Folha de S. Paulo


Para tucanos, saída de Bruno Araújo deve antecipar desembarque

Giuliana Miranda/Folhapress
Bruno Araújo se diz
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A demissão de Bruno Araújo do Ministério das Cidades foi interpretada por tucanos como uma antecipação do desembarque do PSDB do governo Michel Temer.

De acordo com integrantes do partido ouvidos pela Folha, a decisão do ministro é vista com naturalidade.

Araújo entregou nesta segunda-feira (13) uma carta de demissão ao presidente Temer. No documento, ele agradece ao partido e afirma que "não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa".

Desde semana passada, havia rumores dentro do partido de que o ministro poderia deixar o cargo. Em maio, logo após a delação do grupo JBS provocar uma crise no governo, ele chegou a estudar uma demissão, mas acabou convencido por outros ministros a permanecer na pasta.

Depois de avisar Temer de sua decisão, o tucano avisou a decisão à bancada do partido na Câmara, para onde voltará.

"Com naturalidade, esse é movimento que foi antecipado. O caminho do PSDB na convenção deve ser este, ajudar o país sem precisar dos cargos", disse o deputado Betinho (PSDB-PE).

Candidato à presidência do PSDB, o governador Marconi Perillo (GO) disse que a decisão de Araújo está de acordo com o que ele vem defendendo há dois meses, um desembarque "educado". "A saída do ministro Bruno Araújo está dentro da estratégia de sair de forma natural e elegante", disse.

O tucano soltou ainda uma nota dizendo que a saída do ministro "confirma seu irrestrito compromisso para com o partido que ele ajudou a construir". O texto elogia a atuação de Araújo à frente das Cidades dizendo que isso manteve o compromisso do PSDB de apoiar a transição de governo e a agenda de reformas.

"Com certeza este movimento já está sendo refletido pelos competentes, responsáveis, comprometidos e idealistas parlamentares tucanos Antônio Imbassahy e Aloysio Nunes", afirmou, deixando de mencionar a terceira ministra tucana, Luislinda Valois (Direitos Humanos).

"A decisão do ministro Bruno desmonta em definitivo a tese de que a convenção de dezembro se transformaria num falso plebiscito entre os que são contra ou a favor do governo Temer".

Líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), divulgou nota dizendo que a decisão do ministro "deve ser respeitada tendo em vista que, como deputado federal do PSDB de Pernambuco, ainda tem muito a realizar no exercício do seu mandato em favor de seu estado e do país".

REFORMA MINISTERIAL

O PSDB ainda ocupa outros três Ministérios: Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy) e Direitos Humanos (Luislinda Valois).

Vem crescendo internamente a opinião entre tucanos de que a legenda deve desembarcar do governo ainda este ano.

Esse posicionamento é feito tanto por Perillo quanto pelo ex-presidente interino da legenda senador Tasso Jereissati (CE).

Em meio à especulação de que Temer pode destituir Imbassahy do cargo, como defende o centrão, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse ter ouvido do presidente que as mudanças na Esplanada devem acontecer ainda este ano.


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