição de abrir mão do pleito caso Alckmin decida assumir o comando do PSDB.

Nome favorito entre tucanos para disputar o Planalto, Alckmin é instado a declarar publicamente se pretende, como fez Aécio, presidir o partido no ano da eleição.

O governador paulista, contudo, tem dito que não deseja acumular funções, ainda que reconheça os benefícios de controlar a máquina.

Enquanto paira a indefinição, a corrida entre Tasso e Perillo está apertada e os ânimos, acirrados.

"Há um projeto de mudanças, de correção de rumos. E outro, disputado por Marconi, que na prática é de Aécio. As torcidas do Atlético Mineiro e do Cruzeiro sabem que Aécio perdeu as condições e continua exercendo protagonismo", afirmou o senador licenciado Ricardo Ferraço (PSDB-ES), aliado de Tasso.

"Tem uma coisa chama 'semancol', conhece? Está faltando", reclamou.

"Senador Ferraço me conhece bem, pelo menos imagino, e sabe que jamais me sujeitaria. Tenho uma história no PSDB, vitórias em seis eleições em Goiás e muitas contribuições ao país", respondeu Perillo.

Tasso não aceitou bem sua substituição determinada por Aécio, presidente afastado do partido, pelo ex-governador paulista Alberto Goldman na presidência interina do PSDB e tem colocado obstáculos no diálogo interno.
Aécio se afastou em maio, envolvido no escândalo da JBS. Indicou Tasso para assumir interinamente.

Segundo interlocutores de Perillo, quando o mineiro se deu conta de que o cearense tinha intenção de se reeleger com uma bandeira de renovação e admissão de erros, passou a articular a candidatura do governador goiano, que não seria imediatamente associado a ele.

Perillo adotou tom tolerante quanto ao governo Temer e só veio a defender um "desembarque educado" recentemente, quando o calendário eleitoral e as pressões partidárias se tornaram inescapáveis.

VOTO A VOTO

Dada a crise no PSDB, a Executiva inovou no formato da convenção, prevista para ocorrer no dia 9. Desta vez, os delegados votarão duas vezes. Primeiro, na chapa do diretório, formado por 177 titulares e 59 suplentes. Goldman conseguiu formar chapa única.

Depois, escolherão o presidente. O vencedor levará 70% dos cargos da Executiva e o perdedor, 30%. Tradicionalmente, o voto é secreto.

No total, a convenção terá 580 delegados. Para se chegar a esse número, considera-se, por Estado, a soma de três fatores: 10% dos diretórios municipais registrados, duas vezes a bancada de congressistas e os membros atuais do diretório nacional.

Na contabilidade interna, Tasso tem certos 130 votos e Perillo, 200. Mas o senador cearense leva vantagem em praças importantes como Rio Grande do Sul e São Paulo.

Entre os paulistas, o goiano conta com 40% dos 135 delegados, o oponente tem ao menos 50%. A maioria dos 12 deputados tucanos paulistas apoiam Tasso. Perillo, porém, conta com Aloysio Nunes Ferreira, João Doria e José Serra.

Entre os gaúchos, a maioria está com Tasso, ainda que Yeda Crusius declare apoio ao goiano e leve consigo mais alguns votos. Em Pernambuco, o goiano deve ficar com 16 votos e o senador, 6, referentes ao cabeça preta Daniel Coelho e a Betinho Gomes.

Minas deve entregar quase todos os seus 77 votos a Perillo, assim como Santa Catarina (38), do líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer.

Já a Bahia (35) e a Paraíba (21) do senador Cássio Cunha Lima prometem apoiar Tasso.

Editoria de arte/Folhapress

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