Folha de S. Paulo


Na Itália, comitiva de Maia participa de homenagem a militares mortos

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e a comitiva que o acompanha em viagem internacional participaram hoje de uma cerimônia, em Pistoia (Itália), em homenagem aos militares brasileiros mortos em batalhas da Segunda Guerra Mundial no norte do país europeu.

Em discurso, Maia disse que o Monumento Votivo Militar Brasileiro, construído nos anos 1960 em memória dos 465 combatentes que morreram na região, "é uma terra sagrada" e um pedaço do Brasil na Itália.

O embaixador do Brasil na Itália e ex-ministro de Relações Exteriores do governo Dilma Rousseff, Antonio Patriota, também participou da cerimônia e defendeu o estreitamento das relações bilaterais.

Por ano, 800 pessoas, em média, visitam o Monumento Votivo. O local, no entanto, saiu do roteiro dos governantes brasileiros. José Sarney e Fernando Collor de Mello foram os últimos presidentes que visitaram o memorial.

Maia foi o primeiro presidente da Câmara a realizar uma visita oficial, relatou o administrador do monumento, Mário Pereira, que, além de cuidar da manutenção, busca divulgar e manter essa parte da história do país viva.

INFLUÊNCIA

A parada de um dia na Itália teve influência do deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI), articulador político e um dos mais próximos de Maia.

O deputado piauiense tem vaga cativa nas viagens internacionais da Câmara e integra a caravana que viaja por quatro países nesta semana.

Nos últimos dois meses, enquanto buscava controlar as desavenças entre Maia e o presidente Michel Temer, Heráclito também atuou para que a comitiva fosse ao memorial.

Não foi a primeira vez que Heráclito esteve em Pistoia. Há mais ou menos dois anos, Pereira trabalhava no escritório, quando, de repente, viu, pelas imagens das câmeras de segurança, que um homem caminhava pelo local. Era Heráclito Fortes.

Os dois conversaram por quase duas horas, enquanto Pereira explicava parte da história de mais de 25 mil militares que participaram da Força Expedicionária Brasileira (FEB), da qual seu pai –Miguel Pereira– fez parte.

Heráclito, a princípio, não se apresentou como parlamentar brasileiro. Mas os dois continuaram em contato. O deputado queria saber se, entre os mortos, havia alguém do Piauí.

"Ele [Heráclito] disse que ia fazer alguma coisa para dar mais importância a essa história [representada pelo memorial]", contou o administrador. Até que, há dois meses, as conversas –que passaram a incluir a assessoria de Maia– trataram da ida da comitiva à cerimônia durante o Dia de Finados.

A Câmara dos Deputados realizou, em 2015, uma sessão em homenagem aos 70 anos da participação da FEB na Segunda Guerra Mundial. Heráclito discursou e contou sobre a viagem a Pistoia: "Fui lá por curiosidade e patriotismo e para procurar ver quantos piauienses tinham perecido nas terras italianas. Encontrei dois".

PARTIDO

Maia e Heráclito costuram a criação de um novo partido que integraria o DEM e dissidentes de outras siglas, principalmente o PSB.

A nova legenda, segundo a previsão de Heráclito, poderá alcançar uma bancada de 50 deputados até o fim do ano. "Ainda estamos discutindo o nome, mas o partido deve ser lançado muito em breve", disse à Folha.

Se a previsão se confirmar, a sigla teria mais cadeiras na Câmara que o PSDB atualmente.

DINHEIRO PÚBLICO

Essa viagem tem sido duramente criticada por acontecer em um momento crítico da política brasileira e pelo fato de ter sido custeada pelos cofres públicos.

A comitiva, à qual se agregou a mulher de Rodrigo Maia, formada por Baleia Rossi (PMDB-SP), Marcos Montes (PSD-MG), José Rocha (PR-BA), Alexandre Baldy (PODE-GO), Benito Gama (PTB-BA), Cleber Verde (PRB-MA), Heráclito Fortes (PSB-PI), Orlando Silva (PC do B-SP) e Rubens Bueno (PPS-PR), hospedou-se no David Citadel, hotel cinco estrelas em Jerusalém cuja diária gira em torno de R$ 1.400 por quarto.

Os trajetos aéreos estão sendo realizados com um avião da FAB. O valor de uma passagem aérea com o trajeto São Paulo - Tel Aviv - Roma - São Paulo (sem incluir Portugal) teria o custo de R$ 28.500 em classe executiva, de acordo com o site da companhia Air France.

Além do custo aéreo da FAB, o dinheiro público envolvido na viagem inclui diárias para bancar hospedagem, transporte local e alimentação. Ela é de US$ 428 (R$ 1.408) para cada um dos deputados. Devido ao seu cargo, Maia tem direito a um valor maior: US$ 550 (R$ 1.808) –na semana passada, a assessoria de Maia afirmou que ele decidiu abrir mão do recebimento das suas diárias.

Ao todo, cada deputado receberá US$ 2.750 (R$ 8.921). Ou seja, só as diárias, somadas, custarão quase R$ 90 mil aos cofres públicos.

ROTEIRO

Da Itália, a comitiva liderada por Maia segue para Lisboa, onde há encontro com diplomatas brasileiros e uma palestra de encerramento do 4º Seminário Internacional de Direito do Trabalho.

O sábado é reservado apenas para "agenda privada" em Lisboa.


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