Folha de S. Paulo


Nomeação de Segóvia agrada a maioria dos sindicatos dos policiais federais

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Delegado Fernando Segóvia para falar a respeito da nova PEC-37 no programa Justiça Para Todos. Credito Divulgacao ADPF DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM
Delegado Fernando Segóvia, novo diretor da Polícia Federal

"O Fernando Segóvia é um homem de time." A definição do perito Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, sobre o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF) pode ser amplificada nos sentidos ou mesmo levada ao pé da letra. O delegado é o centroavante do time dos Veteranos da PF e nas peladas dos finais de semana veste a mesma camisa que os jogadores peritos, papiloscopistas, escrivães e agentes.

Fora do campo Segóvia é considerado de perfil agregador, adjetivo comum usado pelos policiais ouvidos pela reportagem. Ele frequenta os eventos das diferentes associações e cultiva amizades também fora do círculo dos delegados. "Ele é muito participativo, é simples, se relaciona facilmente com todas as categorias", diz Sandro Avelar, presidente da Fenadepol (Federação Nacional dos Delegados de Polícia).

Segóvia vai assumir a entidade num momento de animosidade entre delegados e os funcionários das outras carreiras da Polícia Federal. Nos últimos anos não foram raros os protestos em que agentes colocavam pianos de papelão e isopor em frente às delegacias para passar o recado de que carregavam o instrumento para que os delegados tocassem, mas não eram valorizados por isso.

O conflito ganhou evidência nas recentes trocas de farpas entre dirigentes da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) e da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que agrupa os interesses de todas as carreiras da PF. A pauta das entidades é sempre oposta.

Quando a ADPF reclamou o direito de participar das negociações das delações premiadas, a Fenapef apressou-se a lançar uma nota em sentido contrário. Atualmente, enquanto a associação quer a aprovação da PEC 412, que prega a autonomia da Polícia Federal, a federação luta para que ela seja rejeitada, com argumento de que traria insegurança à carreira do policial federal.

No ano passado, a ADPF fez uma consulta interna que resultou numa lista tríplice para o cargo de diretor-geral. O documento com o nome dos mais votados foi entregue ao presidente Michel Temer. Nele não constava o nome de Segóvia. Os outros sindicatos de policiais federais protestaram e não reconheceram resultado.

No mês passado as cinco entidades que representam as outras carreiras da Polícia Federal apoiaram uma outra lista tríplice onde constavam os nomes dos delegados Rogério Galloro, Luiz Pontel de Souza e Fernando Segóvia.

"O Ministro da Justiça viu o nome do policial federal escolhido pelo governo ser apoiado publicamente por várias entidades da PF. Isso trouxe conforto à escolha e, em paralelo, minou a tentativa da associação de delegados de impor um nome escolhido apenas por seus pares, que somam menos de 10% do efetivo da polícia", afirmou Luiz Antônio Boudens, presidente da Fenapef. "Temos um bom sentimento em relação a ele. O Segóvia pode ajudar a apaziguar as categorias", diz Marcos Camargo.

Não é só aos policiais que Segóvia agrada. Ultimamente ele vinha angariando simpatia em vários gabinetes do Congresso. Como comandou a Superintendência da Polícia Federal no Maranhão, seus pares o associam ao ex-presidente José Sarney (PMDB-MA). Ele também tem a simpatia da Maçonaria, segundo um grupo de delegados.

O nome de Segóvia já vem circulando há pelo menos quatro anos como substituto do diretor Leandro Daiello. A troca de governo e a desconfiança de que uma mudança fosse refletir na Lava Jato, porém, fizeram essa nomeação se arrastar. "Os policiais federais foram pegos de surpresa com a mudança. Embora a categoria mantenha as críticas da reserva de mercado da direção do órgão para os delegados federais, a escolha de Segóvia é adequada", disse Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (Sindipol-DF).

A ADPF divulgou uma nota pública em que deseja sorte e sucesso ao novo diretor-geral. A associação diz que tem como uma das suas principais bandeiras a mudança na forma de escolha do comandante da Polícia Federal, "sempre por meio de lista tríplice, votada pelos delegados federais integrantes da carreira, assim como vem acontecendo em outras instituições". "A entidade reafirma a disposição de dialogar e colaborar com o novo diretor-geral na busca do fortalecimento do órgão e aprimoramento dos mecanismos de combate à corrupção."

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